domingo, 5 de junho de 2011

Maratona 616: 10 Fatos sobre Charles Xavier

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Temidos e odiados por um mundo que juraram proteger, os mutantes dos anos 60 chegaram aos cinemas com X-Men: Primeira Classe. E quem chega ao centro das atenções na Maratona 616 agora é o homem responsável pela existência da equipe mutante, seu fundador e mentor, Charles Xavier. Aqui estão as 10 coisas que você precisa saber (e, com razão, sempre foi meio receoso em perguntar) sobre um dos personagens mais intrigantes dos quadrinhos.

10– O nome do meio

Nascido nos Estados Unidos, o filho de Brian e Sharon Xavier recebeu, como é comum por lá, um nome do meio ao qual ninguém quase nunca se refere, mas que quase sempre existe. No caso do Professor X, o nome do meio escolhido por seus pais foi Francis. Disso muitos leitores até devem saber, mas algo que poucos sabem é que, apesar de o personagem ter aparecido em uma publicação pela primeira vez em setembro de 1963 (a lendária X-Men #1), seu nome do meio só foi citado pela primeira vez em janeiro de 1996! Sendo chamado apenas por seus primeiro e último nomes desde que Stan Lee e Jack Kirby o criaram, foi só quase 33 anos depois que o roteirista Scott Lobdell estabeleceu seu nome completo como Charles Francis Xavier, na revista Uncanny X-Men #328.

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9– Xavier existe

Charles Xavier sempre foi um homem inspirado e inspirador, tendo características boas e ruins e uma personalidade muito humana, sendo um personagem muito próximo de uma pessoa real. Isso é, claramente, fruto da inspiração e trabalho de seus criadores e dos escritores e artistas que trabalharam a personagem durante todas as suas décadas de existência. Entretanto, pessoas muito parecidas com o Professor X já estiveram entre nós.

Já sabemos (sendo que isso é inclusive explorado em X-Men: Primeira Classe) que Charles tem sua personalidade ativista e ideal de convivência pacífica, fim de preconceitos e discriminação inspirados no lendário líder norte-americano pró-igualdade racial Martin Luther King – falaremos mais disso ainda nesse artigo, segure-se. Mas há ainda outra importante inspiração, dessa vez visual, assumida por Stan Lee para a criação do personagem e muito pouco conhecida do público. Trata-se do ator ganhador do Oscar Yul Brynner, astro de Hollywood dos anos 50. Eu não o conhecia e confesso que fiquei espantando com a semelhança, haha.

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(Saiba mais sobre o ator, fotógrafo, escritor e músico Yul Brynner aqui.)

8– Tecnologia

Já já falaremos sobre a carreira de Xavier, suas formações profissionais e empreitadas, mas já dá pra adiantar que ele é um gênio. Somados a isso seus excelentes contatos no mundo científico (que incluem alguns dos maiores gênios do planeta e outros fora dele), não é de se estranhar que Charles já tenha utilizado interessantes equipamentos tecnológicos durante sua vida.

Sua criação tecnológica mais consagrada é o Cérebro, o supercomputador, banco de dados e detector de mutantes que apareceu pela primeira vez na edição 7 da revista X-Men dos anos 60. Nessa ocasião, Xavier entregou uma versão portátil a seu líder de campo, Ciclope, para rastrear mutantes malignos. Na época, Cérebro era apenas um computador na mesa do Professor X, era operado por cartões (pois é, lembremos que eram os anos 60!), e sua interface com capacete para operação telepática ainda não havia sido mostrado, sendo introduzida mais tarde. O que também foi contado mais tarde (em X-Men 40, numa história extra que contava as origens dos X-Men) é que antes de Cérebro havia seu protótipo Cyberno, e foi com ele que Xavier soube da existência de Scott Summers, o Ciclope. Cyberno possuía uma versão tosca do capacete de Cérebro. Em 2001, na estréia da revolucionária fase do escritor Grant Morrison a frente dos X-Men, Cérebro foi reformulado por Xavier e o Fera para tornar-se ainda mais poderoso, passando a ser chamado de Cérebra, nome esse mantido até hoje pelos X-Men.

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Outro equipamento clássico proporcionado pelo Professor X a seus X-Men é a Sala de Perigo, existente desde a primeira edição da revista dos X-Men. Inicialmente sendo apenas uma sala de treinamento “comum”, com equipamentos para exercício físico e armadilhas, como lança-chamas, projéteis, paredes que se fecham e afins, a sala ganhou um upgrade e tanto depois que os X-Men conheceram os Shiar. Com a tecnologia alienígena e o apoio do Dr. Henry McCoy (o Fera), a Sala de Perigo tornou-se baseada em hologramas de luz sólida, que poderiam personificar qualquer pessoa e cenário imaginável, de acordo com sua programação. Mais tarde, foi revelado que essa versão baseada em tecnologia Shiar da sala possuía uma consciência aprisionada, que ao se libertar tornou-se a vilã Perigo, mas também voltaremos a esse assunto aqui mesmo.

