domingo, 24 de março de 2019

Arquivo Carol Danvers #5: Surge a Binária



Terminamos o último arquivo com o pior dos piores momentos da Carol Danvers. As palavras usadas por ela na edição anual #10 dos Vingadores escrita por Chris Claremont pareciam ser uma espécie de Mantra para o roteirista que queria ao máximo proteger sua personagem das mãos maldosas dos seus superiores. A história do estupro da heroína pegou mal já na época e se você leu relatos tempos depois dos envolvidos, vai ver que a maioria joga a batata quente pro alto. Se pegarmos hoje alguém para dar o depoimento, não há aquele que confirme o que de fato aconteceu nos bastidores.

Jim Shooter disse num artigo que escreveu em seu site em 2011 que não lembra de como seu nome foi parar na história como roteirista. Ele afirma que não escreveu uma linha dela e culpa a uma briga entre Claremont e David Micheline por tudo. Já David nunca se pronunciou devidamente a respeito, mas outros contatos internos confirmam que inicialmente era pra Carol estar grávida da Inteligência Suprema tendo assim um filho mestiço entre Krees e humanos. Havia uma história do Claremont na mensal da Ms. Marvel que dava margem para isso, porém o editor Shooter modificou o final da história de Micheline (que segundo ele lembrava muito o plot de What if #20) e fez sua drástica intervenção editorial e mudou aquela sandice... para pior. Não dá pra saber aqui se Micheline iria trabalhar devidamente essa história no fim de seu arco, mas particularmente nada poderia ser pior do que Shooter fez colocando Danvers mudando de opinião e seguindo com seu estuprador para viver "feliz pela eternidade".

Essa mancha na vida de uma personagem que veio com uma ideia de se tornar um marco da mulher moderna tinha que ser contornado. Só que não era fácil. Até mesmo para Chris Claremont, que passou mais de um ano na mensal ajeitando a sua heroína para algo que ele achava correto trabalhar era algo difícil de se trabalhar de novo. Era injusto para ele simplesmente deixar ela de escanteio, ser simplesmente esquecida. Então, talvez o caminho fosse mais uma vez "zerar" a cabeça de Danvers ou até mesmo sua identidade para começar... de novo. Puxando David Cockrum para o título dos mutantes de novo,  lá foi ele mais uma vez construir uma nova estrada para a Carol.

UM APOIO DOS X-MEN E UM PASSADO COM WOLVERINE

Quando se juntou aos X-Men, mesmo sem poderes, Carol Danvers começou a fazer parte de um vasto elenco de personagens coadjuvantes de Chris Claremont que sempre tiveram muito significado nas revistas como Moira MacTaggert, Stevie Hunter e Lee Forrester. Na edição 150 dos X-Men, a primeira em que ela aparece no título, ela se encontra com Peter Corbeau, um aliado de Xavier que  era físico, ex-astronauta e engenheiro espacial criador dos laboratórios Starcore, ou seja, alguém fácil de vincular ao passado de Carol. Juntos, eles ajudaram a levar Charles em uma lancha para ir de encontro a Magneto num dos combates mais marcantes da equipe e que levaria a um julgamento do vilão mais tarde.


Ainda mais do passado da personagem viria a ser explorado a partir da edição #154 dos X-Men quando Logan aborda Carol Danvers divagando sozinha em suas memórias confusas e ressalta que eles já trabalharam juntos como agentes da CIA. Eram dois personagens com o passado ainda bem em branco e seria muito fácil encaixar algo juntos. Nessa e em histórias por vir, Logan passa então a referi-la como "Major" ou o codinome de campo "Ace", sempre ressaltando que Carol salvou sua vida e a de Michael Rossi em missão. Carol só lamentava ainda mais não lembrar direito de nada do que Wolverine contava.

