domingo, 30 de dezembro de 2018

Retrospectiva Marvel de 2018

E chegou o momento do ano, faltando poucos dias para 2018 nos deixar, de fazer aquela retrospectiva 616. Com um ano tão conturbado como foi este, seja pelas notícias muito boas ou seja pelos momentos bem tristes, é bem difícil tentar elencar uma lista só com 10 itens. Em um esforço de alguns dias, chegamos ao que consideramos os 10 pontos mais marcantes de 2018, com direito há alguns bônus de cortesia no decorrer do texto. Então, segurem-se na cadeira pois vamos começar indo de cara bem lá atrás... em Fevereiro... em outro continente...



1 - A Ascensão do Rei e o Sucesso de Pantera Negra nos Cinemas.

Nessa nossa lista deste ano é impossível não começar com o sucesso de Pantera Negra nos cinemas. Um arrasa-quarteirões surpreendente, que inclusive ainda superou o próprio filme dos Vingadores deste ano se nos restringirmos a bilheteria dos EUA. Foram nada menos que $700 milhões só em território americano e 1,3 bilhão no mundo inteiro, um recorde que Pantera Negra manterá por muito tempo na categoria de filme solo. Porém mais que dinheiro, o filme se tornou um fenômeno cultural, motivou pelo mundo inteiro campanhas para levar jovens carentes as salas de cinemas, amplificou o interesse sobre mais do universo africano pro resto do mundo e pode no próximo ano levar muitos prêmios de destaque. Estamos inclusive cruzando os dedos para o Oscar.



Como adaptação dos quadrinhos para a tela, Pantera Negra consegue ainda ser mais rico do que nunca, colocando pro mundo não só o seu personagem principal, T'Challa, o Pantera Negra, assim como também uma série de personagens coadjuvantes espetaculares que de modo algum ficaram obscurescidos na trama. Shuri, Okoye, Nakya, Ramonda, Zuri, M'Baku, todos eles cativaram de modo muito especial o público que foi lá conferir e se emocionou com essa aventura que não só mostra de forma digna a jornada de herói do Rei de Wakanda, como também faz justiça a trajetória do vilão Erik Killmonger. Não foi a toa que ele quase não se tornou o maior vilão de 2018, eu disse quase porque... bem... falaremos dele no item 3 desta lista.

2 - As jóias do Infinito voltando a dar trabalho nos quadrinhos...

Em tempos de Guerra Infinita nos cinemas, nada mais justo que ter as jóias do Infinito de volta aos quadrinhos. No Brasil, a Panini relançou de forma surpreendente a tempo do filme, com formato de luxo e complementando com algumas histórias que até estavam inéditas no Brasil as minisséries da Trilogia do Infinito - Desafio, Guerra e a Cruzada Infinita. Já nos EUA, Gerry Duggan direcionou seus Guardiões da Galáxia para uma nova história a ser contada com as... desta vez... Pedras do Infinito. Tudo começa com um prelúdio em formato de série com cinco partes e algumas edições especiais chamada 'Infinity Countdown' (Logo no Brasil como Contagem Infinita). Nela, vemos inesperados personagens da Marvel aparecendo como novos portadores dessas pedras de imenso poder e que volta a atrair a atenção de poderosos seres como Thanos.



Mas tudo vira completamente de pernas pro ar quando começa as Infinity Wars, que seria a saga principal para onde o Countdown caminha, Thanos morre e o poder dessas pedras vai parar justamente na mão da figura inesperada e até então desconhecida chamada Requiem. Sem querer revelar detalhes demais sobre a história, Gerry Duggan surpreende de forma inovadora com a narrativa e os novos caminhos que levam os personagens aqui envolvidos. Temos em meio a essa história ainda um outro micro-evento, Infinity Warps, que gerou uma versão "amálgama" de heróis da Marvel que se fusionaram e mataram a saudade de alguns leitores que viram algo parecido entre editoras concorrentes acontecer nos anos 90. A saga que só chega no Brasil ano que vem, já tem sementes sendo plantadas nas atuais edições dos Guardiões da Galáxia. Para quem for curioso e quiser ver nossas resenhas sobre essa história, basta clicar aqui e ler as resenhas feitas pelo Marcus Pedro.