Vale também citar um equipamento pessoal de Charles que se tornou bastante famoso, principalmente graças ao desenho animado nos anos 90: a cadeira de rodas flutuante. Nos anos 90, ao reformular o visual dos X-Men para uma nova fase em que, depois de muito tempo, os mutantes estavam reunidos na Mansão X sob o comando de Xavier, o desenhista Jim Lee criou essa “cadeira de rodas” arrojada. No lugar das rodas, ela possui um aparato de flutuação, o que a mantém no ar, a poucos centímetros do chão, dando um ar hi-tech ao professor. Além disso, a cadeira possuía sistemas de comunicação baseados em hologramas.

7- Carreira

Possuindo uma mente naturalmente genial e os poderes mutantes que o tornam o telepata mais poderoso do mundo, Charles foi um excelente aluno e atleta, embora tenha desistido do último por crer que seus poderes o davam uma vantagem injusta. Formou-se com louvor na Universidade de Harvard aos 16 anos de idade, possui PhD em Genética, Biofísica, Psicologia, Antropologia e Psiquiatria e ainda possui contribuição ímpar em pesquisas sobre genética, mutação e poderes psiônicos, além de ser o inventor da tecnologia Cérebro.

Fundador da Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier (mais tarde chamada de Instituto Xavier) e dos X-Men, Xavier sempre foi respeitado e requisitado por outras equipes super-poderosas como Quarteto Fantástico, Vingadores e SHIELD, como intelectual e consultor. Charles também já foi consorte real do império alienígena Shiar, durante o tempo em que viveu ao lado de sua amada Lilandra, imperatriz (ou majestrix, como é chamada) de lá.

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O impressionante currículo rendeu a Charles Xavier um lugar na lista dos super-heróis mais inteligentes na revista real Businessweek.

6- Habilidades e Limitações

O Professor X é o telepata mais poderoso da Terra. Isso o permite ler mentes, projetar seus pensamentos a mentes alheias, além de diversas variações disso, sendo capaz até de manipular mentes e transportá-las para o mundo onírico (o “mundo dos sonhos”, onde o tempo passa muito mais devagar que no mundo real. Charles pode transportar mentes para esse estado quando julga necessário poupar tempo. O fato de que o tempo corre bem mais divagar nos sonhos é real, inclusive.). Outro uso bastante famoso de seus poderes é a projeção astral, que lhe permite aparecer para pessoas fisicamente distantes, de corpo inteiro e nítido, em silhueta (geralmente azulada) ou apenas parte de seu corpo, como era muito utilizado nos anos 60, na forma da clássica cabeça flutuante do Professor X.

Além de seus poderes mutantes e já citadas habilidades intelectuais, Charles possui o que Magneto já se referiu como “refinadas habilidades de combate”, devido ao treinamento em artes marciais que recebeu em viagens pela Ásia durante sua juventude, quando viajava ao redor do mundo após a Guerra da Coreia, na qual lutou como soldado.

Os poderes mentais de Charles tiveram um efeito colateral em seu corpo ao se manifestarem, na sua adolescência: a queda de todo o cabelo em sua cabeça, tornando-o um careca bastante precoce. Anos depois, uma limitação muito mais significativa abalaria Xavier. Ainda viajando pelo mundo, Charles se deparou, em uma cidade perto do Himalaia, com um alienígena que se auto-intitulava Lúcifer e planejava a invasão da Terra por seu povo. Ao ter seus planos frustrados por Xavier, o alien se vingou atacando-o com um gigante bloco de pedra, ataque que acabou deixando-o paraplégico.

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Muitos anos depois, o Professor X foi infectado pela Ninhada, raça alienígena parasita que pretendia usar seu corpo como hospedeiro para sua rainha. Os aliens tiveram sucesso, mas cientistas shiars criaram, a mando de Lilandra, romanticamente envolvida com Charles na época, um clone mais jovem do corpo dele e transferiram sua mente, que permanecia intacta no interior do monstro, para ele. Com isso, Xavier passou a possuir um corpo mais jovem e capaz de andar, já que sua deficiência não é genética, inscrita em seu DNA. Porém, o Professor X passou por uma longa e por vezes frustrante fisioterapia para convencer sua mente de que suas pernas eram agora sadias.

