segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Resenha 616 : Operação Big Hero



Demorou um pouquinho, mas essa semana finalmente a nova animação dos estúdios Disney chega aos
cinemas Brasileiros. Operação Big Hero (no original, Big Hero Six) já teve pré-estreia em muitas salas e até uma premiere especial na CCXP, mas vem na integra neste natal como um verdadeiro presente para os fãs que curtem um bom desenho no estilo Disney e uma aventura com todo estilo heroico comum a Marvel. Por sinal, talvez a maioria nem saiba, mas a origem dessa ideia vem de uma história em quadrinhos da Casa das Ideias.

Quando o nome surgiu pela primeira vez nas páginas de quadrinhos no final dos anos 90, nem todos os personagens eram como são apresentados hoje no cinema. A ideia na verdade era apresentar uma versão nipônica análoga aos Vingadores americanos e a Tropa Alfa Canadense. Por isso, dois nomes bastante conhecidos do universo mutante na época capitaneavam o título – Solaris e Samurai de Prata. Nessa primeira formação, também havia a Honey Lemon e sua poderosa bolsa mirabolante, GoGo Tomago que virava uma bola de energia ultraveloz e Baymax, que era um robô, nada fofinho, mas podia se transformar num tipo de Godzilla. O foco, no entanto, ainda era  o jovem Hiro (nos quadrinhos com o sobrenome Takachiho), uma mente brilhante que se negava a entrar no grupo até que a vida de sua mãe e de seu inspirador herói Solaris em risco o faz pular de vez na trama superheróica. Somente mais tarde, se juntaram a versão Fredzilla e Wasabi No-Ginger, além de outros.

Os quadrinhos, de fato, nunca tiveram oportunidade de desenvolver grandiosamente os personagens. Juntando todas as revistas em minisséries e em One-shots, não temos nove edições. Some isso mais duas aparições no gibi da Tropa Alfa dos anos 90 e é tudo que se tinha sobre Hiro e sua turma até então. Com isso, a grande verdade é que a Disney tinha um campo muito aberto para ignorar boa parte que não se mostrou funcional na história do passado e recriar a seu bel prazer um novo mundo para a sua Operação Big Hero. Não é portanto de todo estranho ver declarações de Alex Alonso ao longo de 2014 evitando qualquer ligação dos personagens da editora com esses novos do estúdio de animação.

Foi assim que Tóquio se tornou um mundo mesclado e imaginário, chamado San Franstokyo, e o pequeno Hiro mudou seu sobrenome para Hamada, mas manteve um jovem gênio ainda e que só foi se interessar em ingressar no time após uma tragédia pessoal. Ao invés da morte do pai e rapto da mãe, o longa animado vitimiza seu irmão, Tadashi, e cria assim o grande plot pro filme. É clara aqui mais uma vez o complexo de Parker trabalhado no protagonista, que dado momento tem que colocar sua genialidade a serviço do bem maior, ora se vê quase corrompido pelo desejo de vingança contra o vilão. E nesse ponto, o desenho tem uma sensibilidade impar em dosar os momentos de desleixo, depressão, euforia e ira que permeiam a mente adolescente de Hiro.


O contraponto do garoto no auge de sua puberdade está na forma de Baymax, aqui um robô criado pelo irmão mais velho para ser um “Agente Especial de Saude”. Feito para servir e ajudar as pessoas, nas mãos do caçula o robô é recauchutado mais de uma vez para ter um novo potencial. Sob as mãos de Hiro, ele aprende artes marciais e torna-se até um tanque de guerra voador, mas ainda assim fará de tudo para não fugir da programação inicial de Tadashi para a melhorar a vida das pessoas. Há com isso momentos tocantes entre os dois, mesmo que a mente lógica de Baymax não tenha sido programada pra entender o porquê de algumas emoções.

Paralelamente, somos apresentados a mais quatro outros personagens para formar o “sexteto” do Big Hero. Para facilitar a trama, Fredzilla, GoGo Tomago, Honey Lemon e Wasabi No-Ginger, são colegas da mesma escola de inventores de Tadashi e praticamente se veem empurrados pelo destino a cooperar com Hiro e desvendar o mistério do assassino de seu irmão. E se nos quadrinhos a origem dos seus poderes são bem complexas e diferentes, os diretores da animação foram geniais e dar a todos a mesma base cientificas. Honey Lemon é uma gênio da química e Hiro a ajuda a compactar seu laboratório numa pequena Bolsa. GoGo que desenvolvia bicicletas com rodas de suspensão magnéticas transforma ela mesma numa patinadora ágil e muito veloz. Wasabi tem suas lâminas criadas por laser capazes de cortar microfatias de espessura. E até mesmo Fred ganha um traje que apenas lembra um dragão ao invés de tornar-se um monstro por si. A Disney Brasil também acertou bastante ao colocar nomes conhecidos nos quatro colegas de Hiro, o que aumenta ainda mais o apelo do público juvenil.


A história segue de forma eletrizante do começo ao fim e com uma animação de brilhar os olhos (coisa que o estúdio já vem se mostrando competente desde Detona Ralph e Frozen), valendo de fato o investimento numa sala IMAX e 3D. Os personagens são todos naturalmente introduzidos na história e tem uma profundidade que pode vir a ser muito bem trabalhada em futuras sequências. Na verdade, até mesmo os quatro menos desenvolvidos aqui tem seu apelo entre as crianças e pude comprovar isso da segunda vez que assisti o filme com minha afilhada e que achou “radical” a presença forte das duas personalidades femininas. De certa forma, até mesmo o vilão, aquele misterioso com a máscara Kabuki, tem seu apelo.



Por fim, quem ainda acabou lamentando a falta do logo da Marvel no desenho, há algo que pode compensar. Não é segredo pra ninguém que o “cara”, Stan Lee, aparece em um easter egg no meio do filme. Mas não é só. Fique pra cena pós-crédito e você certamente terá uma boa surpresa.

Segue então aí nossa dica! Assista o filme e lá pra Janeiro convidamos você voltar aqui e ouvir o nosso podcast onde voltaremos a falar com mais detalhes sobre o pouco conhecido quadrinho e o já estrondoso filme.

Coveiro

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