quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Capitão América: Mais um prego

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Tentando se recuperar da traumática experiência vivida na Dimensão Z, o Capitão América busca na sua infância distante forças para seguir adiante após a perda de sua família: Sharon e seu filho adotivo Ian, mortos na luta contra Arnim Zola. Mas como uma sequência digna da vida do Homem-Aranha, após sofrer duro golpe nas suas bases familiares, Steve Rogers é atacado em outro dos pilares de sua existência: seu patriotismo e noções de serviço aos EUA e à humanidade como um soldado. É isso que acompanhamos nas últimas edições (#10 a #14) de Capitão América & Gavião Arqueiro.

Como contrapeso irônico, o roteirista RICK REMENDER deixa apenas Jet Zola como elo com a experiência vivida por Steve, que toma para si a tarefa de inseri-la nesse novo mundo em que terá de viver. Ela não é mais uma antagonista, mas acaba sendo uma anti-heroína que só dá contornos mais profundos à recuperação do Capitão, inclusive estimulando-o a se prender menos ao passado.

Não que haja muito tempo para criarem elos mais extensos, já que Bazuca está de volta. E, como sempre, o androide age seguindo uma orientação bastante distorcida do patriotismo e militarismo de Steve, arrastando o Capitão América, o Falcão, Jet e a SHIELD para o Leste europeu, onde o psicopata cibernético espalha terror em nome dos EUA.

Enquanto uma história de fundo vai dando alguma noção de quem mexe as cordinhas de Bazuca, um vilão chinês chamado Prego de Ferro. Com ligações com o passado da SHIELD, e mesmo com o Soldado Invernal, o Prego de Ferro parece apenas usar Bazuca como peão em um plano desmantelamento da organização e, principalmente, do Capitão América.

Apesar do clichê de substituírem o tradicional “vilão soviético ou nazista” por um chinês, a história tem alguns momentos interessantes, como aquele em que as ações do Capitão América, do Falcão e das forças militares dos EUA são questionadas por uma exposição midiática “indesejada”. Tudo aparentemente manipulado de alguma forma pelo Prego de Ferro.

O confronto decisivo com Bazuca é violento e cheio de nuances que desenvolvem um prisma de diferentes visões sobre patriotismo a função do exército e da guerra para um país que nunca está fora de alguma, além de demonstrar o quanto os últimos acontecimentos, inclusive esse, deixaram o Capitão América muito desequilibrado. A presença do Falcão é essencial para que Steve não passe dos seus limites.

A arte de CARLOS PACHECO é um alívio para aqueles que não aguentavam mais John Romita Jr., e bastante adequada para a mudança de ambiente da história, que sai de um mundo futurista como a Dimensão Z e vai para zonas de Guerra e flashbacks do tempo da Guerra Fria.

Chega-se a ficar com pena de Bazuca, pois mais uma vez fica explícito o quanto ele é manipulado, o quanto é apenas uma marionete. E como fica totalmente claro na última parte, sua prisão não é nada. Ou melhor, é. É uma estratégia do Prego de Ferro para libertar um forte aliado, um fantasma do passado, literalmente escondido debaixo da terra pela SHIELD, e que ressurge com o sacrifício involuntário de Bazuca.

Sua família, seu patriotismo... onde golpeará o próximo prego na vida do Capitão América?

João

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