Em X-Men #158, Chris Claremont demonstra pela primeira vez que tem planos de trazer a personagem de volta ao heroísmo quando logo no começo da edição faz com que em um treino a Carol Danvers consiga quase dar conta sozinha dos Piratas Siderais Raza, Chod e Hepzibah. Peter Corbeau, que estava monitorando o treino, chama atenção que mesmo sem poderes, a estrutura corporal que Carol Danvers conseguiu quando era Ms. Marvel permanece e isso faz dela uma humana com condições físicas melhores que qualquer um normal.


A parte da Carol nessa edição vai um pouco mais além. Sendo a única além de Wolverine com conhecimentos de como funciona um corpo militar por dentro, ela acaba se juntando ao trio que invade o Pentágono para apagar dali toda e qualquer informação que eles tenham sobre os X-Men e que os ligue a Escola de Superdotados de Weschester. Ela, junto com os disfarçados Ororo e Logan, conseguem acesso ao Pentágono e lá acabam se deparando com Mística e sua filha adotiva Vampira (já que Mística como Raven Darkhölme era uma infiltrada do Governo na época). Após uma luta que acaba chamando ainda mais a atenção deles, Carol Danvers acaba conseguindo completar a missão e apagar os dados sobre os X-Men. Porém, aproveitando-se daquilo, ela decide que irá apagar também todos os registros sobre Carol Danvers e Ms. Marvel. Já que não se reconhecia mais como as duas, que elas sumissem da existência.



A VOLTA DE RAPINA E A ESTREIA DA NINHADA

Se você está acompanhando esses escritos desde o começo, deve lembrar que o arquivo #3 cita muito brevemente a personagem Rapina como uma nova vilã criada para a Ms. Marvel. Sim, a Shiar começou apenas sendo simplesmente uma mera antagonista da heroína, sem qualquer menção a sua origem real e como foi parar aí. Notadamente, Claremont já tinha a colocado com características dos Shiars desde a edição da Ms. Marvel#9 e foi na edição Ms. Marvel #22 que foi definido que ela estava presa na Terra e procurava recursos para sair dali e seguir seus planos.



Então, agora que Carol Danvers estava com os X-Men, nada mais justo do que levar a vilã para a revista mensal deles. Foi no número #155 que ela apareceu e revelou-se como a irmã mais velha de Lilandra e auto-proclamada herdeira do trono após a morte de seu irmão. Pelo que se sugere na história, D'Ken havia a exilado desde que se tornou soberano, talvez ciente dos desejos ansiosos da irmã do meio pelo trono. Nessa história, descobrimos que Rapina raptou a irmã com a ajuda de uma raça alienígena nefasta que iria marcar a história dos X-Men por anos - A Ninhada.

A Ninhada notoriamente era inspirado na raça alienígena criada por Ridley Scott em 1979. Tinham o mesmo ar insetoíde e a premissa de ocupar hospedeiro com seus ovos para nascerem os "filhos" emulando até mesmo algumas das habilidades de seus hospedeiros. Na ideia de Claremont, no entanto, antes mesmo de virem filmes e quadrinhos posteriores confirmando isso, as criaturas funcionavam como verdadeira colônias e tudo que queriam era sempre ter hospedeiros fortes para gerar crias ainda mais adaptadas. Nos quadrinhos, elas eram mais conscientes, ao menos poderiam falar e negociar acordos com outros. Foi assim que eles decidiram trabalhar junto com a Rapina. Ela reconquistaria seu trono e a Ninhada receberia em troca seres poderosos como esses X-Men como veículos.



O plot desse arco com a Ninhada que começa com a edição #155 vai se estendendo por duas edições e se torna bem convoluto. Teve direito a chegada dos Piratas Siderais para salvar e ajudar os X-Men, o Império Shiar dando um ultimato ao planeta terra para devolver a sua Majestrix raptada e a descoberta de que Rapina mancomunava um golpe com um tal Capitão Krik da frota Shiar para derrubar Lilandra. Até então, nessas edições, Carol Danvers não teria participação direta nas histórias. Mas mal se passou uma edição, a Ninhada voltou a atacar os X-Men e seria responsável por uma das maiores mudanças na vida da Carol Danvers.

