segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Defensoras: A mais fabulosa superequipe de todas



Valquíria, a guerreira asgardiana, recebeu uma incumbência das Mães Supremas de Asgárdia: reunir uma nova tropa de responsáveis por levar a alma dos que tombaram em combate para Valhalla. Ela negligenciou sua missão e isso quase custou muito caro a Midgard (Terra) pois a vilã Caroline Le Fay trouxe de volta à vida as temíveis Damas da Destruição, antigas companheiras de armas de Val, que só conseguiram ser derrotadas quando ela reassumiu sua hedionda personalidade de Brunhilda, a Dama do Ódio. Isso teve um preço, a vida da jovem arqueóloga Anabelle Riggs, que morreu assassinada pela asgardiana ao trazê-la de volta à razão, movida pelo amor que sentia por ela. Coberta de pesar, Val assume o compromisso de criar uma hoste de Defensoras para proteger o nosso mundo e é a partir daí que nossa história continua com os roteiros de Cullen Bunn e os desenhos de Will Sliney e Stephanie Hans na minissérie The Fearless Defenders, aqui reunida em suas últimas edições,  de #7 a #12, no encadernado Defensoras - Sem Medo #2 da Panini com um arco de título um tanto pretensioso, eu diria: "A mais fabulosa superequipe de todas"

Devido a sua extrema bravura, Anabelle ganhou um assento na mesa daqueles que tombaram da mesma forma nos amplos salões de Valhalla mas a jovem se sente muito deslocada no lugar. Val não ignora esse fato e resolve remediar a situação de alguma forma. Ela pede a ajuda de uma poderosa feiticeira que se refugiou lá graças a ela: Clea, esposa de Stephen Strange e usurpada de seu trono na Dimensão Negra pelo maligno Dormammu, que descobriu o seu atual paradeiro. Clea não tarda a adivinhar o que Val pretende e reluta de início, mas acaba cedendo ao desejo de Val de trazer Anabelle de volta à vida. Clea a adverte de que um sacrifício será necessário para tal. Val concorda e elas se dirigem de encontro à jovem em um dos salões. Clea realiza um feitiço e aparentemente tudo funcionou a contento. Val pede que Clea as acompanhe de volta à Terra, onde estará em maior segurança ao lado das Defensoras mas apenas Anabelle e Clea surgem no abrigo de Misty Knight em Nova York. Esta fica muito feliz de ver sua amiga de volta e logo descobre que agora ela e Valquíria dividem o mesmo corpo.


A equipe decide caçar uns "monstros" que aterrorizam Chinatown e Misty convida Elsa Bloodstone, uma especialista no assunto para se juntar à busca. Elas enfrentam uma gangue chamada "Garotos Fantasmas", que estariam matando pessoas em toda a região a mando de alguém desconhecido e utilizando estranhos "ovos" que libertam criaturas de extrema ferocidade em seu interior. Elsa acha o rastro de uma delas e logo todas se dirigem aos esgotos. Elas encontram um laboratório que realiza experiências de bioengenharia com a raça da Ninhada, uma das mais mortais do universo e arqui-inimiga dos X-Men. Um esquadrão de ninjas vem atacá-las e sua líder se revela: Zheng Bao Yu, mais conhecida pelos leitores veteranos da Marvel como Fah-Lo-Suee, meia-irmã de Shang Chi, o Mestre do Kung Fu. Ela reproduzia um dos experimentos esquecidos de seu odioso pai, conhecido entre outros nomes como Fu Manchu. A situação se complica para as heroínas mas elas recebem a ajuda de uma improvável aliada, a "Sem Nome" da Ninhada, uma antiga aliada do Incrível Hulk refugiada na Terra e que também queria pôr fim a essa abominação. O laboratório é destruído, Zheng Bao Yu foge e se refugia no edifício de Caroline Le Fay, onde ficamos sabendo que ela é filha ilegítima da feiticeira Morgana Le Fay com o Doutor Destino.

