quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

X-Men: Começa o Cisma

Na revista X-Men 131, chega ao Brasil uma das últimas grandes sagas da Marvel: O Cisma mutante (originalmente chamada de Schism). A saga causou grande rebuliço quando lançada nos Estados Unidos e trará consequências importantes para o universo mutante e, futuramente, influenciará a próxima grande saga que envolve todo universo Marvel. Ou seja, é de fato um marco nas HQs dos X-Men, leitura não só obrigatória para marvetes como muito bem engajada e agradável. O roteiro das 5 edições é de Jason Aaron, e a arte de cada uma é feita por um desenhista (começando as duas primeiras publicadas por Carlos Pacheco e Frank Cho). Como o nome já revela, uma ruptura ocorrerá nos X-Men e ninguém vai poder ficar em cima do muro.

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Segundo o dicionário: Cisma [Do gr. schísma, pelo lat. tard. schisma.] Substantivo masculino. 1.Separação do corpo e da comunhão de uma religião. 2. Dissidência de opiniões. Cisma não é apenas uma ruptura, é uma divergência relacionada à opinião e autoridade. A mais referida e conhecida é o cisma da igreja católica que dividiu os cristãos católicos dos cristãos ortodoxos. Isso porque uma parte destes passou a não aceitar a autoridade do Papa. Ou seja, uma espécie de “rebelião” contra uma autoridade por divergência de opinião. O que isso tem a ver com os X-Men? Bom, eles são uma nação que vivem sob a coordenação de Scott Summers. Ciclope é o “papa” mutante, o líder deste povo. Não é preciso dizer, então, que alguém vai discordar da forma como Scott está liderando e criar um racha nos X-Men. O que exatamente vai acontecer, ainda não fica claro nas duas primeiras edições publicadas, mas algo já começa a ser esboçado.

O cenário da ruptura envolve uma nova formação de vilões: um novo clube do inferno. Porém, seus novos componentes são bem diferentes do que costumamos ver, são crianças. Não crianças comuns, são crianças horripilantemente más, corruptas, violentas, e mais todos os adjetivos que um bom vilão poderia ter. É de certa forma aterrorizante, já que não é habitual ver crianças nestes papéis, embora talvez até existam (respeitadas devidas proporções) na vida real. É uma fórmula conhecida de Hollywood, porém, colocar crianças em papéis assustadores de vilões em filmes, o que torna o vilão mais assustador. Talvez pela inocência perdida, talvez porque ver uma corrupção da infância seja drástico demais, não sei. Isso daria um artigo só para tentarmos entender esse aspecto; contudo, o que nos importa aqui é que crianças como vilãs são piores que adultos e essas o são. Estes jovens são liderados pelo novo Rei Negro de apenas 12 anos de idade, Kade Kilgore. Kade orquestrou a tomada de poder na empresa do pai e sua morte, executada por ele mesmo. Além disso, organizou outros planos malignos contra os X-Men por uma razão ainda obscura nestas edições, provavelmente ligada à busca de poder.

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Uma de suas artimanhas foi libertar Quentin Quire de Utopia, onde se encontrava incorpóreo desde a era Morrison, mas assumiu novamente seu corpo, graças a Kade que orquestrou tudo sabendo o que Kid Ômega faria com a liberdade, nem mesmo se revelando seu libertador, fazendo parecer acidente. E o que Quire faz é um ataque terrorista em uma convenção de paz onde Summers discursava: ele domina as mentes de políticos internacionais e os faz dizer as verdades mais sujas e segredos mais perversos que mantinham em voz alta. Lá, Ciclope havia ido fazer um discurso pedindo que qualquer país que mantivesse Sentinelas os destruísse ou desativasse, alegando que os mutantes não eram mais ameaça, eram poucos e não podiam contar com armas de genocídio por aí. Bom, depois disso, Quire fez o que fez como Kade esperava e o mundo inteiro passou a reconsiderar (se é que chegou a desconsiderar) os mutantes como ameaça de alto nível. Com isso, todos os países começam a colocar em funcionamento seus Sentinelas que juravam não ter. Tudo de acordo com os planos do Rei Negro. Ainda como esperado por Kilgore, estes sentinelas não estavam em boas condições depois de tantos anos, e a maioria se mostrou defeituosa, atacando qualquer um em sua frente e fora de controle, o que causou um caos pelo planeta.

