quarta-feira, 3 de julho de 2019

Resenha 616: Homem-Aranha - Longe de Casa


Homem-Aranha: Longe de Casa chegou já aos EUA e nesta quinta-feira finalmente chegará aos cinemas brasileiros. O filme vem com uma responsabilidade digna da marca do herói. Com todos os grandiosos acontecimentos que vimos em Vingadores: Ultimato, Homem-Aranha: Longe de Casa torna-se o capítulo final ou epílogo de uma magistral Saga do Infinito, culminando as três primeiras fases do UCM nos cinemas.

É curioso estar vendo essa missão de pontuar quase 10 anos de UCM em Homem-Aranha: Longe de Casa, isso porque esse filme é fruto de uma parceira entre dois estúdios e que sequer sabemos por quanto tempo irá durar este acordo. Mas considerando o quão integrado se mostra 'Longe de Casa' com o UCM, é de se esperar que esse 'duo' entre a Marvel Studios e a Sony perdure muito tempo. É pelo que torcemos.

Confirmado em trailers e entrevistas, todo mundo já deve saber quando for aos cinemas que Homem-Aranha: Longe de Casa se passa após o Ultimato. Mais do que isso, ele é o filme que literalmente trabalha com o cenário de um mundo onde as pessoas desaparecidas pelo estalo retornam. Todas aquelas perguntas curiosas que você se fazia sobre famílias seguindo adiante, irmãos mais velhos se tornando os 'caçulas' das famílias ao retornarem e outras possibilidades imaginadas são colocadas ao longo do filme de um jeito mais descontraído. Esse é o mundo que os heróis Marvel seguirão adiante. E nada melhor que o herói mais 'humano' do UCM para apresentá-lo.



Contudo, o mundo de Homem-Aranha: Longe de Casa também é um mundo que tem que lidar com a ausência de um Homem de Ferro. Tido como o grande herói daquele universo, aquele que se sacrificou pelo bem maior, a figura de Tony Stark, é lembrada em cada canto deste filme e levanta a pergunta - Quem será o próximo Homem de Ferro? Birras a parte de alguns fãs, qualquer um sabe que pela lógica esse manto recairia nos ombros do Homem-Aranha vivido por Tom Holland. Mas é esse o desejo de Peter Parker? Ele quer tamanha responsabilidade?

De todas as versões de Homem-Aranha que já foram aos cinemas, é a de Tom Holland a que mais te convence de que estamos lidando com o Homem-Aranha do colegial, aquele mesmo que foi imaginado originalmente por Stan Lee e Steve Ditko e que fez a gente se apaixonar por suas histórias. E como todo jovem nesta fase da vida, há muitos outros problemas e dúvidas se passando na cabeça, além das confusões do mundo lá fora que precisa ser constantemente salvo. Parker está de luto pela morte de seu 'tutor heróico', confuso de estar num mundo onde a vida seguiu por cinco anos e sentindo-se sobrecarregado em ser o amigão da vizinhança. Quando surge a excursão do colégio pra Europa, Peter a encara como um momento que ele precisa só pra ele e deixar por alguns dias a vida de Homem-Aranha. Há algum sentimento do arco "Homem-Aranha, Nunca mais" aí, mas nada tão abrupto. É uma férias do uniforme, apenas.



Tirar o Homem-Aranha de sua vizinhança pode parecer meio estranho para um herói que é a cara de Nova York, mas ao mesmo tempo traz um 'frescor' aos filmes do personagem. Não só Peter, como todos os seus colegas que o acompanham - Ned, Michelle, Betty, Flash, Brad e os professores, são bem valorizados ao longo da história, com situações divertidíssimas durante o tour pela Europa. Por sinal, este é um ponto fortíssimo dessa nova interação do personagem - seu elenco de apoio. É algo que sempre foi importante nos quadrinhos e nos filmes anteriores, tirando a relação com a Mary Jane ou Tia May, o resto era nada mais que cenário. Em Homem-Aranha: Longe de Casa, os biótipos de cada um dos colegas podem até ser bem diferentes do que você estava acostumado, mas eles ao menos tem vida própria e seu tempo de tela com suas próprias situações engraçadas.

