terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sai o Cavaleiro... Entra o Sr. da Lua




Para muitos, ele é apenas uma versão do Cavaleiro Sombrio da concorrência, só que vestido de Branco. Mas para quem lê a fundo, sabe que a história de Marc Spector é muito mais complexa que isso. É uma leitura nada fácil e deve ser pior ainda para quem tem a incumbência de escrevê-lo. Mas nenhuma tarefa é assim tão difícil para Warren Ellis. Principalmente se forem história insanas para alguém mais insano ainda tipo o Cavaleiro da Lua.
 
Spector está de volta, só que não. Quem esperava por ele voltando ao manto do seu notório alterego, o Cavaleiro da Lua, vai estranhar ao vê-lo quase todo o tempo de paletó branco e máscara andando em uma bela limusine também branca sem motorista. Tudo isso é apenas 'pro forma'. Ao voltar a cidade Nova York, o Cavaleiro da Lua é visado pelas autoridades e pode ser preso. Já seu novo alterego, o Sr. da Lua, não. E parte da polícia agradece essa ajudinha e faz vista muito grossa pra essa nova "estratégia" do herói insano.


Mas há algo diferente em tudo no personagem e não só no seu visual. Agora, tudo nos leva a crer que Spector não sejá um maluco em delírio como pensávamos, mas realmente um avatar de Koshu e está secretamente mais uma vez ouvindo ordens da entidade para cumprir sua missão na terra. Principalmente, a que remete proteger os viajantes noturnos e isso pode incluir todo e qualquer transeunte na noite de manhattam. Ou tudo pode ser mais uma vez pura elocubração de Spector.

O bom das histórias dessa vez é que cada nova revista é praticamente uma missão e aventura diferente. Acabam sutilmente ligadas pelos personagens, mas todo número é um dia do Cavaleiro da Lua em uma nova noite. E as histórias aqui vão desde o mundano combate contra o crime local até mesmo impedir um ataque de literais fantasmas arruaceiros em becos da cidade.


A arte de Declan Shavley aqui é intensa e bate perfeitamente com o novo clima noir que a história pede. Afinal, todo o surrealismo só se encontra na cabeça de Spector, mas o cenário em que ele ocupa agora é o mesmo que o da antiga vizinhança do Demolidor (Vale lembrar que ele não está mais na Cozinha do Inferno no momento e ela precisa de um novo guardião). Ou seja, enquanto que Matt está tomando um ar mais colorido nas mãos de Mark Waid, o Sr. da Lua de Warren Ellis brinca de vigilante da noite a la Frank Miller.


Na sequência de histórias, temos também um quê de detetive particular com alta tecnologia. É assim, com essa perspicácia que Da Lua descobre que os recentes assassinatos no beco da cidade são obras de um "Monstro de Frankenstein moderno" que já foi agente da SHIELD e está lutando para sobreviver na primeira edição. Na história que segue, ele volta a vestir o uniforme e usar seu famoso "paraglide" motorizado em forma de Lua para deter um "sniper" em busca de vingança. E quando a história parte para o sobrenatural, Spector recorre até mesmo a itens de sua coleção antiga de quinquilharias para desenterrar uma armaduras de ossos egípcia que lhe dê a capacidade de socar fantasmas etéreos. É um visual pra lá de maneiro.


As missões do sobrenatural não param por aí para Spector. Na quarta história, ele ajuda um cientista dos "sonhos" a entender porque as pessoas acabaram completamente insanas depois de experimentadas. É uma história tão cheia de surrealismo que Shalvey pirou na arte. O artista fez um trabalho de narrativa igualmente belíssimo na quinta história com um combate a lá "seriado do netflix" do Sr. da Lua a salvar uma criança raptada. Por fim, a sexta e última história desse volume é a que mais trabalha elementos do passado do Da Lua, trazendo os nomes de antigos relacionados como Marlene Alraune, Jean Paul Duchamp e uma nova versão de seu arqui-inimigo, o Especto Negro.


É o Ellis mais uma vez no seu melhor, com a qualidade que vimos quando fez a sua versão dos Thunderbolts e até seguindo a linha de narrativa simples sem muita continuidade que testou no breve tempo que esteve em Vingadores Secretos anos atrás. É uma pena que só tenha mais poucas outras histórias a serem publicadas ainda, mas seja como for já estou mais que ansioso pelo novo número.

Coveiro

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