Apesar de ser uma equipe relativamente nova, as Defensoras chamaram a atenção de homens que são ou eram muito importantes para cada uma delas como Stephen Strange, Danny Rand, Hércules e outros. Eles resolveram se unir com o intuito de "ajudá-las" ou, dizendo de forma mais clara, fazer uma intervenção na equipe ou mesmo dissolvê-la. As heroínas acabam se atrasando pois cruzam o caminho de um esquadrão nada memorável de vilãs reunidas por Le Fay. O combate se acirra e a briga acaba sendo levada até ao bar em que seus parceiros as aguardavam. Eles entram na luta mas nem todas ficaram felizes em revê-los. Clea, por exemplo, diz que quer se divorciar de Stephen enquanto Misty e Danny combinam uma "esticada" até Paris quando acabar essa confusão. Logo as vilãs são derrotadas e aprisionadas para um interrogatório sobre os propósitos de sua senhora e aonde ela pode ser encontrada. Em seguida, Valquíria diz a Stephen que é séculos mais velha do que qualquer um ali e que é mais do que capaz de lidar com o que quer que seja.

A equipe não para de ganhar novas integrantes e a próxima a ingressar é uma moça chamada Ren Kimura, mais uma pessoa que adquiriu poderes com a detonação da cidade de Atillan, como visto na saga Infinito e que logo se interessa por Anabelle.



As heroínas se reúnem na ilha de Nova Amazônia, lar de Hipólita, uma das Defensoras e que foi trazida da morte pela deusa asgardiana Hela quando esta barganhou com outros "senhoras da morte". Em troca de seu renascimento, ela deve à cada um deles um favor. O primeiro, da própria Hela, foi enfrentar as "Damas da Destruição", como já vimos anteriormente. Agora Plutão, senhor do Hades, quer que ela reconstrua as Amazonas. Ela conta às demais que teve em um sonho a revelação de que o objetivo de Plutão é que ela assuma o trono de seu falecido pai, Ares, para que ela se torne uma deusa da guerra cuja fúria "engrosse a fileira dos mortos". Hipólita convida às demais Defensoras para se juntarem a ela na nação que deseja reconstruir mas não de modo tão belicista assim. 

No dia seguinte, após uma festa de arromba, a ilha é atacada por uma legião de gigantescas criaturas marinhas comandadas por Aradnea, uma feiticeira atlante e Equidna, que deu à luz todos os monstros dos mitos gregos. O combate que se segue é feroz e Equidna é gravemente ferida por Hipólita. Aradnea recua e transmite uma mensagem de Carolina Le Fay, cujo rosto emerge de uma projeção aquática feita pela atlante. Ela convida as demais Amazonas a se unirem em sua causa niilista e promete liderá-las a sua antiga glória ao invés de serem "bucha de canhão" das Defensoras. Hipólita se enfurece e desfaz a projeção da feiticeira, que tomba inerte perante um povo dividido.

O passo seguinte da equipe é tentar acabar com a ameaça de Le Fay de uma vez por todas e Misty recruta outra jovem heroína com papel importante a desempenhar. Logo todas partem em direção ao covil da vilã, cuja localização foi revelada pelas prisioneiras feitas anteriormente. Ele é situado num templo capaz de invocar uma entidade maligna e poderosíssima. Chegando lá, elas encontram várias das responsáveis pelos seus recentes infortúnios: a própria Le Fay, as Damas da Destruição, Zheng Bao Yu, Aradnea, Equidna, entre outras. As vilãs circundam uma espécie de fonte energética capaz de enviar um chamado cósmico para atrair sabe se lá o quê. O inevitável confronto se inicia mas Val se recusa a tomar o lugar de Anabelle pois descobriu que as Mães Supremas fizeram um acordo com a jovem para que ela ficasse de olho em Val ao retornar de Valhalla. Anabelle consegue convencê-la a entrar no combate e o grupo de vilãs é derrotado. Resta ainda Le Fay, que não vê outra saída a não ser se atirar na fonte energética e é aparentemente desintegrada. Resta ainda selar essa fonte e é nesse momento que tomamos ciência da identidade da última heroína recrutada por Misty: Frankie Raye, ex-araruta de Galactus e ex-namorada de Johnny Storm, do Quarteto Fantástico e também conhecida como Nova. Ela é capaz de manipular energias cósmicas e, a pedido de Misty, absorve com facilidade as que estavam sendo emanadas diante delas.

