quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Loki inicia sua Jornada ao Mistério

Loki

Loki é Loki. Mesmo com tantos disfarces, já que é bem conhecido por um competente transmorfo, poder bem próprio de um Deus da Trapaça, sua essência sempre foi a mesma. Porque seria diferente agora que ele veste a pele de um cordeiro? Ou melhor, de uma criança. Dá pra confiar? Bem, Kieron Gillen vai abordar isso em Avante, Vingadores 56, que foi lançada em Novembro, uma edição especial com nove histórias não só completamente ligadas a Essência do Medo, como até mesmo clareando boa parte do que há por trás dos panos desta saga.



Como todos sabem, Loki se sacrificou no final d’O Cerco. Suas intenções por trás disso, não são bem claras, já que ele anteriormente havia armado uma tramoia com Mefisto e Hela, impedindo assim que de fato morresse. Assim, não demorou muito para ele ressurgir, só que para surpresa de todos como uma criança, com nenhuma memória do seus feitos adultos. Todavia, como bem sabemos, Loki sempre deixa cartas escondidas nas suas mangas e foi assim que ele acabou deixando uma leve pista para seu futuro eu seguir.

Loki


Numa narração digna das histórias de Simonson, vemos uma cadeia de eventos narrados de forma épicas acontecendo desde a morte do velho Loki até seu renascimento, quando apenas um pássaro, uma pega,  de sete outras, chega viva até o novo Loki e o entrega uma chave. Desta chave, Loki desvenda uma série de mini desafios (como numa caça ao tesouro) até chegar ao um lugar escondido de todos os outros onde o velho Loki havia deixado uma mensagem, gravado numa espécie de “essência” do seu velho eu. Lá, ele explica suas intenções ao morrer, justificando que seu caminho como um vilão previsível tinha colocado-o num beco seu saída e que como Deus das Traquinagens, ele deveria agora seguir um novo caminho, talvez, o heroísmo, algo imprevisível. Assim, ele saiu do caminho para um novo Loki, ressurgido de um época onde ainda não foi contaminado pela mesquinhez e inveja, havia surgido. O Jovem Loki aceita o desafio, mas antes faz um truque com o pouco conhecimento de magia que tem ainda, e transforma aquele “Eco” do Loki do passado em uma pega, para que lhe seja conselheiro de malícias. Seu nome será o inverso do seu, Ikol.

Loki


E nessa nova estrada para seguir, o Jovem Loki já tem um grande desafio pela frete. É quando acontece os primeiros eventos d’A Essência do Medo, e Odin prende seu irmão Thor e começa o exílio dos asgardianos para fora da Terra. Começa a construção de armas e os exércitos a serem preparados. Disposto a ajudar, Loki pretende lutar em outro “campo de batalha” que lhe é mais familiar. Primeiro, é preciso conhecer a verdade sobre A Serpente. Para tal, Ikol não tem conhecimento, mas aconselha o jovem a buscar na árvore da vida. E assim, ele parte, descobrindo os horrores do passado e do que há por vir. Chorando, mesmo que temporariamente, Loki sabe o caminho tortuoso que terá que trilhar para derrotar o inimigo. Mas antes, deve consultar seu irmão mais velho numa dúvida. Thor estaria disposto a deixar um mal acontecer em troca de impedir um maior? O sim do irmão era a resposta que Loki precisava para trilhar sua jornada.

Loki


O caminho é longo e tortuoso e para tal aventura Loki precisará de companheiros. Thor o adverte que sendo Loki, nenhum homem bom o seguirá. O irmãozinho então diz que terá que se contentar com os maus, então, mesmo que alguns sejam forçados a ajudá-lo.
E esse é o caso do primeiro aliado, o Lobo de Hel. A medonha criatura, presa pelos asgardianos, é solta por Loki de sua prisão, mas acaba sendo obrigado a obedecer o infante asgardiano quando esse lhe põe um literal cabresto, as cordas das montarias de Thor, Tanngnost e Tanngrisni, que eram capazes de domar as mais intempestivas das criaturas.