BINÁRIA

O arco anterior já dava indicativos que os X-Men não tinham se livrado da ninhada totalmente e abria-se a suspeita de que o Professor X havia sido um dos primeiros infectados por ela. Já na edição #164, a Ninhada volta a atacar num momento descontraído em que os X-Men estavam confraternizando na nave imperial da Lilandra. Todos os X-Men foram pegos de surpresa e foram derrubados por um disparo. E entre eles, desta vez, estava Carol Danvers. Apesar de não ser uma mutante, o líder do clã Kamnehar percebeu que havia algo peculiar na assinatura biologia da terráquea e a levou para alguns experimentos.




Todos os X-Men foram infectados sem exceção. As mudanças começariam aos poucos, eles mal poderiam notar. Apenas dois personagens ali tiveram condições de mudar o jogo. O primeiro deles, é claro, foi o Wolverine que graças a seu fator de cura acelerado, reagiu a infecção da Ninhada e após muita luta eliminou o ovo de seu corpo (deixando completamente deformado no processo por um tempo). A outra era Carol Danvers, que foi definida como um anomalia devido a alterações genéticas que sofreu após o acidente que a tornou a  Ms. Marvel. Os cientistas da Ninhada procuravam destravar de novo seus poderes ao mesmo tempo que buscavam um jeito de invadir sua mente complicada quando chegou Wolverine e a libertou. Carol não precisou de dois minutos para se erguer, pegar uma pistola da Ninhada e estar pronta pra vingança. Ela mal sabia que tinha acabado de sofrer uma nova grande mudança em sua vida.

Foi na edição #164, após ajudar Logan a livrar alguns X-Men do controle mental, que ela começou a sentir os efeitos da modificação dos aliens em seu corpo. De dentro da cabine de piloto da nave imperial da Lilandra, ela se acendeu completamente e disparou fachos de energia para todos os lados eliminando naves da ninhada. Então, logo em seguida ela surge completamente transformada e de uniforme novo pra salvar Kitty Pryde, que tentava consertar externamente um problema na espaçonave Shiar. Seus poderes ali não estavam completamente definidos, mas como foi colocado na narrativa,  eram funcionalmente equivalentes a de uma estrela. Na mesma edição, ela também parece automaticamente já definir sua nova alcunha - Binária.



A história da Ninhada ainda segue por mais alguns números. Os X-men acabam descobrindo que estão todos infectados com exceção de Logan e da Binária. Enquanto Carol em um acesso de fúria rompe o casco da nave em busca de vingança dos aliens, Wolverine acredita que os X-Men estão fadados a um fim e que talvez ele tenha que ser o executor deles antes que se transformem. Acaba que os rumos da história levam toda a equipe ao planeta natal da Ninhada. A Binária, que chegou na frente de todos, começa a atacar em fúria as construções e os aliens por onde passa. Já os X-Men encontram um meio de se salvar graças a ajuda das Acantis, que são as naves-baleias-vivas usadas como meio de transporte pela Ninhada.  Em troca da cura, os X-Men ajudam as Acantis a se livrarem da escravidão que estão submetidas. Para isso, usam o novo poder da Binária para liberar uma "canção de libertação" do líder morto das Acantis pelo espaço e deixá-las seguir independentes.



Essa história é também a primeira em que o Lockeed, o dragãozinho da Kitty Pryde, aparece pela primeira vez e toca o terror da Ninhada. Sabemos depois que ele é um tipo de "predador" natural dos aliens. E esse arco de  histórias só se conclui definitivamente na edição seguinte quando os X-Men voltam pra Terra, eliminam a Ninhada que infectava o Professor, mas ao custo de que ele precisou mudar para um corpo clonado para sobreviver. É a partir dessa história que acompanharemos um Professor X que volta a andar e seguiria seu caminho próprio em aventuras estelares.


