quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Pontuando as questões e consequências do fim do acordo entre a Disney e Sony

Apesar de esse já ser nosso terceiro ou quarto artigo sobre o assunto, parece que os leitores - ou a maioria daqueles que só alcançam até o título das notícias nas redes sociais - tem estado bem confuso quanto ao atual estado do acordo da Sony e da Disney sobre o futuro do Homem-Aranha. Sendo assim, resolvemos reunir todas as recentes informações e informar no ATUAL MOMENTO onde tudo se encontra. Vamos tentar modelar alguns esquemas e pontuar de forma bem didático tudo pra facilitar de forma mais definitiva tudo o que sabemos.



O FATO É QUE O ACORDO ATUALMENTE ESTÁ ENCERRADO

Vi bastante pessoas questionando que as coisas estão ainda em negociação e não acabou. Não é exatamente assim. Quando o Deadline noticiou a notícia bomba em primeira mão, ele não fez nenhum sensacionalismo para se desmentir depois em outro artigo. Ele não é esse tipo de site barato. A informação que ele tinha era segura o suficiente para pontuar que no presente momento, o acordo entre as empresas não renovou e esse é o atual status. Foi horas depois confirmado em nota oficial da Sony. Isso é um fato.

Pode mudar daqui a alguns dias? Sim. As negociações podem ser retomadas e os acordos daqui a alguns anos, mesmo que a Sony faça filmes independentes? Sim. Mas isso por enquanto é só especulação. O atual status é sem acordo.


O QUE ERA O ACORDO ANTES E QUAL A NOVA PROPOSTA RECUSADA PELA SONY

Mesmo antes do anúncio de ontem, foi explicado outras vezes aqui no passado (inclusive em podcast nosso) que o papel da Marvel Studios seria como a de uma empresa terceirizada que iria gerir a parte técnica do filme. Ou seja, a Sony estaria contratando a Marvel como um tipo de 'gestora' e ela usando seu 'know how' de contratar e lidar equipes técnicas, equipes de dublês, empresas de efeitos especiais, e tudo o mais montaria o filme. A Sony pagaria todos esses custos para sair um filme nos moldes Marvel.

Hoje, sabemos pelo artigo do Deadline que esse pagamento da Marvel é de 5% do ganho bruto da bilheteria do filme. A Marvel funcionaria basicamente como acontece com estúdios menores, que são terceirizados pelos grandes estúdios. O restante - distribuição, merchadising e divulgação do filme estaria a cargo da Sony. Mas deu pra notar que a Marvel e Kevin Feige por fora deu uma ajudinha até nisso também.

Outra coisa que ficou clara desde o começo foi quanto ao uso dos personagens. A Sony poderia usar personagens e inserir o Homem-Aranha no universo já estabelecido do UCM. Em contrapartida, a Marvel usaria aquele Homem-Aranha nos filmes de equipe por eles produzidos. Era o seu herói mais iconográfico com os demais finalmente dividindo tela. Esse ponto era benéfico para os dois lados.

Pela Sony Pictures, o acordo do jeito que estava era ótimo e eles apenas queriam renovar para mais filmes e anos por vir...

A Disney resolveu sentar na mesa de negociações de uma forma diferente. Ela queria uma nova proposta. Ao invés da Marvel Studios funcionar como uma empresa independente contratada pra aquele fim específico, eles queriam uma nova posição do estúdio como 'co-autora' do filme. Na intenção deles, cada estúdio pagaria meio a meio os custos de produção, divulgação, distribuição e merchandising. Em troca, a renda da bilheteria seria dividida pela metade.



Não sabemos como é ou como ficaria o uso de licenciamento de produtos baseados e inspirados em cada filme.