3- Vingadores: Guerra Infinita arrasando as bilheterias e nossos corações

Pantera Negra pode ser a maior bilheteria americana de 2018, mas quando se trata do resto do mundo não tem como bater Vingadores: Guerra Infinita. O filme gerou $678 milhões nos EUA e 2,047 bilhões no mundo inteiro. Se estabelece como a quarta maior arrecadação de todos os tempos e manteve a expectativa de todo mundo no alto pra o ano que vem. Talvez, Vingadores: Ultimato derrube alguns filmes lá do pódio ano que vem. E é fácil de entender. A empreitada feita pelos irmãos Russos de reunir a quantidade de heróis que se viu neste filme é algo sem precedentes. E ainda entregar uma história coesa, cumprindo o que prometeram de transformar Thanos num vilão marcante para os novos tempos e ainda emocionando todos no final, mesmo os que esperavam algo do tipo acontecer, é de fato um grande feito. É a Marvel de novo se superando e criando mais marcos.

Recentemente, os irmãos Russo falaram sobre o novo jeito de contar histórias que Vingadores: Guerra Infinita abre para o público, fugindo daquele padrão previsível de filmes de duas horas para se contar uma história e mostrando que essa trajetória de 10 anos acompanhando a evolução de personagens é sim uma experiência possível nos cinemas. A aventura, obviamente, ainda não acabou. Depois de todas as barreiras que Vingadores: Guerra Infinita rompeu, há uma última coisa que o filme teve que fazer - deixar o hype lá em cima do público para o 'último ato' dessa longa história, Vingadores: Ultimato, o mais recente a quebrar o recorde de trailer mais assistido dentro do prazo de 24 horas. E se tudo for como os fãs almejam, quem sabe o filme derrubar outros gigantes da bilheteria mundial ano que vem.



Bônus: Não sobrou muito espaço desta vez para listar outro filme da Marvel Studios aqui que merece todas as palmas este ano. Homem-Formiga e a Vespa finalmente apresentou a primeira Vingadora dos quadrinhos ao cinema, atiçou a curiosidade do público para o 'Reino Quântico' e ainda entregou uma importante cena pós-credito. É uma pena mesmo o filme ter sido prejudicado por sair na mesma época que a Copa do Mundo e ter uma bilheteria bem fragmentada ao longo dos meses que ficou em cartaz.

4 - Deadpool de novo! E Cable! E Dominó!

A promessa feita na cena pós-credito lá em 2016 foi cumprida. Deadpool voltou para o seu segundo filme este ano (o único que sobreviveu aos adiamentos da FOX) e trouxe com ele o personagem querido dos X-Fãs, o Cable. E ele não vem sozinho: apresentou a Dominó e um arremedo de X-Force. Deadpool 2 apesar de ainda sofrer com um orçamento restrito (o que ocasionou em alguns cortes no roteiro) rendeu quase tanto quanto o primeiro filme - $738 milhões. Apesar das diferenças em relação ao primeiro filme, Deadpool 2 não deixa de seguir uma ideia padrão que parece que se manteve vinculada ao personagem nos cinemas - a de desconstruir a história e estilo de filme que tem a pretensão de narrar. No primeiro, ele se auto define como uma história de Amor. Agora, o filme se identifica como um filme de família. E quem prestar atenção na história sobre a perspectiva de Wade, Russell e Cable vai entender muito bem como a proposta é bem densa apesar de margeada por piadas infames. Agora em Dezembro, o filme ainda conseguiu emplacar uma versão "remasterizada para menores". É o mesmo filme, mas é diferente, uns 20 minutos diferente. É uma estratégia safada? É. Mas combina perfeitamente com o personagem. Tá valendo!




5 - Os Jovens heróis Marvel com séries de 'responsa' 

Quando se houve falar de que estão criando um seriado com uma dupla de jovens heróis super-heróis cujo roteiro se focará num drama adolescente, boa parte da audiência não vai dar muito crédito a história. É por isso que Manto e Adaga surpreendeu tanto por entregar uma série madura capitaneada por jovens talentos pela Freeform. Temas como violência policial, racismo, drogas, abandono, tudo veio a tona permeado pela temática de luta entre luz e trevas que se espera ver numa história dos personagens. A série se saiu tão bem quanto foi a dos Fugitivos, garantiu uma segunda temporada que já está sendo filmada e esperamos que ano que vem realmente surja um "crossover" entre as série da Hulu e Freeform.

E falando em Fugitivos, a galera acabou de voltar no dia 21 em sua segunda temporada pra o Hulu. O serviço ainda é restrito para fora dos EUA, mas a série veio ao Brasil pela Sony no primeiro semestre e entrou na plataforma nacional da Netflix meses depois. Quem ouviu nosso podcast sabe o quanto a série foi surpreendente e trabalhou bem os elementos dos quadrinhos, mas tudo parece muito maior nessa segunda temporada do final de 2018. Mais perigos, mais ação, mais poderes, e mais da Alfazema... Não vejo a hora de conferir esses novos capítulos por aqui...




