quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

X-Men - Cisma: De volta pra casa

As consequências dos planos do novo Clube do Inferno começam a tomar forma e as consequências serão maiores do que se imagina. Além da destruição causada, uma divergência latente se torna cada dia mais real e os X-Men nunca mais serão os mesmos depois que o Cisma vier à tona. Em meio a elementos novos e novos personagens trazendo consequências que mudaram os rumos da equipe, antigas histórias e contextos se repetem.

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Como vimos, diversos países que resolveram ativar seus Sentinelas, enfrentam problemas de mau funcionamento e os X-Men se espalham pelo globo para ajudar as pessoas que queriam mata-los. Ao mesmo tempo, uma inauguração do museu de história mutante em São Francisco recebe visitantes ilustres que nada mais são que uma exibição de poder de fogo feita por Scott Summers. Os mais poderosos dos X-Men num mesmo local. Não por coincidência o novo (e bota novo nisso) clube do inferno, composto por crianças de dar medo em qualquer vilão, ataca o museu e nocauteia os mais poderosos da equipe mutante com larvas alienígenas que os colocam inconscientes. Ao saber dos problemas no museu, restando poucos reforços disponíveis, Ciclope deixa Utopia e Wolverine deixa sua amargura no bar para ajudá-los, mas eles não chegaram a tempo. Resta consciente no local, apenas a pequena Idie, que, escondida, pergunta via conexão telepática o que fazer.

É neste ponto que o Cisma começa mesmo. A ordem do Scott é que Idie veja o que acontece e impeça a aparente implantação de uma bomba que mataria todos os civis do local. Wolverine (também em conexão telepática) implora para que a menina fuja e deixe que eles resolvam. Eles, de fato, não chegariam a tempo, e Idie resolve “fazer o que acha certo” como ordena Ciclope. Ela salva a todos os civis e impede que o clube leve os X-Men, mas a um tremendo custo. Para tal, ela matou capangas do clube do inferno e nunca mais se é criança depois de matar alguém. Ela ainda alega pra Wolverine (que desenvolve um carinho paternal pela menina) que ela lida melhor com o que teve que fazer que seus amigos lidariam, afinal, ela já se aceitou como monstro. Drástica a fala dela, drástica pra Wolverine que cada momento mais repudia o rumo que os X-Men tomaram e amaldiçoa Summers por coloca-la naquela posição.

Se, por um lado, aquelas crianças do clube do inferno são tudo que uma criança não deveria ser, Idie também tem sua parcela de perda de infância: ela se considera um monstro; já matou pessoas (mesmo que para salvar outras); não brinca, treina; está em situações de vida ou morte com frequência; passa pela imagem da primeira formação de X-Men, ainda jovens, e se pergunta por que eles sorriem. Não existe alegria ou leveza na infância de Idie, não existe ser aluna, só soldada. E a facilidade com que ela aceita isso, porque nunca soube o que perde, é mais assustador ainda pra Wolverine que vê na jovem a falha que eles cometem com seus alunos atuais.

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Voltando aos acontecimentos. Ao chegarem ao local do museu, onde o caos domina e Emma, Namor, Magneto, Colossus e Homem de Gelo encontram-se nocauteados, Wolverine e Scott percebem que a bomba não era uma bomba. O dispositivo começa a atrair tudo que é de metal e formar um Super-Sentinela. Dr. Nêmesis e Jeffries são convocados para tentar entender, enquanto Wolverine e Ciclope tentam pará-lo, em Utopia, Dra. Rao tenta descobrir como retirar as lesmas alienígenas das cabeças das vítimas. Jeffries então percebe que dentro de uma estrutura muito simples, não existe um reconhecimento de mutantes como os sentinelas “normais”, mas apenas um alvo: Utopia. Todo o plano do clube do inferno faz sentido agora, e a lógica da construção dele é bela. É graças a eles que Quire aterrorizou em uma convenção de paz e as nações de todo o mundo resolveram reativar sentinelas que, graças a eles, não funcionavam direito. Graças a eles, então, grande parte de toda equipe dos X-Men está espalhada mundo afora combatendo estes sentinelas. Graças a eles, a equipe mais poderosa dos mutantes está inconsciente pelo ataque ao museu e graças a eles, um super-sentinela gigante simples e prático (que já recebe pedidos de compras) está rumando a uma indefesa Utopia.

