quinta-feira, 5 de março de 2015

Inumano, Demasiado Inumano

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Desdobramento direto de eventos ocorridos na saga Infinito, INUMANIDADE tem roteiros de MATT FRACTION e é uma história em duas partes – publicadas respectivamente em Universo Marvel #17 e #18 – que lança foco sobre dois personagens clássicos dos Inumanos. Nenhum deles é Raio Negro, e ambos lidam, a sua maneira, com as consequências da bomba que revelou a existência de inumanos ao redor do mundo ao forçar a manifestação de seus poderes inatos.

A primeira parte traz um protagonista mais inusitado, Karnak. Tratando as repercussões da Bomba Terrígena do ponto de vista do inumano capaz de identificar a fraqueza em qualquer ser ou estrutura, a história pode dividir opiniões. Se por um lado ela traz uma perspectiva que normalmente só vemos do lado de fora – as habilidades intuitivas de Karnak –, a narrativa acaba parecendo longa e didática demais. Algo típico de publicações que tentam atrair a atenção de um público que não leu histórias anteriores, e que prefere receber tudo mastigado.

Esse último aspecto não chega a ser muito cansativo, especialmente pela possibilidade de vermos as belíssimas e irretocáveis ilustrações de OLIVIER COIPEL. Mas é a imersão na confusão e terror de Karnak diante de acontecimentos que não pôde prever que chama a atenção. A forma como Fraction aborda suas habilidades são a pérola da história.

Para alguém acostumado a prever racionalmente eventos relativamente complexos, o inumano entra em um estado de nervos irreversível ao se dar conta de que não conseguiu perceber os planos elaborados por Raio Negro e seu irmão Maximus. Ele é a grande falha.

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O fatídico destino de Karnak só vem após uma sequência recheada de tensão envolvendo ele, os Vingadores e a rainha Medusa, não sem antes clarear sua mente e ver o que espera os Inumanos daqui para frente. É essa revelação que o leva a uma decisão fatal.

Esse é o gancho para a segunda história, em que cabe a Medusa, ainda incerta sobre o que aconteceu com Raio Negro e seu próprio povo, assumir o papel de elemento máximo da realeza inumana. Sair da sombra de seu marido (que presume morto) pressupõe que a própria existência dos Inumanos ganhe outro perfil. O seu perfil.

Mas para isso é preciso lidar com a explosão de inumanos ao redor do mundo, dando-lhe uma orientação muito clara – salvar sua própria espécie dos olhos gananciosos dos mais variados interesses.

O seu luto não tem espaço diante da urgência da reconstrução e, mais importante, daquilo que esperam de uma verdadeira rainha. Uma história correta, mas muito menos impactante do que a primeira.

Não sou muito fã da arte de NICK BRADSHAW, ainda mais após uma história com as ilustrações de Copiel, mas ele capricha em algumas páginas, especialmente as quatro, cinco primeiras.

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Como fica claro, as duas partes de Inumanidade são apenas um interlúdio, que nos dá mais ou menos uma noção do que esperar não apenas com a série Inumano, mas de um Universo Marvel que tende a ser coberto de inumanos assim como já foi coberto de mutantes. Vamos ver se os roteiristas da Marvel dão conta do trabalho.

João

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