DEIXANDO OS X-MEN E VIRANDO UMA PIRATA SIDERAL

Carol Danvers teve pouco tempo na Terra com seus novos poderes para decidir o que faria de sua vida aqui. Na edição #171 dos X-Men, Charles Xavier atende ao pedido de ajuda da jovem Vampira que se diz conturbada desde que tomou os poderes da Ms. Marvel e tem conflitos de memória, decidindo recorrer ao único que pode ajudá-la. Considerando que anos depois Chris Claremont amenizaria pro lado da Vampira em duas edições da Marvel Super-Heroes descrevendo que a jovem vivia conturbada pelas visões da Sina, o que motivou-a a atacar a Ms Marvel, fica fácil aceitar a personagem no grupo. Mas na época não foi o que achou Carol Danvers.



Ao ser pega de surpresa com a Vampira na mansão, Danvers dá um soco nela que quase a leva a lua. Logo, Charles encerra o conflito e decide ajudar a menina, deixando Carol indignada. Ela se sente traída mais uma vez, porém como não é mutante e não tem nenhum elo com os X-Men, ela decide abandonar de vez o grupo. Curiosamente, Logan não estava naquela reunião no dia, onde provavelmente veríamos o Carcaju defendendo o lado da amiga. Em contrapartida, alguns anos depois, Chris Claremont tem a oportunidade de colocar uma história nesse mesmo período com os dois em Marvel Fanfare #24.

A edição da Marvel Fanfare de número#24 tem também a função de fazer justiça a Carol Danvers que foi mais vez colocada de lado e esquecida numa história importante do Mar-Vell, a sua morte. Depois de acompanhar Wolverine pela primeira vez na reunião secreta (porém famosa) de jogadores de Poker dos heróis da Marvel, eis que Danvers conhece pela primeira vez a Monica Rambeau, a Capitã Marvel. Daí, ela pergunta sobre Mar-Vell e descobre que ele morreu já há algum tempo. Irritada, ela sai dali em fúria e voa até a lua de Titã onde está o túmulo do herói e faz sua elegia. Carol se questiona se seu sangue modificado não poderia ter salvado ele, mas agora é tarde. Sentindo-se sozinha, quando retorna a Terra, Carol Danvers avisa a Logan que aceitou o pedido do Corsário de se juntar aos Piratas Siderais.



Contudo, em ordem de publicação, o destino da Binária já estava sendo preparado por Chris Claremont desde a edição #174 dos X-Men, quando ela se apresenta como nova membro dos Piratas Siderais e realizando segundo ela seu desejo desde sempre de Astronauta de singrar as estrelas e desvendar o desconhecido. A personagem dentro do título dos X-Men apareceu a partir daí em poucos quadros de interlúdio a partir daí. Em X-Men 200, ela e os Piratas Siderais voltaram a Terra para resgatar o Professor X que estava praticamente morrendo em seu novo corpo clonado e foi obrigado a deixar a Terra e os X-Men aos cuidados de Magneto para sobreviver. Ela ainda fez uma aparição numa história dos Novos Mutantes também no espaço.

O destaque mesmo de Binária como Pirada Sideral, no entanto, nunca foi devidamente publicado no Brasil. Em duas edições especiais chamadas X-Men spotlight on Starjammers temos o arco de histórias da Jornada do Phalkon. Essa foi uma das últimas histórias feitas por Dave Cockrum e tem roteiros de Terry Kavanagh. Ela conta justamente toda a aventura de Lilandra, Xavier e os Piratas Siderais pra recuperar o trono Shiar.



