quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Com o fim de Secret Wars, o (re)começo do Universo Marvel

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GUERRAS SECRETAS 9 CONCLUSAO SECRET WARS CONCLUSION REED RICHARDS SUSAN RICHARDS DOOM HICKMAN FANTASTIC FOUR QUARTETO FANTÁSTICO

Guerras Secretas (Secret Wars) chegou ao fim hoje, 13 de janeiro de 2016, trazendo em sua última edição a resposta a inúmeras questões levantadas desde a estreia do universo Marvel de “8 meses depois” do fim do evento, em especial o paradeiro de membros-chave do Quarteto Fantástico. Nem tudo ficou claro, nem tudo respondido, mas o caminho para o “All-New, All-Different” universo está lá. O texto a seguir está cheio de SPOILERS!

Claro, é uma pena que a conclusão do evento – um dos mais interessantes dos últimos tempos – tenha vindo já tantos meses após o mundo resultante de sua conclusão começar a ser publicado na avalanche de números 1 da nova fase da Marvel. Particularmente fiquei um pouco frustrado enquanto sentia a tensão do desdobramento da história esfriar na medida em que as diversas histórias paralelas do Batteworld iam se concluindo – muitas delas extremamente bem executadas – e o evento principal caminhava a passos de formiguinha.

Ainda assim, JONATHAN HICKMAN conclui a história com a mesma pegada que assumiu, anos atrás, o comando das histórias do Quarteto Fantástico. Aliás, como era claro para muitos, Secret Wars, apesar de sua trama central ter se desenrolado principalmente em Avengers e New Avengers, ambas roteirizadas por ele, era uma história do Quarteto. De certa forma as sementes foram lançadas desde sua passagem pelo título. O protagonismo de Reed Richards no drama das incursões – e da insolubilidade agoniante aos olhos do cientista – era latente, assim como aos poucos se revelou o protagonismo distorcido de Victor von Doom, o Doutor Destino.

Então, claro, o confronto final se dá entre os dois. O papel do rei T'Challa, o Pantera Negra e de Namor, apesar do primeiro carregar uma manopla do infinito, era apenas distrair von Doom por tempo suficiente até Reed (apesar da traição frustrada de sua contraparte do universo Ultimate ) chegar a Owen Reece, o Homem Molecular – repositório de todo poder do qual Victor gozava e com o qual recriou o universo à sua imagem.

Diante de Reece é exatamente essa a questão exposta pelo Senhor Fantástico. Victor não fez só coisas ruins, mas agiu de forma egoísta ao salvar e recriar o universo. O roubo da família de Reed é a evidência mais explícita de tal fato. E o abatido herói lamenta, pois sabe que seu antagonista poderia ter feito tão mais, tão melhor.

Ao reconhecer que Reed poderia ter feito tudo isso muito melhor do que ele próprio realizou, von Doom dá a carta branca para que o nem tão perturbado Homem Molecular tome sua decisão, no que o novo universo implode repentinamente.

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Não fica claro qual é a influência do ato de T'Challa, que em um último momento se agarra à joia da realidade em sua manopla e se vê de volta ao seu reino no início da história das incursões (agora inexistentes), em uma Wakanda que novamente assume a vanguarda civilizacional com o projeto espacial da nova Alpha Flight (a Tropa Alfa).

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Mas e o destino (Rá!) do Quarteto Fantástico, da Fundação Futuro, do Doutor Destino? Bem, von Doom, como sabemos pelas histórias publicadas em Homem de Ferro, finalmente teve seu rosto restaurado e tenta fazer o bem, mas o motivo disso ainda não era claro.

Antes de responder as outras questões, vale ressaltar uma possível explicação para o porquê do Universo 616 ter sido aparentemente fundido ao Ultimate – formando o Universo Marvel representado pela Terra Prime, e não mais 616, ao que parece. Miles Morales, afinal, foi o único que levou comida a Owen Reece, que lhe paga o favor de tal forma (e trazendo sua mãe de volta dos mortos, como recentemente ficamos sabendo). Mas isso ainda não explica outras “anomalias”, como o novo Esquadrão Supremo, com cada membro originário de um universo diferente, a presença do Velho Logan, de Red Wolf, de Singularity (de A-Force), de Weirdworld e do que o Homem-Aranha 2099 vem vivenciando na nova realidade. Os traços de explicação devem estar no tal Iso-8, composição essencial do universo citada tanto em Contest of Champions quanto na nova versão dos Ultimates.

Isso talvez ainda seja mais bem explicado; afinal, Hickman é famoso por narrativas enigmáticas e muitas vezes confusas. De qualquer forma, a ação do Homem Molecular não foi de fato destrutiva. Ele deu um novo propósito à família número 1 do universo Marvel. Aliás, esse parece ser o núcleo da longa história contada pelo roteirista.

Com a exclusão de Johnny Storm e Bem Grimm, com a companhia de seus filhos e da Fundação Futuro, e com a reunião com a (verdadeira) Susan, Reed Richards assume o lugar de von Doom como demiurgo. Isso mesmo. O poder dos beyonders agora pertence a Reed, que com a ajuda principal de Franklin (ele é um sonhador com poderes aparentemente ilimitados, afinal), vem recriando um universo de cada vez.

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Ou seja, na visão de Hickman, a elevação moral para fazer de Reed ideal para o papel não se baseia necessariamente em sua perfeição. Mas em sua paixão pelo perfeccionismo, que é constantemente equilibrado e confrontado com a presença de sua extensa família, a qual consulta (aparentemente fazendo dele um “deus humilde”) em cada ação criadora. Fica claro o quanto Susan é sua bússola moral.

Contradizendo sua fala no início dessa história em New Avengers, para Reed tudo deve viver e se expandir. De certa forma agradece a von Doom o quanto se viu obrigado por ele a repensar como enxerga o próprio universo. E para demonstrar sua gratidão e comprovar o quanto ele é o mais apto a assumir tal papel, recompensa Victor com aquilo que mesmo quando deus ele não conseguiu – a restauração de sua face deformada.

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Como falei, nem tudo dos “oito meses perdidos” foi respondido, como o severo conflito entre inumanos e mutantes. Também não sabemos do que efetivamente as pessoas normais e os heróis e vilões se lembram; o que sabem e/ou pensam que ocorreu com Reed, Susan e a Fundação Futuro. Mas o essencial está nessa edição. Resta-nos agora digerir o fato de que o Quarteto Fantástico não mais existe – não somos mais super-heróis, responde Reed a Franklin – e que Reed Richards assumiu o protagonismo como demiurgo universal.

De certa forma, um desfecho surpreendente. Um pretexto para um reboot, alguns diriam. Mas devemos lembrar que esse “recomeço” (ao que tudo indica não podemos mais chamar o universo principal da Marvel de 616, mas de Prime!) não é feito aleatoriamente, não tem base em uma racionalidade além de nossa compreensão. E sendo assim, podemos esperar falhas no processo de reconstrução. Com um criador com nome e rosto conhecidos, o novo Universo Marvel está pronto para ser moldado.

João

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