Enquanto isso, em local ignorado, uma mão é estendida em direção a Carolina Le Fay e ela ouve uma voz familiar lhe dizendo que ela falhou em fazer contato mas que mesmo assim conseguiu retornar. A voz pertence à sua mãe, Morgana, que ordena que ela se levante e ocupe o lugar que lhe cabe ao lado dela. 


A outra história deste encadernado faz ligação com a saga "A Era de Ultron" e foi escrita por Cullen Bunn e desenhada por Phil Jimenez. Ela se passa na realidade alternativa criada pelo assassinato de Hank Pym nas mãos de Wolverine para evitar a criação de sua maior e mais mortífera criação. Uma Hipólita renascida é instigada por Caroline Le Fay a vingar a morte de suas Amazonas num massacre perpetrado pelo Dr. Destino na Latvéria. Caroline promete ajudar a guerreira se depois ela se aliar contra sua mãe, Morgana. A dupla invade aquele país e se permite ser aprisionada. Elas são jogadas numa arena onde devem lutar contra as Amazonas remanescentes e logo percebem que o Destino diante delas é um impostor. Hipólita imediatamente o reconhece como seu pai, Ares, que quis vingar a morte da filha pela mão de sua neta, Artume e assumiu a identidade de Destino para que fosse capaz de governar as guerreiras que sobrevivessem à sua vingança. Hipólita o enfrenta e lhe dá uma surra homérica (perdoem o trocadilho). Com isso resolvido, Caroline cobra a sua parte no combinado e Hipólita conclama suas guerreiras para combaterem ao seu lado contra Morgana Le Fay.


Como já comentei no início do artigo, achei um tanto exagerado o título do arco principal deste encadernado, assim como a chamada que a Panini colocou na capa da edição nacional: "a mais épica batalha de todos os tempos" mas talvez a intenção seja simplesmente emular o estilo de Stan Lee, que sempre utilizava esse tipo de chamadas hiperbólicas nos diversos títulos que escrevia antigamente para chamar a atenção dos leitores.

Não achei as histórias desse encadernado ruins, mas as do primeiro volume eram melhores. Gostei do retorno de personagens que há muito estavam esquecidos como Frankie Raye e Fah-Lo-Suee. Quanto a essa última, cabe uma explicação: quando Shang Chi tinha a sua própria série há uns 30 anos atrás, diversos personagens importantes eram licenciados para serem utilizados pela Marvel e um deles era o seu pai, o terrível Dr. Fu Manchu. Quando o licenciamento expirou, nunca mais ele ou sua filha puderam ser chamados dessa forma mas isso não impediu que Fu Manchu aparecesse com um nome diferente na minissérie que a Panini publicou no início da década passada na antiga revista Marvel Max e o mesmo aconteceu aqui com Fah-Lo-Suee. Logo abaixo podemos ver uma representação antiga da personagem.


Gostei dos diálogos e da interação entre as personagens mas achei que várias das antagonistas das Defensoras eram personagens de segunda classe, com exceção das que citei expressamente nesta resenha. A "Irmandade de Mutantes" feminina que vem surgindo nas histórias publicadas em X-Men Extra, por exemplo, é bem mais interessante do que a maioria dessas vilãs que apareceram aqui.

O "tie in" com Infinito serviu para introduzir uma nova personagem com potencial, mas achei que o relacionamento dela com Anabelle engrenou rápido demais pra alguém que fez um sacrifício definitivo por amor. Já a história ligada a "Era de Ultron" achei perfeitamente dispensável. Uma pena que quando finalmente o ótimo Phil Jimenez desenha alguma coisa para a Marvel é para ilustrar uma história tão fraca, nem o "plot twist" com Ares ajudou.
A desenhista Stephanie Hans fez um belo trabalho ao utilizar um estilo de aquarela para ilustrar as cenas que ocorreram em Valhalla mas acho que o papel "pisa brite" utilizado na edição nacional não o favoreceu muito. O traço de Will Sliney se adequou perfeitamente à história e com o curioso detalhe de não exagerar nas poses e na anatomia das personagens femininas.

A Panini teve mais uma vez o mérito de publicar uma série até o seu final mas. a bem da verdade, só recomendo a leitura destes dois encadernados se você estiver com dinheiro sobrando ou se for realmente muito determinado a acompanhar todos os eventos que acontecem no Universo Marvel.

C@rlos

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