6 - Panini: Entre Império Secreto, Monstros a Solta e aumento de preços...

A saga polêmica que transformou a figura irresoluta do Capitão América numa versão distorcida cujo passado alterado por um cubo cósmico fez dele um agente da HIDRA infiltrado durante todo esse tempo chegou ao Brasil. As histórias foram publicadas em cinco edições volumosas de 100 a 140 páginas, misturando ali alguns especiais e deixando o preço final ainda alto. Fora isso, repercutiu nas mensais, principalmente a do Capitão América que também se comprometeu em dobrar de páginas para acompanhar o lançamento da saga. E fora isso rendeu também algumas edições especiais.

Toda a atenção que a editora deveria destinar a história da série que por si já causa um burburinho e tem que ser conscientemente divulgada da maneira correta acabou sendo atravessada por outra maxissérie pra lá de inusitada. As três edições de Monstros a Solta (que nos EUA foram as lojas somente muito depois de Império Secreto) foram lançadas bem no meio de Império Secreto, em edições robustas que misturaram a minissérie com tie ins e deixaram o número final e valor de páginas lá em cima.



Deu pra perceber que o tópico que deveria se destinar a falar das histórias em quadrinhos e das duas sagas consideradas mais importantes acabou saindo mais como um puxão de orelha para o jeito/formato que a editora acabou destinando a coisa toda. Já não é deste ano que se começou a falar do aperto que a editora deixou o bolso do leitor colecionador, mas certamente o auge das reclamações foram os últimos meses. Parece que mais uma vez as pessoas lá de cima calharam de achar que quadrinhos deveria se restringir a material de luxo, o que nem sempre é o caso para todas as histórias e muito menos combina com a atual situação financeira de boa parte da população do país. Mas se por um lado houve um escorregão ao levar alguns materiais no começo do ano a categoria de capa dura e preço mais agressivo, o final do ano revela uma tendencia até mesmo a restringir as mensais e se focar em publicações de arcos mais fechados - com capa cartão, preferencialmente. Se esse será o novo jeito de consumirmos as histórias aqui no Brasil, saberemos a resposta só ano que vem. Mas tudo leva a crer que sim.


7- A volta por cima no mundo dos games com o Homem-Aranha...


Por muito tempo, muito tempo mesmo, os fãs de games estavam constantemente nos comentários reclamando do descompromisso da Marvel Entertainment em investir em jogos para console e só trazer novidades para celulares. Tudo, é claro, mudou quando anos atrás a Insommiac Games anunciou Homem-Aranha exclusivo para PS4. A cada novo trailer e gameplay divulgado, a galera parecia mais e mais satisfeita com o que via. Não foi a toa que em 7 de Setembro deste ano o jogo ao ser lançado vendeu nada menos que 3,3 milhões de cópias nos três primeiros dias e se tornou o jogo mais vendido pela Sony Interactive Entertainment.

O jogo é extremamente aclamado pelo pessoal, com críticos afirmando que é até então o melhor jogo de super-heróis já feito até então, elogiando o gameplay, combate e a nova técnica e dinâmica de usar a teia para se balançar pelos prédios. O jogo veio acompanhado de pacotes extras de histórias que foram vendidos e lançados separadamente esse ano (os tais DLCs), muitas variedades de uniformes e também certas missões especiais em que você pode jogar com a identidade de Peter Parker, além de atuar como Miles Morales ou Mary Jane.




Além disso tudo, a história do jogo é extremamente elogiada, mas não é a toa já que contou com consultoria de dois roteiristas de quadrinhos que trabalharam e entendem bem o personagem - Christo Cage e Dan Slott. Atualmente, sua venda mundial gira em torno de 198 milhões de cópias e venceu duas categorias no Game Critics Awards e uma no Gamescom. Fora isso, foi nomeado para mais tantas categorias do The Games Awards 2018 e o Golden Joystick Awards 2018.


8 - Um ano com os quatro Defensores e o fim do Netflixverso?

Para um ano que a Netflix parecia investir pesado nos seus quatro heróis urbanos e todos ganharam temporadas esse ano, quem diria que iria tudo se encaminhar para uma série de cancelamentos? Jessica Jones voltou em março com sua esperada segunda temporada, e críticas a parte, conseguiu inclusive uma renovação. Luke Cage e Punho de Ferro vieram em seguidas, as duas indiscutivelmente foram melhores, mais maduras e satisfizeram um público receoso. Mas foi certamente a terceira temporada de Demolidor que mais arrancou elogios, digna de levantar-se da cadeira e bater palmas de pé. Matt Murdock deixou de lado o advogado e abraçou o Demolidor, voltando inclusive a cenas chaves que fizeram sucesso na primeira temporada. E recriaram elas aqui melhores. O Rei do Crime teve um arco surpreendente e que deixou o público roendo as unhas. E todos esperavam ansiosamente a volta do Mercenário pra um quarto ano com mais episódios depois de uma apresentação tão profunda do personagem.