Depois de muito tempo caminhando sobre as duas pernas, Xavier sofreu, durante uma batalha épica contra o Rei das Sombras para salvar o mundo, um ataque do vilão que esmagou sua coluna e o levou de volta à cadeira de rodas. Muito tempo depois, quando seus X-Men enfretavam sua gêmea maligna Cassandra Nova, que havia se apossado de seu corpo, o x-man “curandeiro” Xorn concertou o problema de Charles, fazendo-o andar novamente. Meses depois, Xorn revelou-se um infiltrado Magneto que havia usado nano-sentinelas (que Cassandra Nova pusera na corrente sanguínea dos X-Men) para sustentarem a coluna do professor, desfazendo o processo por pura perversidade. A Marvel depois estabeleceu que Xorn não era Magneto e sim um mutante chamado Xorn passando-se por ele, mas acredite, você não quer ouvir nem ler mais sobre isso.

Xavier, assim, voltou a sua cadeira de rodas, onde ficou até simplesmente desaparecer por magia da Feiticeira Escarlate no início da saga Dinastia M. Ao fim da história, quando a filha de Magneto sentencia o fim dos mutantes e desfaz as demais transformações mágicas que havia feito no mundo, Charles é materializado de novo, com as pernas saudáveis, porém como um Homo sapiens comum, sem seus poderes, conforme queria Wanda Maximoff. Não muito tempo depois, ao ser jogado dentro do artefato místico Cristal M’kraan numa tentativa de assassinato, Xavier recuperou seus poderes telepáticos, havendo insinuações do escritor da época, Ed Brubaker, de que ele estaria agora ainda mais poderoso que no passado.

5- Xavier e as mulheres

Ao longo de sua vida, Charles teve alguns sérios relacionamentos amorosos, e suas parceiras mais importantes ganharam significativo papel na própria mitologia dos X-Men. Quando jovem, ao estudar numa universidade na Inglaterra, Xavier conheceu a jovem Moira Kinross. Eles se apaixonaram e pretendiam casar-se. Porém, quando Charles lutava na Guerra da Coreia, soube por carta de Moira que eles tinham terminado e que ela se casaria com seu antigo namorado, Joseph McTaggert. Moira McTaggert não foi feliz no casamento, ao apanhar do marido e ter o filho mutante enlouquecido Kevin, que se denominava Proteus. Devido a sua pesquisa científica no campo da mutação, ela sempre manteve contato com Charles, estando ao seu lado inclusive quando ele criou os X-Men, porém sem haverem grandes referências sobre um possível envolvimento romântico entre os dois.

Quando viajava pela Europa, à época que conheceu Magneto, Xavier ajudou uma sobrevivente catatônica do holocausto nazista com quem depois namorou, Gabrielle Haller. Ao decidirem terminar o romance, Charles seguiu viagem. O que nenhum dos dois sabiam é que ela havia engravidado de um filho dele, David Haller, o mutante Legião, que o Professor X só foi conhecer muito tempo depois.

Não muito depois disso, ao perder o movimento das pernas, Charles foi ajudado em sua recuperação, na Índia, pela enfermeira americana Amelia Voght. Eles se apaixonaram, moraram juntos naquele país e depois disso mudaram-se para os EUA, indo morar na mansão que Xavier herdara de sua família. Amelia também é mutante e sempre teve dúvidas sobre os ideais do Professor X, e o deixou no dia em que ele levou Scott Summers para morar com eles, por crer que Charles estava indo pelo caminho errado. Mais tarde, ela tornou-se acolita de Magneto.

Tempos depois, quando os X-Men já estavam em sua segunda geração, Xavier começou a ter estranhos pesadelos com guerras alienígenas, até que uma habitante de outro planeta finalmente conseguiu se materializar para ele em busca de ajuda para salvar o império de sua família. Ela era Lilandra Neramani, que soube de sua existência quando ele impediu uma invasão dos alienígenas Z’nox à Terra, anos antes. Os dois acabaram tendo um longo relacionamento, com Charles residindo fora da Terra por um bom tempo como consorte real de Lilandra.

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Há ainda um polêmico suposto interesse romântico platônico do Professor X, e falaremos dele a seguir.

