quarta-feira, 29 de junho de 2016

Ciclope: Dormindo com o inimigo (...ou melhor, na nave dele)

Desde que Ciclope (o do passado) resolveu embarcar em uma viagem espacial com seu pai Corsário e os Piratas Siderais, o jovem já passou por experiências emocionantes – algumas bem divertidas, outras nem tanto. O que ele não esperava era ter que amadurecer como um pirata espacial na marra, e com professores um tanto inusitados...



O segundo arco da série solo do X-Man vindo do passado foi publicado nas edições 024 a 028 e 031 de X-Men. Logo de cara, já descobrimos que a equipe criativa mudou: agora, John Layman está no roteiro, e Javier Garrón na arte. Felizmente, ao contrário do que acontece muitas vezes nesses casos, a mudança não trouxe uma queda de qualidade nas histórias, que continuam divertidas e cativantes.

Falando da história, tudo começou após Scott e seu pai serem resgatados pelos Piratas Siderais no final do arco anterior. Para se aproximar de todo mundo, ele tentou se envolver mais nas atividades da nave, mas sua falta de experiência levou a uma série de erros. Um deles, a falta de atenção no rastreamento dos arredores da nave, acabou sendo grave: todos acabaram sendo capturados por outra nave pirata, a Desolação – e seu líder, Valesh Malafect, era um inimigo mortal do Corsário.

Para tentar salvar alguém (e com seu instinto paternal falando alto), Corsário decidiu fingir que Scott não só não tinha parentesco com ele, como nem era alguém de quem os Piratas Siderais gostassem. Pai e filho brigaram para valer, e tanto empenho funcionou para enganar Malafect, que acabou recrutando Ciclope para sua tripulação pelo seu poder de disparar rajadas ópticas, enquanto Christopher tornou-se seu prisioneiro e Hepzibah, Raza, Chod, Sikorsky, Cree e Korvus (que eu ainda não sei como foi parar nos Piratas Siderais, considerando que ele saiu de Utopia para liderar outro grupo de piratas espaciais da última vez que o vimos...) foram abandonados numa cápsula espacial para morrer.



Com isso, o jovem mutante ficou em uma situação difícil, tendo que fingir o tempo todo que era aliado de seus inimigos. Mas isso não abalou Ciclope, que até conseguiu tirar proveito da situação para aprender sobre as áreas da Desolação, enviar um sinal às escondidas para que alguém resgatasse a cápsula com os Piratas Siderais (o que deu certo; pena que eles acabaram resgatados por caçadores de recompensa interessados em vendê-los...) e conhecer melhor seus novos colegas, que ensinaram-no a viver como um verdadeiro pirata espacial impiedoso. Alguns deles fizeram isso da pior forma possível, como Zebble, que tentou matá-lo na primeira oportunidade. Outros deram ajudas melhores, como Kratyr – que matou Zebble ao presenciar a cena. E, no fim das contas, Scott acabou se tornando o subalterno favorito de Malafect.

Claro que ele aproveitou essa oportunidade para se oferecer como torturador do Corsário: sozinhos na sala, enquanto Christopher berrava, os dois na verdade colocavam a conversa em dia, treinavam as habilidades do jovem mutante e garantiam que o pirata recebesse os remédios que o mantêm vivo enquanto eles pensavam em uma forma de escapar. A oportunidade finalmente surgiu quando, ao pesquisar por que os Shiars estavam interessados em algo conhecido como "Vórtice", a tripulação da Desolação acabou caindo em uma emboscada, dando a oportunidade perfeita para Ciclope e Corsário escaparem.



O que Scott não esperava era que, àquela altura, ele realmente tinha se afeiçoado aos seus "amigos". Por isso, desafiando qualquer bom senso, os dois voltaram para ajudar o grupo de Malafect a vencer seus inimigos. Com isso, graças à ética dos piratas, Malafect estaria em dívida com eles e ambos poderiam partir em paz...

...se não fosse por Vileena, filha do vilão. A garota estava perdidamente apaixonada por Scott e, ao descobrir que ele pretendia fugir o tempo todo, descobrimos que ela é ainda mais perigosa que o pai, facilmente ordenando a execução de qualquer ex-namorado que ela considere que a tenha decepcionado. Pela dívida, Malafect optou por vender pai e filho a escravagistas. Se vocês pensaram que isso significa que os dois foram parar no mesmo lugar que os outros Piratas Siderais, vocês pensaram certo (parece que o jovem Scott é mais sortudo que o Longshot!).



Claro que os heróis conseguiram fugir, mas não sem antes serem emboscados por Vileena (ainda com sede de sangue) e Malafect. No fim das contas, a sede de sangue acabou sendo a perdição da jovem, que ao tentar matar seu ex-amado, acabou acidentalmente matando o próprio pai. Mesmo assumindo o posto de capitã da Desolação, isso só aumentou seu desejo por vingança – supondo que algum dia algum outro roteirista decida tirá-la do limbo editorial, aí está alguém com potencial para se tornar uma vilã de peso.

Seja como for, tudo está bem quando acaba bem... só que ainda não acabou: após retornar para sua nave, os Piratas Siderais captam uma transmissão sobre o "Vórtice" e decidem ir atrás dele, seja ele o que for. A continuação, vocês acompanham na saga O Vórtice Negro.

Para minha surpresa, apesar de inicialmente ter achado péssima ideia separar Ciclope dos outros Novos X-Men e de normalmente não gostar de histórias espaciais, a série solo do personagem se mostrou surpreendentemente envolvente. Leve, despretensiosa, cheia de personagens interessantes (inclusive os vilões, que têm mais personalidade que muitos outros personagens por aí) e com um excelente desenvolvimento do jovem Scott Summers, que se mostrou muito mais carismático do que o Scott Summers do presente nos últimos tempos – e muito mais carismático que a maioria dos X-Men atuais e do passado também (não que isso seja difícil com as briguinhas infantiloides entre os X-Men da Nova Escola Xavier e os da Escola Jean Grey, ou com a Jean do passado tomando atitudes cada vez mais detestáveis). Não sei quanto a vocês, mas para mim, valeu a leitura de cada edição.

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