quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Prelúdio para o Cisma: Ciclope e Wolverine


Os X-Men precisam de uma decisão. Utopia está em cheque com a iminente chegada se uma forte ameaça e Ciclope deve decidir se vai liderar seu povo para a batalha ou para a fuga. Tendo sua liderança testada, ele já buscou conselhos com Charles Xavier e Magneto, os mestres mutantes do passado. Agora, em X-Men 130, é na cabeça das duas figuras mutantes de maior expressão do presente que entramos, na reta final para o Cisma.
O escritor Paul Jenkins mantém o estilo das duas primeiras partes da história. Em uma curta janela de tempo, Scott Summers faz suas considerações finais sobre a decisão que está prestes a tomar enquanto os X-Men discutem a situação, à sua espera. A arte dessa terceira parte fica por conta do brasileiro Will Conrad, que deu um visual mais interessante à história.

Em uma narrativa poética e que flui melhor que nas histórias anteriores, Ciclope pensa numa figura feminina de quem sempre lembra quando precisa tomar uma decisão. E questiona como alguém como ele, que não pode ver com clareza, pode liderar os outros. Scott contempla com orgulho a integração dos mutantes, que permanecem unidos de forma que ninguém julgava possível no passado. E se pergunta se suas lentes não o fazem ver uma versão mais "cor-de-rosa" da realidade. Contempla as pessoas incríveis que buscam sua liderança, da qual suas preciosas vidas dependem. Mas eles não poderão ver a certeza nos olhos de Scott, pois não é assim que seus olhos funcionam.

Descobrimos que a mulher a quem Ciclope se referia é sua mãe. É com ela que ele gostaria de se aconselhar agora. Ele relembra quando ela o acompanhou numa ressonância magnética que investigava as misteriosas dores de cabeça que prenunciavam seus poderes mutantes. Ela segurou sua mão, até que o túnel de metal ficou grande demais e ela teve que soltar. Com ela, ele aprendeu a não soltar, mesmo que eventualmente isso seja inevitável.


Seus pensamentos passam pelo momento em que perdeu os pais no acidente de avião, no impacto que sofreu na cabeça que o impediria de controlar seus poderes e em sua trajetória com os X-Men e Jean Grey. Scott é um homem que perdeu seu caminho e o reencontrou.

Ele se pergunta quem é o maior tolo: o cego na liderança ou aqueles que o seguem? Mas não importa, porque aquelas pessoas precisam dele.

Emma Frost lê a mente de Ciclope e diz a ele que a decisão já está tomada, que ele tem certeza o suficiente. Então ele vai até o grupo e diz que ficarão para defender Utopia. Scott delega a Kitty Pryde a função de cuidar das crianças, mantê-las em reserva para que lutem, se necessário. Para ele, ser um líder é estar pronto para tomar as decisões difíceis, como sua mãe fez ao mandar a ele e o irmão Alex no único paraquedas para fora do avião danificado.

O difícil não é morrer pelo seu povo, e sim mandá-lo morrer por você. Para Ciclope, não é preciso enxergar para ser líder, e sim ter visão. E nunca soltar, não importa o que aconteça.


Na última parte do prelúdio, que conta com o traço de alta qualidade de Clay Mann, Paul Jenkins relembra seu papel como um dos escritores na mini-série Origem e mostra a perspectiva de Wolverine sobre a situação.

A reflexão de Logan é interessante. Ele pensa que, se você acha que não pode fazer algo, você pode estar certo ou errado. Mas se você diz em voz alta que não pode, as chances disso ser verdade são quase cem por cento.


Quando criança, ele pensava que seu avô era o diabo, um homem cruel que se dizia "firme, mas justo". Ele relembra como foi mandado pelo para longe quando suas garras surgiram ao testemunhar a morte do pai. Acompanhado por sua queria Rose, James Howllet trabalhou numa pedreira e aprendeu a quebrar pedras as odiando, no que julga ser um traço do velho nele.

Se você pensa que não tem chance, pode estar certo ou errado. Por isso, para Logan, você precisa continuar dizendo que tem chance, para sua mente ouvir alto e claro. Ao entrar numa discussão boba com Namor, Wolverine diz, em pensamento, que é preciso ser um agitador de vez em quando. Fazer as pessoas dizerem as coisas em voz alta para acreditarem que o impossível pode se tornar realidade. Em seus tempos de lutador, foi de tanto dizerem que ninguém o vencia que isso acabou sendo verdade.

Como cobaia do programa Arma X, tentaram fazê-lo acreditar que era um animal e não alguém com vontade própria. Dizer-lhe coisas para mudar quem ele é. Mas ele não acreditou e tentaram matá-lo. Só que não o mataram, o fizeram mais forte.


Vemos mais uma vez o momento em que Ciclope revela a decisão de ficar. Wolverine relembra que sempre disseram que tudo que os X-Men são era impossível. Que os mutantes eram uma ameaça, malígnos e imprevisíveis. Mas eles nunca acreditaram nisso. Disseram que eles nunca iriam se unir, mas também estavam errados nisso.

Logan sabe que quem mais acreditou em tudo isso foi Scott, foi ele que os trouxe até aqui. E agora? De volta à janela, Ciclope pergunta se ele acha que podem lidar com a ameaça. Wolverine não acha que pode, mas sabe que pode, e o diz em voz alta.


Com o fim do prelúdio, ainda não há quase nada que saibamos sobre O Cisma. Há críticas de o prólogo não se encaixa em nenhum momento específico da saga e que os editores falaram abertamente sobre algumas decisões erradas envolvendo a mini.

Eu tenho algumas ressalvas sobre as duas primeiras partes da história, apesar de ter gostado delas. Mas, para mim, as histórias que estrelam Ciclope e Wolverine são impecáveis e mostram com sensibilidade e precisão a personalidade e visão dos dois.

O quanto disso vai refletir na saga? Não precisamos esperar muito para saber, pois já na próxima edição começa O Cisma. E a importância de seus acontecimentos não será nada pequena.

Léo

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