Notadamente, Carol Danvers e seus poderes são um grande diferencial para o lado dos Piratas Siderais, considerando que mais de uma vez eles tiveram que lidar com membros poderosos da Guarda Imperial que na época estava sob o comando de Rapina, incluindo aí o próprio Gladiador. Perto do fim, descobrimos os planos de Rapina de tomar o poder da Fênix da Rachel Summers e a história acaba levando a um encontro com o Excalibur, recém formado na época, e Kitty e Noturno revem Carol Danvers pela primeira vez depois de anos. Nessa história, também temos um drama lateral entre ela e Raza, quando o Ciborgue descobre que Binária matou seu irmão que era um dos guardas shiars de um ataque (e esse era pra ser um privilégio seu).



A história apesar de acompanhar uma derrota da Rapina, não termina com uma plena vitória da Lilandra. Xavier chega a recuperar a sua saúde e luta ao lado dos Piratas, mas o destino final só acompanhamos, assim como no Brasil, por volta de X-Men #275.

A PERSONALIDADE 'DANVERS' DA VAMPIRA

Enquanto a Binária se distanciava de sua velha vida e vivia sua próprias aventuras no espaço, de alguma forma a "psique" de Carol Danvers sobrevivia na Terra lá dentro bem fundo do subconsciente da Vampira. Chris Claremont começou a trabalhar a jovem adolescente com pequenos rompantes de personalidade de uma forma bem curiosa.

Na edição #182, Vampira tem uma história própria solo em que invade o aeroporataviões da S.H.I.E.L.D para salvar o seu primeiro grande amor, o coronel Michael Rossi. Nessa época, Rossi tinha acabado de "voltar" dos mortos numa história dos Novos Mutantes e estava de novo como um tipo de apoio super-secreto do professor X. Vampira não teve dificuldade nenhuma de atravessar as barreiras da base,  derrubar alguns agentes e encontrar Rossi. Parecia que ela já tinha toda experiência do mundo como agente secreta, mas tudo ali era apenas memórias da Carol Danvers vindo a tona. Rossi, que ainda via Vampira como uma vilã, não entendeu nada dos devaneios dela e agiu abruptamente quando a jovem deu entender que "Carol Danvers" era agora ela.



Em outra edição publicada em X-Men 203, revemos a briga entre Ms Marvel e Vampira que condenou as duas por muitos anos numa perspectiva que nunca apareceu naquela Vingadores Anual. Vampira relembra toda a cena e lamenta não saber mais onde as memórias de Danvers acabam e onde a sua vida começa. Nessa época, ela já estava há algum tempo sem ter mais a ajuda do Professor Xavier, que partiu desde a edição #200 dos X-Men.

O auge dessa confusão mental da Vampira acontece na primeira aventuras dos Mutantes ao invadir Genosha (edições #236 a #238). Ela e Wolverine são capturados e presos no país e ela acaba perdendo seus poderes graças aos colares inibidores e a história sugere que ela foi abusada por guardas. Vivendo seu pior, Vampira começa a falar com a parte da sua 'psique' que pertence a Carol Danvers e deixa essa sua "personalidade" mais experiente comandar seu corpo. A partir daí, Vampira muda até de voz e tem toda a expertise de agente especial que a Carol tinha.



Atendendo sob o codinome de 'Ace', mesmo sem poderes, ela salva Wolverine. É curioso ver que Vampira remonta mais do passado dos dois juntos na CIA, recontando sobre como Logan salvou os dois da KGB e  No final, a personalidade de Danvers chega até mesmo ameaçar matar o Genengenheiro de Genosha, mas é impedida por Psylocke. Em outras edições, durante alguns treinamentos da equipe, a personalidade 'Danvers' volta a aparecer e até mesmo desagrada alguns colegas de equipe.





DUAS PERSONALIDADES, DOIS CORPOS

Nesse tópico a parte, vai uma das pequenas confusões cronologicas que são difíceis de encaixar. Em 1990, quase dois anos antes da Guerra Shiar-Kree (que falaremos no próximo tópico), Chris Claremont traz de volta a Carol Danvers com roupa de Ms. Marvel e completamente transtornada e fora do que costumava ser.

