terça-feira, 29 de setembro de 2020

X-Factor: Missões mórbidas pra uma equipe que não combina

A equipe mutante conhecida como X-Factor já teve muitas funções no passado. Mas foi com Peter David que ela ganhou esse ar mais "investigativo". Combinou como uma luva na época e é por isso que a equipe criativa dessa nova versão formada por Leah Williams e David Baldeon  resolveu tentar algo na mesma linha. Mas isso não quer dizer tenha conseguido exatamente acertar desta vez.

Tudo começa quando Jean-Paul Beaubier, o Estrela Polar, sente que sua irmã Jeanne-Marie morreu. Intempestivo como sempre, ele vai bater na porta d'Os Cinco de Krakoa responsáveis pelas ressureições exigindo que eles a ressuscitem imediatamente. Só que Krakoa tem seus protocolos. Há uma fila enorme de pessoas lá fora querendo também ressuscitar seus parentes mutantes supostamente mortos. E antes de mais nada é preciso realmente provar que houve uma morte. O protocolo de Krakoa não permite duplicidade de "clones".

É quando Estrela Polar está determinado a investigar o caso da sua irmã e provar a morte dela. Para tal, ele precisa de um time com características que o ajudem. É quando juntam-se a ele Polaris, Rachel Grey acompanhada de seu bebê lobisomen guerreiro, Ocular, Prodígio (que daquele jeito bem banal morreu para voltar num novo corpo de volta com seus poderes perdidos no dia M) e o Daken, que entrou nessa só porque estava disponível e precisavam de voluntários. Após seguir algumas pistas dadas por Sábia contando como Aurora deixou a ilha voando e chegando até um hotel barato em Washington onde ela se hospedou, a equipe depara-se com uma ponte cheia de carros jogados pra dentro de um rio e encontra em um deles o corpo de Jeanne-Marie.

Jean-Paul volta então pra Krakoa ainda irritado e joga o corpo da irmã em cima d'Os Cinco ressuscitadores. É uma cena bruta, banalizando totalmente o corpo da Aurora ali. Esperança quer saber mais sobre a morte, como ela morreu, pois é preciso informar ao Conselho Silencioso da ilha. Um tempo depois, o Conselho ouve o caso da morte de Aurora. Ela será ressuscitada, é claro, mas ali mesmo Os Cinco pedem a recriação da equipe X-Factor. Seria um time que não só ajudaria a confirmar as mortes que estão ainda na fila para serem ressuscitadas, como também tentar investigar mais possíveis suspeitas de assassinatos. Lorna inicialmente é sugerida como líder, mas ela vota que seja o Estrela Polar. Mais tarde, quando seu pai questiona, ela afirma que tem boas razões para ter decidido isso.

Entre a edição 1 e a edição 2 somos então apresentados a nova sede dessa equipe, um prédio de arquitetura peculiar que Daken batiza de Jardim dos Ossos. Forge faz uma visita presenteando o time com um sistema de detecção de casos em abertos de mutantes indetectados pelo Cérebro. Novos uniformes com um visual bem diferente são confeccionados. Jean-Marie é ressuscitada e se junta ao time, apesar de por enquanto ficar restrita ao quartel-general. E por fim, o primeiro caso bate literalmente a porta do X-Factor com uma caixa misteriosa.

Dentro da caixa há apenas um par de sapatilhas meladas de sangue. Destaca-se nelas uma série de logomarcas não identificadas por nenhum dos membros do grupo. Então, prodígio usa um de seus equipamentos e associa o caso a uma morte mutante no Mojoverso. E é pra lá que o grupo vai em sua primeira missão oficial. Começam visitando o canal do Mojo em pessoa, o Headshot Tv. Seguem pra o Spiral's Showcase que é de propriedade da Espiral, onde descobrem que a mutante morta durante uma transmissão de Streaming é a ex-colega de Prodígio, Sofia Mantega, a Ventania. A causa da morte é ainda mais louca - Sofia se matou pra ter mais audiência no Mojoverso. Talvez já se garantindo que ressuscitaria depois em Krakoa?

Depois dessa informação, o X-Factor segue atrás do corpo da mutante, que será autopsiado pelo estúdio Combat Ring, do Shatterstar. Quando encontram o ex-membro da X-Force, descobrem que ele que mandou deixar a caixa com a sapatilha da Sofia pra equipe do X-Factor, um jeito mais fácil de convocar os amigos num lugar com comunicação tão difícil como é o Mojoverso. E Shatterstar está bem diferente do que conhecíamos. Totalmente vislumbrado pelo sucesso de seu streaming e pouco se importando de quão mórbido é fazer uma autópsia ao vivo em troca de visualizações.

Se não fosse banalização suficiente da morte, ainda é dito que após a autópsia o corpo de Sofia será processado para criar centenas de novas cópias de carbono que podem ser modelados de acordo com o que for necessário ao programa de Mojo. E tudo foi feito segundo os pedidos de Ventania antes de se matar. E lá foi o grupo ser levado para uma câmara onde clones de Sofia estão amadurecendo em tubos. É a prova que a equipe precisava pra levar aos Cinco e poder dar seguimento aos procedimentos de ressureição de Krakoa de novo.

Antes de partir, Lorna troca uma ideia com Shatterstar e percebe que de fato nada é natural ali naquele comportamento dele. Após se comunicar no idioma krakoniano, Lorna promete ao jovem que um dia vai voltar pra libertar ele. Por hora, Shatterstar continuaram em seu programa, que é o atual campeão de audiência do Mojoverso. E o último quadro ainda dá a deixa pra o "tie in" de X of Swords. A edição #4 de X-Factor já sai amanhã.


Se depender do que mostrou até agora, estou torcendo pra essa revista ser cancelada pra ontem. É normal termos formações de equipe nessa nova fase mutante da Marvel que a princípio sequer imaginaríamos. Com X-Factor isso não é diferente. Só que dessa vez, em três edições, não deu pra sentir nenhuma liga ou harmonia entre o time. Muito pelo contrário. Estrela Polar tem perfil nenhum de liderança e a roteirista fez questão de turbinar ainda mais o lado boçal e chato dele. Ocular fica praticamente esquecido em boa parte do tempo. Daken está extremamente avulso e fora do seu personagem. Parece que foi escolhido ali só pra fazer par com alguém mais maluca que ele, a Aurora. Prodígio ficou no papel de técnico de apoio padrão. Lorna e Rachel acabam sendo a parte da história pra onde você desvia o olhar pra ter algum alento, mas nem são muito desenvolvidas. 

Ainda que o entrosamento do time seja um problema, poderia haver esperança que isso se consertasse no decorrer da história. Contudo, me incomoda pra caramba essa ideia da Leah Williams de explorar a banalização da morte em Krakoa. Se a intenção era colocar uma vertente interessante pra cutucar o leitor, até então só me pareceu ridículo. A ideia de investigar o assassinato pela equipe parece que para no momento que localizam o corpo, deixando de lado qualquer ideia de também investigar o crime. Para serem detetives, o time mais parece agentes funerários até aqui. E, por fim, acho que já deu o que tinha que dar o Mojoverso, né?

Coveiro

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