terça-feira, 22 de novembro de 2016

Soldado Invernal: Inimigo Íntimo


Bucky Barnes, o Homem da Muralha, continua com sua missão de proteger a Terra de ameaças que ela nem sabia que existia. Ele tem a ajuda de Daisy "Tremor" Johnson em suas andanças pelo espaço sideral. A última delas os levaram ao planeta Mer-Z-Bow para assassinar a Princesa Ventolin e decifrar uma charada dada a ele por Loki, o deus asgardiano da trapaça: "a luva perdida está feliz". Inesperadamente, Bucky se apaixonou por ela, o que fez modificar seu plano inicial. Ainda mais surpreendente foi a chegada de uma versão dele "mais velha", oriunda de um outro universo a duzentos anos no futuro.

Sua chegada à nossa dimensão foi acompanhada de seu maior inimigo, Ossos Cruzados, que aparentemente não é o que conhecemos. Isso não evitou que ele entrasse em combate mortal contra o Bucky de nossa dimensão. Quando o vilão estava prestes a ser derrotado, ele conseguiu escapar graças à detonação de uma bomba que havia plantado antes no palácio real, com Bucky, Daisy e Ventolin no interior. O Bucky do futuro assistiu a tudo de longe, sem conseguir intervir. Agora ele precisa dar um jeito na situação, como mostrará o escritor Ales Kot e os desenhistas Marco Rudy e Langdon Foss no encerramento do título "Bucky Barnes: The Winter Soldier" em suas edições de #6 a #11, reunidas aqui em um encadernado lançado pela Panini. Este encadernado, aliás, se passa logo antes de Guerras Secretas.



Enquanto o "nosso" Bucky se recupera de ferimentos sofridos na explosão, o outro tenta se explicar com Daisy e Ventolin. Ele conta que lutou contra seu oponente por setenta anos, mas pensava que ele havia morrido no último confronto entre os dois. Mas o velho Soldado Invernal saiu de sua aposentadoria ao vislumbrar por um fantástico engenho que construiu, o "motor do paradoxo da realidade", a morte do Bucky que conhecemos e de Ventolin.

Em seguida, tomamos conhecimento de que este Ossos Cruzados é o Nick Fury Jr. de uma outra realidade, que idolatrava seu pai e o via lutar ao lado de outras versões de heróis que conhecemos bem em uma guerra longínqua. Um dia, infelizmente, a guerra chegou no mundo paradisíaco em que morava. Só lhe restou a companhia de uma inteligência artificial que praticamente o criou na ausência do pai e uma cicatriz bem característica no olho esquerdo. O garoto cresceu, enlouqueceu de ódio e assassinou todos os antigos companheiros de seu pai, menos um. 




Agora, depois de fugir da explosão que ele mesmo causou no palácio real, ele se aproxima novamente com uma arma colossal, do tamanho de um planetoide, disposto a preencher de vez essa lacuna.

Enquanto isso, os dois Bucky Barnes compartilham uma dose de illum, o que os fazem ter uma experiência onírica com Ventolin. A comunhão entre os três é interrompida por Loki, que os avisa sobre Ossos Cruzados. Ele diz que é capaz de interromper as ações do vilão, desde que tenha controle dos campos de illum do planeta. O objetivo dele é distribuir o poderoso ansiolítico para seus "adoradores" e assim ser idolatrado por eles. Ventolin aceita os termos de Loki, que corre para pedir a seu aliado que interrompa os disparos na superfície do planeta. 



O ataque cessa, mas os dois Bucky Barnes e Daisy partem para a gigantesca nave de seu adversário para confrontá-lo definitivamente. Daisy se adianta e derrota o vilão, mas ele escapa mais uma vez em uma nave auxiliar, com o velho Barnes em seu encalço em outra. Ele tem a insólita companhia do "Grande Reznor", criatura egressa de uma missão anterior do "nosso" Bucky. Em Mer-Z-Bow, Ventolin aprisiona Loki depois de se cansar de ouvir as bravatas do asgardiano. No espaço sideral, as duas naves se aproximam cada vez mais em direção a um "buraco branco" capaz de levá-los de volta a seu universo de origem. Numa medida desesperada, Barnes atira a sua nave de encontro à de seu oponente para terminar essa guerra particular de uma vez por todas.

As duas naves emergem do outro lado do portal, mas apenas Bucky Barnes e o "Grande Reznor" sobreviveram à passagem. Bucky fica aliviado de ter retornado à sua dimensão de origem e corre de encontro à sua amada Ventolin. Na "nossa" realidade, Bucky e Ventolin se colocam diante do "motor do paradoxo da realidade". A jovem diz que finalmente "a luva perdida está feliz". Ele pergunta a sua amada sobre o significado disso e ela retruca se quer que lhe explique o significado. "Não", ele responde, "acho que entendi", enquanto a figura de ambos se desvanece por completo.



Pelo visto, Ales Kot não quis explicitar o significado da enigmática frase, deixando isso ao encargo dos leitores. Certamente é algo ligado à feliz união do casal, após tudo ter se resolvido da melhor forma possível. Qual é a sua opinião a respeito do significado dela? 

De maneira geral a história é interessante, apesar do escritor complicá-la demais. Os desenhos de Marco Rudy combinam bem com o "psicodelismo" do enredo, apesar dele exagerar no virtuosismo do traço em alguns momentos. Mesmo assim, o resultado prende a atenção do leitor e sua narrativa, mesmo não sendo das mais fáceis de acompanhar, funciona a contento. O desenhista Langdon Foss apresenta com competência a realidade do Bucky do futuro, mas novamente não foi creditado pela Panini.

Não posso deixar de mencionar o excelente trabalho de Michael Del Mundo como capista da série. A minha favorita é a que foi utilizada na edição original #7 (terceira ilustração da resenha, de cima pra baixo, encontrada também na contra-capa da edição nacional), em que o Nick Fury Jr. "criança" está encarapitado nos ombros de seu tutor robótico, que solta uma pipa. As nuvens do céu formam o rosto de Ossos Cruzados e a rabiola da pipa, o sorriso dele. Uma imagem fantástica e desoladora ao mesmo tempo. 

C@rlos

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