Logo após a Vampira sair do Portal do Destino restabelecida, Carol Danvers invade o apartamento dela destinada a matá-la. O maior motivo é que a essência de Danvers não poderia mais existir nas duas. A briga desenhada por Jim Lee é um clássico que vive na memória de muitos leitores, mas não faz sentido algum e é difícil de se encaixar mesmo que se fossemos ignorar o que vem com Operação Tempestade Galáctica.

O que começa na Austrália se estende para a Terra Selvagem. Desta vez, no entanto, Carol Danvers está completamente insana e transformada após ser manipulada pelo Rei das Sombras. Quase um monstro, Carol está prestes a matar a Vampira quando esta é salva por Magneto. Entre as duas, Magnus afirma que escolheu a Vampira pra sobreviver.



Essa loucura é até difícil de ser entendida, mas tem lá sua explicação dentro da própria revista. O Rei das Sombrasque invadia mentes na Ilha Muir e fazia de lá seu reino particular quando encontrou com Carol Danvers deu entender que houve uma divisão do corpo fisico da Vampira em dois quando saiu do Portal do Destino. Ou seja, aquela nunca foi a Carol Danver original, mas sim a personalidade da Carol Danvers que a Vampira roubou. Confuso? Pois é! A original continua portanto no espaço como Binária.


OPERAÇÃO TEMPESTADE GALÁCTICA E RETORNO A TERRA

Dentro do que foi toda a história complexa da Operação: Tempestade Galáctica, a Binária teve uma pequena, porém importante participação na história. Ainda parte dos Piratas Siderais, a Binária ficou obviamente do lado dos Shiars na guerra e teve suas aparições vinculadas a revista do Quasar. Numa primeira aparição, ela topa contra Wendell, que facilmente consegue prendê-la criando um escudo com seus nega-braceletes. Depois, eles voltam a se encontrar numa situação complicada. De um lado tempos uma nega-bomba ameaçando os Shiars e em outra o sol da Terra está em perigo. Quasar decide se afastar dos demais Vingadores e salvar a Terra. Binária, ao saber do perigo em que seu planeta natal se encontrava, decide ajudar Quasar e usa até a exaustão seus poderes que são definidos como os equivalentes a um "buraco branco" (o oposto imaginário nos quadrinhos de um buraco negro).




Somente graças a Binária o nosso sol é de fato salvo, mas seus poderes vão a exaustão ali. Antes de partir de volta para o combate principal na Guerra Shiar-Kree, Quasar deixa Binária na mansão dos Vingadores e descobre nesse momento que ela era na verdade Carol Danvers, a ex-vingadora Ms. Marvel. A história completa dessa saga interplanetária é muito grande e complexa pra resumir aqui nesses nossos arquivos, mas estejam cientes de que envolve muita coisa relacionada ao Império Kree e traz uma versão diferente da Starforce que conhecemos dos cinemas.



Acompanhamos um pouco ainda da fase da Carol Danvers já de volta a Terra na edição dos Vingadores #348 e desperta na mansão sob os cuidados da nova equipe de Vingadores que basicamente era bem diferente de sua época. Nos números #350 e #351, temos um embate entre os Mais Poderosos Heróis da Terra e os Piratas Siderais por conta de uma cabeça a prêmio que foi posta no Cavaleiro Negro em troca da liberdade do filho de Raza (que nem o Corsário sabia da existência). Tudo no final se mostrou uma manipulação dos Krees, mas no final fez Binária refletir que era mais que na hora de ela rever seus pais e retomar sua vida na Terra.



E esse recomeço da Carol Danvers não foi exatamente bem aproveitado por Bob Harras que escrevia os Vingadores nesta época. A heroína acaba aí num vácuo editorial por 4 anos, aparece brevemente na luta contra Massacre, mas seu retorno é mesmo com os Vingadores de Kurt Busiek e George Perez.

E essa nova fase é nosso tema para o Arquivo Especial #6 da Carol Danvers.

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