sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Guerras Secretas: Inferno

O amor do X-Man Colossus por sua irmã, Magia, já foi mostrado várias e várias vezes. Os problemas de Illyana com o Limbo, também. Assim, não é surpresa que, para salvar a alma da jovem da corrupção total, ele está disposto a tudo, até mesmo a ir ao inferno. Literalmente.



Sim, como vocês devem ter imaginado, a saga homenageada na sexta e última edição de Guerras Secretas: X-Men é Inferno, uma das histórias mais loucas (no bom... não, no ótimo sentido; por favor, publica essa saga no Brasil, Panini!!) dos heróis mutantes, envolvendo a invasão de demônios em Nova York por meio da corrupção das almas de Illyana Rasputin e Madelyne Pryor – que se tornaram, respectivamente, as vilãs Criança Infernal e Rainha dos Duendes. Na saga original, o dia foi salvo quando Magia “resetou” sua própria existência para impedir sua transformação na Criança Infernal, e em seguida Madelyne se matou numa tentativa (fracassada) de levar Jean Grey consigo. Aqui... não foi bem isso que aconteceu.

Nessa minissérie ligada às atuais Guerras Secretas, com roteiro de Dennis Hopeless e arte de Javier Garrón, os demônios venceram os mutantes. O máximo que os X-Men conseguiram fazer foi criar uma barreira combinando magia e tecnologia ao redor de Manhattan para impedir que eles se espalhassem pelo planeta. Quatro anos desde então, Colossus tem vivido com a culpa de não ter conseguido salvar Illyana. Em um acordo firmado com o líder dos X-Men, Ciclope, Colossus concordou em dedicar todos os dias do ano à proteção de Nova York... menos um, em que ele teria o direito de recrutar uma pequena equipe para tentar resgatar sua irmã, mantida dentro do edifício Empire State, completamente alterado pelos seus habitantes atuais.



Lamentavelmente, ele não só falhou em todas suas tentativas, como o preço pago foi cada vez mais alto. A última incursão, em que Piotr liderou Ciclope, Garota Marvel, Fera, Psylocke (britânica e de armadura!), Noturno e Dinamite, terminou com Scott paralisado da cintura para baixo pelo demônio Nastirh (a grafia do nome dele vive mudando...), enquanto o próprio Colossus conseguiu chegar até Illyana apenas para a Criança Infernal se manifestar e deformar horrivelmente seu braço direito, mantido numa tala metálica desde então (aparentemente o Fera também perdeu uma perna, trocada por uma prótese metálica, mas isso não é mostrado).

Um ano depois, Piotr aguardava ansiosamente pela nova tentativa de resgatar Illyana, apenas para descobrir que Scott (agora nomeado pelo Imperador Destino como Barão desse domínio, e preso a uma cadeira flutuante como a do Professor X nos anos 1990) decidiu cancelar de vez os ataques ao Empire State para poupar seus X-Men. Apenas após muita insistência de Colossus, de sua amante Dominó e da jovem Dinamite, Ciclope autorizou os três a uma última tentativa, levados por Noturno (o único teleportador capaz de atravessar a barreira colocada ao redor de Manhattan para impedir a Criança Infernal de atacar fora de seus domínios). Mas a missão foi ainda pior que das outras vezes: Noturno foi capturado, Dinamite foi mortalmente ferida por Nastirh, e Colossus e Dominó estariam mortos... se não tivessem sido salvos na última hora pelas tropas da Rainha dos Duendes, acompanhada de seu concubino (outrora conhecido como Destrutor) e do demônio Sym.



O resgate, é claro, não foi exatamente um ato de bondade: Madelyne tinha interesse em se tornar a regente do Limbo, mas seus duendes não representavam grande ameaça às tropas da Criança Infernal. Dessa forma, ela decidiu testar Colossus em uma batalha e, após ele encontrar e conseguir sacar a Espada Espiritual perdida por sua irmã, a Rainha dos Duendes propôs que ele e Dominó se aliassem a ela para derrubar sua rival. A amizade feita entre Neena e o pequeno Nathan (que insiste que todos o chamem de Cable) ajudou nesse objetivo.