Loki

Assim, após ajudar Thor a escapar (como vimos na minissérie principal), Loki segue seu caminho montado no Lobo de Hel para a própria Hel, onde pretende armar um verdadeiro jogo de cartas marcadas para impedir que a Serpente ganhe mais poder ao se aliar a outros demônios. Lá, ele se encontra com Tyr, seu segundo grande aliado nesta empreitada, que apesar de ter se tornado um amante de Hela, ainda parece ser fiel a Asgard. Junto com o Deus da Guerra, Loki consegue fazer um jogo duplo que coloca Mefisto e Hela em pé de Guerra.


Loki

A situação se torna delicada no inferno, dando tempo de Loki pensar em um jeito de impedir que Hela se alie a Serpente. E, com o reino de Hel afastado de sua liderança, ele consegue se infiltrar nos aposentos do emissário da Serpente está e a mata, roubando assim informações cruciais dos verdadeiros planos de Cul. Com as provas de que Hela seria traída, o pequeno Loki consegue não só uma trégua entre os dois demônios, como também mais ajuda em sua empreitada. Mefisto o concede mais uma vez algumas das Dísir, que são as Valquírias Mortas que o próprio Loki negociou com o demônio tempo atrás. Já Hela, lhe concede tanto Tyr, quanto a menina Leah, que nada mais é que uma “salva-guarda” da própria Hela (percebeu o anagrama?) assim como Ikol é de Loki.

Loki


Com essa trupe formada, Loki agora vai em busca da força bruta necessária pra fazer frente a Serpente. Assim, o pequeno Deus da Trapaça sacrifica um de seus aliados, o Lobo de Hel, para ir parar no Limbo (algo que ele se arrependerá já que o lobo jurou servi-lo apenas na vida, e não depois de ser morto). No Limbo, vemos mais uma vez o rosto de Balder, preso naquele lugar desde a invasão do exército de Uthana Thoth. Todavia, quem Loki busca ali no Limbo é outro, Surtur, o demônio incontrolável que é predito por causar o ragnarok em Asgard.

Loki


Ao ver o pequeno Loki, a reação de Surtur é esganá-lo, já que sempre sai se dando mal nos inúmeros acordos que faz com Loki. Todavia, aquele é um Loki diferente, assim jura o menino, e ele promete um acordo justo ao demônio. Ele dará uma Asgard para a entidade destruir e o soltará. Em trocar, Loki quer a “Sombra da Espada de Surtur”. Depois de muito ponderar, o acordo é feito e assim o pequeno deus tem a primeira arma física pra sua “guerra”.

A saída do Limbo não é tão complicada quanto parece. Loki consegue partir pelo mesmo caminho que o Pai de Todos fez, pela Esquife do Sono de Odin. A cara do Anão que acabou de reformá-la é hilária, ao ver algo batendo na porta do caixão onde antes não havia nada e de lá liberando um menino. Ainda na própria Asgard, Loki vai em busca de mais um aliado, um que é mantido em segredo (mas que veremos que o vinha ajudando nas suas traquinagens em segredo até então). E esse aliado simplesmente rouba a armadura do Destruidor, algo que imediatamente irrita Odin (que também já imagina que Loki esteja envolvido nessa). Contudo, o pai de todos não tem tempo para isso agora, já que está prestes a invadir Asgard com seu exército.

Loki


Agora, finalmente, Loki e seus companheiros estão prontos para invadir a Fortaleza d’A Serpente, que segue rumo a Broxton. Junto ao pequeno estão quatro dísir, Tyr, Hela e o Destruidor. E isso não é algo fácil de se fazer. Até mesmo as invulneráveis valquírias mortas são feridas pelos aliados da Serpente, pois a magia deste é antiga. Contudo, Loki realmente conseguiu reunir um bando de pesos pesados e isso o leva finalmente onde quer, no antro da Fortaleza antiga, um velho livro onde profecias são escritas. É a vez de Loki desembanhar a Sombra da Espada Crepúsculo de Surtur, que diferente de lâmina, tem o poder da grafia, pois é uma pena de escrever.