Foi aí que veio baque - 3 cancelamentos seguidos, Punho de Ferro, Luke Cage e Demolidor não voltarão mais. Tudo ainda é muito nebuloso sobre o que de fato aconteceu, apesar das críticas certamente o público cativo era razoável pra garantir a permanência das séries e a única coisa que os fãs mais queriam era garantir que ao menos o Homem Sem Medo volte para mais histórias. Quanto a parceria Marvel e Netflix, acho que 2019 não reservará boas notícias aos fãs. Até então não ficou claro quem decidiu romper de vez essa união, mas era algo que uma hora ou outra iria acontecer com a vinda do serviço de streaming da Disney, o Disney+. O único alento pra nós é que os depoimentos mais recentes do diretor de conteúdo foram favoráveis a continuidade das séries...


9-Venom e a virada de jogo da Sony


Se tirássemos pelo que foi o primeiro trailer divulgado este ano, e alguém falasse que Venom seria um sucesso de bilheteria ao ponto de inclusive passar outros filmes de ponta de heróis da Marvel este ano, você riria. Mas no final o simbionte da Sony mostrou que tem mais dentes para gargalhar e passou dos $850 milhões de arrecadação mundial. Obviamente, para quem foi conferir, o filme tem seus erros, escorregões e apelos desnecessários, mas ainda assim algo dentro do padrão do que se vendeu - um filme de baixo orçamento, com um humor meio desengonçado típico de filmes de 'Terrir', mas que contou ainda com um divertido Tom Hardy em cena. O sucesso que já fez até aqui bastou isso para abrir de vez as portas para mais personagens do "Sonyverso" da Marvel ganharem de fato seus filmes.



E não para por aí: temos a animação de sucesso Homem-Aranha: No Aranhaverso. O desenho que é uma inovação visual que vem ganhando várias nomeações em prêmios de prestígio apresenta não só Miles Morales como também um gama de outras versões aracnídeas alternativas. Mais do que nunca, o mote de que poderia ser qualquer um a sofrer o acidente e usar aquela máscara foi usado neste filme. Mas como Homem-Aranha: No Aranhaverso só sai aqui em Janeiro no Brasil, esperamos poder falar dela de maneira digna ano que vem!


10-A Despedida do Criador: Adeus, Stan Lee!

Eu gostaria mesmo de não ter que listar esse último item aqui na retrospectiva deste ano, e de nenhum ano por vir, mas infelizmente assim como as boas histórias chegam ao fim, seus lendários contadores tem que dizer Adeus. O ano de 2018 ficará eternamente marcado pela despedida do Mestre Stan Lee, que nos deixou este ano e que faria 96 anos neste dia 28 de Dezembro. Mais do que um roteirista que deu vida, humanidade e tridimensionalidade ao universo de super-heróis, Stan Lee era o rosto de seus personagens tão queridos. Seu entusiasmo pelas histórias era a de um eterno fã e sua capacidade de promover-se junto aos quadrinhos foi a garantida de sucesso para as coisas chegarem até onde estão hoje.



Bônus: Não foi só Stan Lee que se despediu de nós esse ano. O reservado criador do Homem-Aranha e Doutor Estranho, Steve Ditko, também faleceu em 2018. Sua saída deste plano quase passou desapercebida assim como ele levava sua pacata vida. Agora, ele e Lee se juntaram a Jack Kirby e figuram no panteão das lendas da Marvel que já nos deixaram.


Ficou coisa de fora? Ficou, e muita! Mas nem por isso elas deixarão de serem lembradas aqui. Nem pense que eu esqueci totalmente a animação da Marvel Rising que fez muito sucesso lá fora e já tem episódios dublados por aqui. Outra coisa que lamento muito não ter podido falar foi quanto as segundas temporadas de Legião e The Gifted, mas como elas foram mencionadas no ano passado ficam aqui como menções honrosas. Em termos de eventos, eu listaria aqui a presença marcante de astros e estrela da Marvel na CCXP, entregando inclusive em primeira mão um trailer completamente inédito de Homem-Aranha: Longe de Casa que deixou muito gringo com vontade de estar naquele auditório. E. é claro, a conclusão da compra da FOX pela Disney, que como foi tópico no ano passado  ficou de fora aqui (mesmo com todos os riscos que se teve quando a Comcast entrou na briga).

Coveiro

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