UMA PRENSA EM KEVIN FEIGE PARA SE DEDICAR A IPS DA DISNEY

Uma coisa que não ficou clara ontem e só podemos especular agora mediante o pronunciamento oficial da Sony é que Kevin Feige foi um pivô de uma provavel discussão entre os estúdios. No relato da Deadline inicialmente se especulava que era a Sony quem não queria mais Kevin Feige influenciando os futuros filmes do Teioso. A Sony Pictures quando respondeu a imprensa fez questão de desmentir isso. No texto dela, salientou que a Disney teria destinado Kevin Feige para cuidar das IPS (Propriedade Intelectuais) que a Disney recém adquiriu.

No texto da Deadline, uma coisa que acabou passando batido é que durante esse tempo, Kevin Feige provavelmente "pôs suas mãos de forma não oficial" em produções da Sony. Ou seja, apesar de não ter tido créditos de produtor, devido a amizade que teve com Amy Pascal, Kevin Feige pode ter acessorado extra-oficialmente a animação do Homem-Aranha: No Aranhaverso, o filme do Venom e talvez sua sequência, e até mesmo Morbius. Sem a Sony cedendo mais direitos a Disney, o estúdio do Mickey deve ter impedido Kevin de dar essa mãozinha aos colegas.

Outro detalhe que vale ressaltar aqui é que o posicionamento de Kevin Feige sobre as recém adquiridas franquias da FOX mudou após a SDCC 2019. Quando antes o Presidente da Marvel Studios não demonstrou ter pressa em tocar nesses personagens, eis que ele ao final da apresentação já citou que eles fariam parte da Fase 5. E juntando com o fato de que a Disney andou desapontada com o rendimento dos filmes da FOX até então, é bem provável - e faz sentido pelas recentes falas de Bob Iger - que a Disney tenha pressionado a adiantar as coisas com o Quarteto Fantástico e com os X-Men pra eles renderem algo depois de tanta grana gasta.

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OS FILMES DO ARANHA CONTINUARÃO NUMA ZONA CINZENTA

Juntando o que foi publicado pela Deadline e a nota oficial da Sony, é certo que o Homem-Aranha do Tom Holland sendo dirigido por Jon Watts continuará por aí por pelo menos mais dois filmes. Sony não terá mais a supervisão de Kevin Feige, mas aposta que poderá 'emular' algo na mesma qualidade com tudo que foi aprendido e com o que foi estabelecido até aqui. A nota da Sony se fia na esperança de que o acordo volte em algum momento.

Enquanto isso, os dois próximos filmes vão ter que se fiar com o que foi estabelecido até aqui, ao mesmo tempo em que não poderão provavelmente mais citar personagens e localidades usadas até então. Toda a presença forte que Tony Stark teve até aqui será agora pouco lembrada e provavelmente vão evitar usar nomes. O filme até pode sugerir que existem outros heróis por aí, mas provavelmente não serão citados pelo nome. Se a Sony for quem trabalhará o destino da misteriosa construção de Nova York, o que quer que ela se torne não será mais citado como sendo uma ex-Torre Stark. O plot dos skrulls na cena pós-crédito terá que ser postegardo até as partes se entenderem de novo. E algo mais evidente, o relacionamento de May Parker e Happy Hogan vai ter que chegar a um fim sem qualquer menção de que acabou.

E AGORA?

Bom, só para pontuar esse artigo pelo que temos conhecimento até então, ciente de que tudo pode mudar a qualquer instante, o certo é os espectadores que não acompanham as notícias sobre este universo no seu dia a dia, devem perceber poucas mudanças mesmo sem os próximos dois filmes saírem sem a supervisão da Marvel Studios. A Sony costuma colocar um prazo de 2 a 3 anos entre seus filmes do teioso e com isso pode ser que um novo filme da franquia só venha em 2022. E um outro entre 2024 ou 2025. A Marvel, Disney e Sony teria então um prazo de cinco anos mais ou menos para voltarem a se entender. Nesse meio tempo, as franquias em separado irão testar suas forças ante o público. No fim, espero que concluam que vale a pena não criar um cabo de guerra, mas na verdade que se deem as mãos para o bem de todos, principalmente dos fãs

Coveiro

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