Loki


E então, enquanto a batalha dos heróis a Terra se desenrola, Loki faz seu trabalho, adiciona ao passado da Serpente uma história inexistente. Faz com que o garoto que apenas tinha uma história de tragédias e tornou-se uma alma endurecida, tenha conhecido o amor. Fez com que ele conhecesse uma menina, que tratou de suas feridas quando espancado por Gigantes, e simplesmente a tirou do jogo quando ele se curou. Assim, um novo item, o amor, foi adicionado a história do irascível Cul, irmão de Odin, lhe dando uma fraqueza.

Loki


Foi desta maneira que o imbatível Deus do Medo, durante a luta contra Thor, se tornou outro Deus, com lembranças que enfraqueceram seu rancor. Foi assim, que o Deus do Trovão teve uma chance de derrotá-lo (mesmo isso custando também sua vida). Foi assim que a profecia se fez, Loki e sua trupe foram os grandes vencedores, apesar de ninguém realmente depois saber de seus grandes feitos. Foi assim que Thor deu nove passos pra trás (ou seria os noves aliados daquele grupo que mudaram o passado numa bela simbologia?).

Antes do fim, temos algumas promessas sendo pagas (em parte). Loki finalmente libera Surtur, mas entrega a ele não a Asgard que ele queria, mas sim a Fortaleza, também conhecida como a Asgard Sombria, na qual ele acaba se contentando a ir a desforra e causar destruição. Contudo, um Surtur agora solto será em breve um problema a se lidar. Contudo, Loki parece ter algo na manga pra isso (ao menos, é o que parece já que acaba filmando o Surtur livre com seu starkfone. Os demais seguem seus caminhos de volta – Leah e Tyr para Hel, as Dísir para o inferno de Mefisto, o Destruidor é entregue misteriosamente de volta para Asgard. Já Loki (e Ikol) tem uma nova e imprevisível jornada pela frente.

Loki


Antes de findar essa maravilhosa história, seria bom falar de dois complementos que quase servem de interlúdio e prelúdio, respectivamente, do arco. No primeiro, temos uma edição completamente focada no Mefisto, muito bem escrito pelo Gillen, que coloca um desolado diabo lamentando como é complicada sua vida toda vez que um “demônio maior” como a Serpente, surge. No outro, é finalmente revelado quem é a identidade misteriosa que comanda o Destruidor no combate final. Trata-se de ninguém menos que Volstagg, que desde o começo dessa história mostra-se simpático ao novo Loki. Nessa curta história, Volstagg é resgatado da árvore da vida onde estava até tudo se concluir (longe das vistas do Heimdall). Quando volta pra casa, revendo mulher e um infindável número de filhos, o volumoso reconta de um jeito engraçado como foi todo esse arco segundo sua perspectiva (floreado de um jeito bem próprio do gorducho).

Loki


Originalmente publicada em Journey into Mystery 622 a 630, essa história escrita por Gillen e repleta de artistas convidados – como Doug Braithwaite, Richard Elson e Whilce Portacio – é um deleite para os fãs das clássicas historias mitológicas o Thor, além de até deixar curiosamente mais interessante a minissérie principal da Essencia do Medo. O roteiro de Gillen aqui é solto, de pensamento ligeiro, algo que o coloca em outro patamar (bem diferente do que vemos em X-Men). Trata-se do melhor tie-in que já li desta trama.

Por outro lado, o Kid Loki (que venho chamado de Jovem Loki aqui) é um personagem ainda mais interessante que o original. Acaba sendo novo, mas sem perder o vínculo com seu “eu” velho. Por sinal, esse seu reboot acabou tendo a mesma maestria do que foi feito na franquia de Star Trek nos cinemas (novo, mas sem esquecer o velho). As armações continuam, mas são mais doces e divertidas, próprias de uma criança traquina na sua idade. Virei seu fã (mais ainda). Espero ler muito mais dele, se possível assim, em edições especiais.
Você pode não ter gostado da mini principal da Essencia do Medo (assim como eu), mas deveria dar uma chance a esse material aqui. De repente, sobre o jogo intricado de Loki, essa história repentinamente não parece ter sido um dinheiro tão perdido assim...

Loki


E a grande questão sobre o destino de Thor, você poderá acompanhar em breve na mensal dele, atualmente publicada em Homem de Ferro & Thor, pela Panini.

Coveiro

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