4- Charles Xavier e Jean Grey

Apesar de Scott Summers ser seu primeiro x-man, Jean Grey foi a primeira aluna de Charles, a quem ajudou a controlar as habilidades telecinéticas desde bem jovem, chegando até a bloquear a telepatia da menina enquanto não a julgou pronta para lidar com tal poder. Fontes dizem que na terceira edição da primeira revista dos X-Men, Xavier chega a refletir sobre seus sentimentos por Jean, que considera inadequados devido ao fato de estar em uma cadeira de rodas (?), da diferença de idade e por ser seu professor. Muito tempo passou sem nada mais ser dito, pensado ou insinuado até que, nos anos 90, ao criarem uma saga que mostraria o lado negro do Professor X, Massacre, os roteiristas trouxeram de volta esse fato, quando o monstro nascido da mente de Xavier revela o interesse na aluna. Há quem pense que se tratou apenas de uma tramóia da entidade, a fim de denegrir a imagem do professor com a revelação de algo “inadequado”, mas a possibilidade de que Charles tinha mesmo uma “quedinha” por Jean Grey é bastante considerada, tendo sido até levada para a versão Ultimate dos mutantes.

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De uma forma ou de outra, Charles sempre teve uma relação um pouco diferente com sua primeira aluna. Ainda nos anos 60, ao querer se preparar para conter uma vindoura invasão alienígena de que tomou conhecimento, o Professor X se isolou de seus alunos e deixou um mutante transmorfo em seu lugar. Nenhum deles sabia da troca, exceto Jean que, a pedido de Xavier, seguiu com a farsa até mesmo quando Morfo (o substituto) morreu e a ruiva fingiu acreditar que quem estava morto era seu professor. Muito tempo depois, pouco antes da última morte de Grey, Charles disse que tiraria férias e queria que Jean assumisse o comando do Instituto Xavier, o que não aconteceu devido ao falecimento dela. Depois disso, quando os alunos do Professor X questionavam uma decisão não muito ética dele, perguntam se alguém sabia quem ele realmente era. A isso, Charles responde: “Gosto de pensar que Jean sabia.”

3- Sangue do meu sangue?

Charles Xavier não é o único de sua família dotado de poderes sobre-humanos. Seu irmão de criação Cain Marko, filho do segundo marido de sua mãe, nasceu um humano comum, mas ao se deparar com o místico Rubi de Cittorak, tornou-se uma espécie de detentor do poder destrutivo de um deus maligno, passando a se chamar de Fanático. Cain sempre teve ciúme de Charles, de quem seu pai parecia gostar mais que dele, seu próprio filho, o que o fez tornar-se um tipo de “valentão”, sempre atormentando e agredindo o jovem Xavier. Pouco depois da formação dos X-Men, Cain ressurge na vida de Charles como o Fanático, um dos inimigos mais poderosos e difíceis de lidar dos mutantes, que voltou a bater de frente com a equipe diversas vezes e, apesar de ter tentado se regenerar e fazer parte do grupo, com o tempo acabou voltando a sua posição de antagonista.

Outro parente de Xavier que deu trabalho para ele e sua equipe foi o filho que teve sem saber com Gabrielle Haller, David Haller, o Legião. Sofrendo de um transtorno de múltiplas personalidades e vastos poderes mentais, David efetuou tentativas de agradar o pai que acabaram só gerando problemas que os X-Men tiveram de conter.

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Porém, a “parente” mais destrutiva de Charles é Cassandra Nova. Nascida um mummudrai, entidade psiônica parasita sem corpo que, segundo a lenda shiar representa “o oposto” de cada pessoa, Cassandra copiou as células de Charles para criar um corpo para si quando este estava no útero de sua mãe, crescendo ali como sua irmã gêmea. Xavier, ainda um feto, percebeu os pensamentos malignos e destrutivos da criatura e a enfrentou numa luta intra-uterina, eliminando-a com seus incipientes poderes psiônicos. Após o nascimento do bebê Xavier, o mummudrai sobreviveu em um amontoado de células e cresceu com um corpo longe da família de Charles, acreditando que o universo que habita não é diferente daquele útero, que nele existem apenas ela e Charles, sendo ele seu oposto, e o objetivo dela é destruir todas as ilusões que são queridas para ele, como seu sonho, seus X-Men e sua amada Lilandra. Essa cruzada levou a vilã a assassinar 16 milhões de mutantes na nação soberana Genosha e a quase acabar com a vida do Professor X e seus X-Men.