Juntos, eles conseguiram destruir boa parte do exército de Illyana e Nastirh (ele próprio acabou perdendo a cabeça... literalmente). Mas, ao alcançar a sala do trono da diabólica jovem, encontraram o local vazio: ela era muito mais esperta e perigosa do que podia parecer e, ao remover a alma de Noturno de seu corpo, ela não só matou Kurt como transformou seu corpo em um novo demônio, mantendo seus poderes: após criar uma distração com seus demônios para tirar todos os X-Men de sua base (e olha que não eram poucos mutantes), ela usou seu novo servo para atravessar a barreira e destruir o dispositivo de Fera e do Doutor Estranho. O resultado foi um verdadeiro massacre, em que quase todos os X-Men morreram.



Para piorar a situação, o Xerife de Agamotto apareceu para nomear a Criança Infernal como nova Baronesa, mostrando que os X-Men sobreviventes não deveriam esperar pela benevolência do Imperador Destino... Colossus e Dominó conseguiram encontrar seus colegas e Piotr assumiu que estava errado em insistir no resgate de Illyana... o que não acalmou a fúria de Scott. Tornando tudo mais tenso, Dinamite reapareceu, reparada pelo Senhor Sinistro, que aproveitou o DNA de sua “paciente” para criar demônios com seu poder. A ideia de Sinistro era propor uma aliança contra a nova Baronesa, mas tudo foi por água abaixo quando Madelyne decidiu matar seu criador. Em resposta, as crias de Sinistro mataram o Príncipe dos Duendes e Illyana achou seus inimigos.



Na batalha final entre irmãos, Piotr repetidamente falhou em matar a Criança Infernal, convencido de que a alma pura de sua irmã ainda podia ser resgatada. Apenas quando ela atacou Dominó foi que Colossus aceitou que a Illyana que conhecia já estava morta e matou a criatura com a Espada Espiritual. Mas era tarde demais: ele, Neena e Tabitha foram os únicos X-Men sobreviventes na guerra infernal. Sozinhos, só restou a eles buscarem abrigo em outra parte do Mundo Bélico... e torcer para seu imperador não decidir persegui-los.

E o Limbo? Bem, com todos os seus opositores mortos, não foi difícil para Madelyne absorver o poder jorrando do cadáver da Criança Infernal e se tornar a nova Baronesa do Limbo. Com seu filho Nathan ao lado, a Rainha dos Duendes promete um reinado ainda mais infernal que o de sua antecessora...



Ao contrário de outras minisséries ligadas a Guerras Secretas, Inferno tem uma arte bem atual, desvinculada do estilo dos anos 1980, incluindo uniformes modernos para os X-Men. Da mesma forma, Hopeless investiu em algumas de suas ideias em revistas recentes, como o romance de Colossus e Dominó. Apesar disso, elementos da saga original se mantiveram, como os objetos animados (Longshot chega a conversar com um carro, em certo momento) e a alternância entre momentos pesados (vide a morte de praticamente todos os X-Men e seus aliados) e cômicos (como a insistência do pequeno Nathan por seu codinome, ou a reação da Dinamite ao perceber que estava sendo esculachada pelo Senhor Sinistro). Leitores que gostam de histórias cheias de super-heróis provavelmente também vão curtir as pontas de dezenas de X-Men mostrados (alguns dos quais se encontram esquecidos há muito tempo) ou a presença do grupo místico (Dr. Estranho, Irmão Vodu, Nico Minoru e Wiccano) e do Visão ajudando-os.

Inferno foi uma leitura agradável no fim das contas, embora eu a considere uma das edições mais fracas de Guerras Secretas: X-Men (talvez acima de Dinastia M). Seja como for, fica a torcida para que essa minissérie anime a Panini a publicar a verdadeira saga Inferno para o Brasil no futuro!

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