sexta-feira, 15 de agosto de 2014

X-Men Legado: Exóticos Invasores


David Haller, conhecido como Legião e Ruth Aldine, a Olhos Vendados do X-Men, vinham tentando construir um relacionamento afetivo tão sincero quanto possível entre duas pessoas tão disfuncionais. Depois de terem derrubado juntos a seita anti-mutante "Igreja do Receptáculo Feliz", a mesma que doutrinou o irmão psicopata de Ruth, Luca e de vários encontros não convencionais, parecia que eles iriam se entender muito bem. Porém, a iniciativa de David de lobotomizar preventivamente um alienígena chamado Aarkus, que estava influenciado por um livro chamado "O Gene Tóxico" e que eliminaria toda a espécie mutante sem o menor esforço, causou um grande estremecimento entre o casal. Mesmo sentindo muita tristeza, David continuou firme no propósito de evitar o futuro previsto por Luca no livro "Minhas Revelações", em que ele patrocinaria um genocídio mutante que apenas Ruth seria capaz de impedir. Está tudo pronto para o começo do arco "Exóticos Invasores", escrito por Simon Spurrier e desenhado por Paul Davidson e Tan Eng Huat em suas duas primeiras partes, que saíram em X-Men Legacy #10 e #11 nos EUA e publicado no Brasil em X-Men Extra #6 pela Panini.

O passo seguinte de David é estabelecer um acordo com uma de suas múltiplas e poderosas personalidades que assumiu a forma de seu falecido pai, Charles Xavier. David descobriu que ela tem "assassinado" outras e roubado os seus poderes, inclusive de precognição. David quer que ela mostre o futuro que lhe aguarda e ela, em troca, exige ter sessenta segundos de controle total do corpo físico do rapaz e no momento em que ela quiser. O trato é feito nesses termos e David recebe o que queria. Ele visualiza uma horrenda criatura que absorveu as mentes de todos os mutantes que já existiram e David logo percebe que se trata dele próprio. "Agora sei que vou devorar o mundo e que apenas Ruth é capaz de me deter", ele conclui.

Enquanto isso, Ruth espiona David à distância sem que ele perceba com o auxílio de Cérebra, a super detetora de mutantes da Academia Jean Grey para Estudos Avançados e descobre que ele está com o livro de seu irmão. Não bastasse isso, ela presencia a ida dele ao Instituto São Francisco de Estudos Biossociais, localizado na cidade de mesmo nome, onde trava contato com Marcus Glover, o chefe do instituto. Ele é fundador do "Mártires de Darwin", um programa não lucrativo de caridade e de pesquisas científicas, pesquisas essas que concluíram que o "homo superior" não é uma evolução da espécie humana mas algo surgido de causas não naturais e são, como se diz no jargão científico, "exóticos invasores". Além disso, o livro anti-mutante "O Gene Tóxico", lido anteriormente por Aarkus, também é resultado dessas pesquisas.

Marcus sofreu enormes ferimentos simplesmente por estar na hora e locais errados em vários eventos de destruição causados por mutantes, mas mesmo assim não se deixou abater e nem quer criar uma guerra contra eles. Ele quer oferecer uma cura para que não venham a destruir o nosso planeta. Não é algo tão elaborado como a que foi criada pela Dra. Kavita Rao tempos atrás mas é algo que funciona, apesar de causar danos cerebrais a quem ingeri-la. Marcus confirma a suspeita de David de que o remédio que encontrou na Igreja do Receptáculo Feliz é proveniente deste instituto, mas nega que a iniciativa de mandá-lo para lá tenha partido dele. David não detecta nenhuma artimanha psíquica em todas as pessoas do local e se convence das boas intenções de Marcus. Por fim, ele pede para tomar esse remédio e evitar o futuro apocalíptico que presenciou. Ruth, ainda observando todos esses acontecimentos camuflada por Cérebra, grita em silêncio e decide impedir que isso aconteça.
Ruth consegue reunir um grupo de pessoas para ajudá-la, ainda que elas tenham contas a acertar com David: Câmara, Fada e Frenesi. Enquanto isso, David parece estar cada vez mais convicto de sua decisão, mas encontra o mesmo demônio onírico que em outra ocasião o atacou no plano psíquico. De maneira inexplicável, ele também assume a forma de sua falecido pai e diz que reuniu pessoas comatosas de todo o país e as animou, ou seja, David passou o tempo todo tentando ler mentes que não existem e obviamente não encontrou nada. Ele ordena que David esqueça "essa ideia de cura" e que "deixe o instituto e os pacientes em paz", mas David permanece irredutível e quer ser curado de qualquer jeito. 

Na verdade, tudo não passou de um teste feito pelo verdadeiro mandatário do instituto, que animava também o corpo do próprio Marcus. "Tente entender, rapaz, realmente sempre há um vilão por trás. Basta saber onde procurar', ele diz, disfarçado. Ainda assim, David não esmorece e pede para tomar a pílula capaz de curá-lo, mesmo que seja proveniente do homem que roubou o cérebro do seu pai, o Caveira Vermelha.
Podemos observar que Simon Spurrier, mesmo tendo priorizado desenvolver o relacionamento de David com Ruth nos números anteriores de Legacy, que não formaram um arco específico, colocou vários "plots" que estão sendo elaborados agora, como a origem do remédio que David encontrou na seita anti-mutante que desbaratou e do livro que quase proporcionou a extinção dos mutantes nas mãos de Aarkus. Vimos também que tipo de monstro David poderá se tornar no futuro. Gostei muito de ver como o escritor explorou os "danos colaterias" causados em pessoas inocentes durante os conflitos "super-heroicos". Achei sensacional o momento em que David se referiu aos X-Men como "a brigada carnavalesca de meu pai". Contudo, achei estranha a presença das Gêmeas Stepford na Academia Jean Grey bem no início da história, já que atualmente elas estão aliadas a Ciclope no título Uncanny X-Men, mas a aparição do Caveira Vermelha, que tem marcado presença no título Uncanny Avangers, publicado no Brasil em Avante Vingadores, foi algo surpreendente como aquelas coisas geniais e óbvias ao mesmo tempo e que expande o escopo de possibilidades deste excelente título mutante. 

Os desenhos de Paul Davidson me agradaram mais do que os de Tan Eng Huat, mas ainda lamento que o excelente Michael Del Mundo seja "apenas" o capista das edições. Gostaria muito de vê-lo desenhando também as histórias e não entendo por que a Marvel não faz isso. Desse modo, o patamar artístico do título alcançaria um nível comparável aos dos melhores trabalhos já publicados pela editora e lamento profundamente mais uma vez que isso ainda não tenha acontecido.

C@rlos



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