Não tão indefesa, Esperança e sua equipe dizem pra Ciclope que eles conseguem defender a ilha. Summers chega a se iluminar e ver a esperança (sem trocadilhos), porém Logan não vai deixar isso acontecer. Ele teve suficiente, não quer que os alunos façam mais nada como soldados e arrisquem suas vidas. Ele tem bombas implantadas pela ilha e basta acionar o botão em sua mão e ele, a ilha e o sentinela vão pelos ares, os outros devem evacuar. Scott não aceita, se fugirem agora, fugirão pra sempre. Logan quer que os alunos sejam alunos. A discussão é longa e vira luta. Enquanto Wolverine e Ciclope brigam entre si por causa do detonador, são as crianças que derrotam o sentinela. Pronto, dia salvo... e só o dia, porque a relação entre Wolverine e Scott nunca mais seria a mesma depois dali.

Em mais uma discussão, Summers diz que estar no lugar dele não é fácil, ele tem que tomar decisões difíceis e Logan não faria melhor. Mas Wolverine não quer o lugar de Scott, ele não quer mais Utopia, ele não quer mais exército à beira de extinção, ele quer uma escola, como sempre foi. E decide ir embora, quem quiser que vá com ele. E muitos vão, muitos alunos e alguns X-Men o seguem e Quire é levado junto em segredo também. Logan não vai interferir em como Scott lidera Utopia, se Scott não interferir em como ele lidera em outro lugar. Eis a cisma. Ao londo, os demais X-Men escolherão que futuro querem viver e se dividirão também. Lembram que expliquei no artigo anterior que cisma não é apenas uma ruptura, é uma divergência relacionada à opinião e autoridade? Pois bem, não é apenas uma ruptura entre equipes de X-Men e sim uma nova forma de ser X-Men. Na verdade, um retorno à velha forma de ser X-Men, em uma escola, com professores e alunos... e infância. Chegando ao seu destino, a antiga mansão-escola em ruínas, Idie pergunta se ela dividiu os X-Men e Wolverine a diz que não, “ela só os levou de volta pra casa”.

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Interessante observar a repetição da história: não sei se foi a precisa intenção de Jason Aaron, provavelmente, mas há algo de saudoso em dois amigos, companheiros, mutantes com pensamentos discordantes; que viam o destino da sua espécie de formas diferentes; que queriam rumos diferentes em relação aos mais jovens. Um queria uma equipe bélica, preparada para as ameaças que o mundo lhes impunha, que se unissem como espécie atacada e soubessem se defender acima de tudo. Outro, que cansado de tanta guerra quer um futuro mais calmo, mais tranquilo para estes jovens que não tem culpa do mundo que vivem, quer prepará-los para vida e não para guerra. Amigos que resolvem tomar rumos diferentes e, a princípio, respeitar ambas decisões. Lembram de uma história parecida? Sim, estou falando de Magneto e Charles Xavier. Não, não estou dizendo que Scott é como Magneto e Wolverine como Charles, aliás, as personalidades e experiências de vida são muito diversas entre os personagens atuais e os do passado, mas o contexto é semelhante e, desta vez, estamos vendo o desenrolar dele, ao contrário dos do passado que nos é contado por retcons.

Outra semelhança interessante é que Jason ainda repete o contexto inicial de 1960, como se fosse algo cíclico. O estranhamento com a humanidade, o medo causado nos civis e a reação das nações com Sentinelas, tudo isso já aconteceu uma vez. Aaron, aliás, traz esse contexto de forma tão natural e detalhada em seu roteiro extremamente linear que não tem como não soar algo que ambos personagens fariam mesmo. O autor conduz sua história de forma que as razões de ambos os lados sejam tão evidentes que não existe um certo e outro errado, apenas uma divergência. Se os destinos serão os mesmos dos personagens do passado, de inimizade e lutas travadas, só o tempo dirá, por agora, a única coisa que se sabe é que os outros terão de decidir de que lado estão. E você, de que lado está?

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Cammy

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