2- O Pesadelo

Cassandra Nova representa o oposto de Charles Xavier, de seu ideal de paz e convivência pacífica, mas ela não é única manifestação sombria do Professor X. Em X-Men #106, revista lançada em 1977, a segunda geração de X-Men enfrenta imagens da equipe original, criadas pelo que Xavier definiu como um lado negro seu, que usaria seus poderes para objetivos de ganho pessoal e conquista, um lado que ele geralmente consegue manter sob controle. Numa minissérie de 1984, em que os X-Men se aliam aos Micronautas (heróis de um universo microscópico), os heróis enfrentam uma entidade originária dos desejos sombrios de Charles, que ameaça destruir o Microverso. A principal manifestação do lado sombrio do Professor X foi na nada-aclamada saga Massacre, nos anos 90. Antes dela, Xavier se enfurece e apaga a mente de Magneto. Nisso, o lado sombrio e egoísta de Charles começa a se desenvolver, influenciado ainda por um elemento maligno que saiu de Magneto e se juntou a mente do professor durante o ato. A crescente ameaça interna atinge seu ápice com o surgimento do vilão Massacre, uma personificação extremamente poderosa do lado sombrio de Xavier, que só pôde ser derrotada com extremo esforço dos principais heróis Marvel unidos.

Além de tudo, há um lado não-santo de Xavier que não é super-poderoso, e sim bastante comum, do tipo que qualquer um de nós tem. Tratam-se das escolhas difíceis que Charles já teve de tomar em nome do que ele considerou o bem maior e que nem sempre agradaram seus alunos e outros envolvidos, ao serem, por vezes, anti-éticas e envolverem grandes mentiras e omissões. O Professor X participou secretamente durante quase toda a existência dos X-Men de um grupo secreto de figuras de liderança do universo Marvel que pretendiam discutir nas sombras sobre os rumos do mundo em que viviam, os Illuminati. Grupo que, mesmo sem sua presença no momento, enviou o Hulk para o espaço a fim de livrar-se de sua ameaça.

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Dentro de sua escola, duas decisões recentemente desmascaradas puseram muitos de seus pupilos contra ele. Quando os X-Men originais ficaram presos em Krakoa, a Ilha Viva, Charles criou uma equipe de resgate liderada pelo irmão perdido de Ciclope, o Vulcano. Esse grupo de jovens acabou morrendo no local, e sua existência foi jogada para debaixo do tapete e apagada da memória de Scott Summers, vindo à tona apenas quando Vulcano voltou à vida dos X-Men. Há também a revelação de que a Sala de Perigo apresentava uma consciência independente originária da tecnologia shiar, que fora aprisionada por Charles por ele não ter sabido como lidar com ela durante anos. A verdade apareceu quando a consciência libertou-se, assumindo a identidade de Perigo, uma entidade cibernética que quis matar o Professor X.

1- O Sonho

Baseado em Martin Luther King, Charles Xavier é marcado, assim como sua inspiração da vida real, pela frase “Eu tive um sonho...” Assim como King sonhou com a integração racial nos EUA, com o respeito dos direitos civis e a igualdade, Xavier sonhou com a integração mutante e sua convivência pacífica com a humanidade.

Isso remete à grande metáfora representada pelos X-Men e os mutantes, e de como seus quadrinhos e series derivadas deles sempre mostraram a aceitação de diferenças como algo totalmente necessário para a vida humana digna. A metáfora com a luta dos negros defendidos por Luther King, a origem judia de Magneto e o constante fantasma dos campos de concentração sobre os mutantes, as diversas nacionalidades, religiosidades e sexualidades dos diversos integrantes do grupo, sempre apontam para a importância da integração das diferenças, seguindo o tipo de valor defendido pelos ideais de Xavier. O fato de os mutantes manifestarem seus poderes na puberdade é associado também à adolescência e conflitos com o mundo dos adultos, sentimentos de insegurança, inadequação e afins tão comuns, fato reforçado pela constante formação de grupos adolescentes de X-Men, tais como a primeira equipe.

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Outro significado associado ao surgimento dos poderes mutantes nessa fase da vida é uma analogia à homossexualidade, metáfora muito adequada (fica aqui a recomendação para que assistam ao filme Milk, com Sean Penn, para quem quiser ver o quanto a realidade influencia em certas histórias dos X-Men). Tudo isso mais a constante luta dos mutantes contra grupos anti-mutantes de extrema direita, fundamentalistas religiosos e afins demonstra a extensão de todas essas metáforas.

Por tudo isso, perto ou longe dos seus X-Men, a importância do sonho de Charles Xavier sempre permanece, dentro de seu universo e metaforicamente fora dele. Dessa forma, enquanto convivemos com problemas tão próximos dos que os mutantes enfrentam em nosso dia-a-dia, os X-Men de Charles Xavier persistem, tal como os que defendem os direitos das minorias e igualdade, temidos e odiados por um mundo que juraram proteger.

Léo

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