O destaque, obviamente, vai aqui para a relação de Peter Parker e Michelle, vivida mais uma vez por Zendaya. Apesar de não ser aquela Mary Jane dos gibis, praticamente o roteiro de Longe de Casa não se acovarda mais e só se refere a ela agora como a 'EmeJay' (MJ). Ela não é ruiva, sua personalidade é completamente diferente, é outra pessoa. Ainda assim, inevitavelmente estava destinada a ser o par romântico do herói desde o filme anterior e isso culmina aqui. O legal é que não se trata de um romance convencional, eles se gostam, mas também se provocam, tem seus atritos, ainda tem um perfil de adolescentes descobrindo como é a vida. Não é a história de amor tradicional que você viu outras vezes. É bem mais inocente. O bom disso é que o filme não se perde em um romance insosso e dá toques de que aquela 'Emejay' estará ali para ser uma companheira do herói também. 



Mas nem tudo nessas férias são curtição. Quem viu os trailers sabe que um perigo assola o mundo, estranhos monstros com poderes elementais estão aparecendo por aí causando destruição do nada e eis que Nick Fury, Maria Hill e um protótipo de nova S.H.I.E.L.D. decide tirar o Homem-Aranha de sua folga para lidar com a situação. Com isso, Peter terá alguns agentes em campo no seu pé, uns recursos tecnológicos que podem ser um tiro pela culatra as vezes,  e até mesmo um novo traje pra preservar sua identidade (o que lhe rende um apelido engraçado). Só que desta vez Parker não estará sozinho, pois conta com a ajuda de Quentin Beck, um herói tecnológico-místico que diz ter vindo de outra realidade e que tem experiência contra essas criaturas.

Jake Gyllenhaal é quem faz o papel de Quentin Beck no filme, que é mais pra frente apelidado de Mysterio. A partir daí, dependendo do grau de conhecimento que o espectador tem do personagem, já vai poder tirar suas próprias conclusões sobre o que pensar dele no filme. Mas tenho que pontuar de cara aqui que você verá um show de atuação por parte do Jake Gyllenhaal. Sempre fui muito dividido sobre algumas interações de vilões do aranha nas telonas. De versões muito boas a péssimas dependendo do caso. Pra mim, Alfred Molina era o topo da lista com seu Doutor Octopus. Mas agora o lugar fica com o Mysterio de Jake Gyllenhaal. 



Visualmente, tudo é certo nele, a roupa, o capacete, a demonstração dos seus poderes e, mais adiante, a real natureza desses seus poderes. Por outro lado, as motivações de Quentin Beck, a medida que vão se revelando, são muito bem vendidas pela atuação perfeita de Gyllenhaal. Ajuda muito você ver a boa amizade entre Jake e Tom fora das telas em entrevistas, porque isso se reflete em parte do filme na interação dos dois que juntos precisam derrotar os elementais e, em seguida, dividem conversas intimas depois do combate. Não dá pra falar mais além sem pisar no perigoso território dos spoilers. Mysterio é o maior acerto de Homem-Aranha: Longe de Casa.

A grande virada da trama é certamente previsível pro leitor, mas é muito bem executada. E eu acho que é isso que a maioria do público que ver, nada de surpresas que sejam sensacionalistas e mudem demais o que você conhecia das histórias em quadrinhos, mas sim uma trama bem construída que dê gosto de se acompanhar. E o legal aqui é que não só deram um jeito de ser fiel aos quadrinhos, mas também integrar tudo muito bem no UCM. Há cenas que rementem a outros filmes que você pulará da cadeira. No entanto, a maior reviravolta do filme estará no pós-crédito. São duas cenas extras, portanto, fique na cadeira e se segure. São as mais impactantes feitas pra um filme de heróis até hoje. Obviamente, falaremos dela em momento oportuno.

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No balanço geral, Homem-Aranha: Longe de Casa é um filme que realmente faz jus as boas avaliações que vem recebendo nas críticas. É superior ao seu antecessor, tem construções mais completas de todos os seus personagens envolvidos. E as pessoas preocupadas com o Homem-Aranha estar na sombra do Homem de Ferro, podem se acalmar. Sim, isso é um mote que tem no filme, é uma constante essa 'cobrança', mas no final ficará bem claro a posição do Teioso no UCM. E, sinceramente, eu espero, que o Homem-Aranha de Tom Holland esteja por aí se balançando por muito, muito mais tempo. A crescente base de fãs dele é um bom termômetro pra mostrar que a coisa deu certo.

Coveiro

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