E lá estavam novamente os X-Men protegendo, ajudando a população que os temia e odiava e pretendia matá-los. Como nos velhos tempos... Tentando acalmar a histeria anti-mutante que domina o globo, um museu da história mutante em São Francisco é inaugurado com a presença de membros dos X-Men. Não quaisquer membros, só os mais poderosos, em uma tentativa de mostrar ao mundo com quem estão lidando. Como disse Wolverine, não é uma comitiva de paz coisa nenhuma, é uma amostra de poder. Contudo, o Clube do Inferno tem planos para essa festa e em posse de parasitas extraterrestres e muito poder de fogo, estão prontos para invadir o local (o que só acontecerá na próxima edição).

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Que existe muita coisa acontecendo é claro, mas onde está o cisma nesta bagunça toda? Pelo que vimos do significado da palavra, alguém ou um grupo não vai concordar com a forma que o líder Ciclope está lidando com toda esta situação. De fato, a personalidade do personagem vem desde a era Morrison se moldando diferente do que costumávamos ver dos anos 90 para trás. Uma evolução do caráter de Summers devido a todos os acontecimentos a sua volta. Muitos fãs não gostam de mudanças em seus personagens queridos, porém, uma personalidade que se mantém inabalável diante do que o herói vem passando e fazendo seria não natural. Scott segue o rumo natural de uma evolução desde que se envolveu com Emma, se afastou de Xavier, perdeu Jean, criou a X-Force, criou Utopia, etc. E, por isso, aparenta uma frieza ou dureza maior do que o Ciclope da escola Xavier. De fato, durante o roteiro de Aaron vemos um Ciclope mais enrijecido, desesperançoso e militar. Não poupando nenhum aluno da dura verdade do mundo lá fora, tratando-os como soldados. Eles estão sendo atacados, estão de frente com uma nova onda de histeria anti-mutante e ele já viu isso demais em sua vida. Além disso, uma decisão complicada teve de ser tomada quando Quire aparece em Utopia requisitando asilo como mutante. Ele esconde a presença do meliante de Steve Rogers, e mente para o chefe da S.H.I.E.L.D., alegando para Logan que o menino será julgado, mas por seus similares, ou seja, mutantes.

Wolverine, que não vem gostando das atitudes de Summers e queria entregar Quentin para o Capitão América, obedece. Afinal, ele sabe ser soldado, mas começa a se incomodar. Cansou de ver as crianças perderem sua infância porque são mutantes. Isso se manifesta bastante em um relacionamento parental que surge com Idie. Da mesma forma que cuidou de Jubileu e Kitty, ele se apega à menina e tenta dar a ela um mínimo de infância dando-lhe uma boneca e companhia. É uma forma de perda de infância diferente que a dos membros do Clube do Inferno: Idie foi caçada como bruxa onde vivia desde pequena devido a seus poderes mutantes. Sofreu demais e cresceu rápido, mas ainda em conflito com a simplicidade de menina que Wolverine enxerga e de que tem uma certa pena, uma vontade de ajudá-la a não perder. Contudo, a perda da inocência, abordada aqui de diversas formas, seja pelos caçadores ou pelos caçados, traz consequências à personalidade de formas inimagináveis e Logan (que sabe isso muito bem) não quer mais ver seus alunos passarem por isso. Chega um momento que não dá pra ser general e professor ou soldado e aluno ao mesmo tempo... e o desenrolar deste conflito veremos ao longo desta saga de 5 edições e muitas consequências.

Cammy

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