Se você encontrasse a alguns anos atrás um viajante do tempo que dissesse que no ano de 2017 teríamos mais revistas do Dedpool do que dos X-Men, Vingadores ou mesmo Homem-Aranha, você certamente estaria o chamando de maluco. Pois é, mas é isso mesmo que define bem esse mercenário tagarela, que depois de alguns anos pra mostrar a que veio no Brasil, conquistou uma legião fiel de leitores e é um dos títulos mais vendidos do país. E com a nova revista Deadpool Extra, teremos uma dose avantajada todo mês de Wade Wilson pra vocês! E a primeira história dessa leva é realmente muito boa - a minissérie do Deadpool vs Gavião Arqueiro.
Coloque aqui de lado sua cisma com o personagem, pois o escritor aclamado do personagem nesta nova fase, Gerry Duggan, teve a brilhante ideia de juntar Wilson com o Gavião Arqueiro, Clint Barton, pegando o rescaldo de uma das fases mais brilhantes do personagem atualmente - o saudoso 'run' de Matt Fraction e David Aja. Uma trama inusitada coloca esses dois juntos, quando um hacker que foi friamente assassinado perto da vizinhança do prédio onde mora o Gavião Arqueiro, deixou um misterioso pen drive numa sacola de doces de dia das bruxas da família de Deadpool (que coincidentemente passava justamente naquele local). Dentro dele, estava uma videomensagem dizendo que ele tinha roubado informações comprometedoras sobre a SHIELD.
Com isso, os dois personagens que em outros tempos nunca formaria uma parceria, tiveram que deixar as diferença de lado para trabalhar juntos e resolver essa misteriosa questão onde o hacker morto escondeu as informações. No meio disso tudo, muitos elementos das duas séries são reunidas aqui para agradar ambos os fãs. Clint ainda está com sua audição comprometida desde o final da fase fraction e só se comunica por linguagens de sinais. Já Deadpool está buscando uma mudança de ares desde que descobriu que tem uma filha e se esforça ao máximo - com uma ajudinha da Agente Preston - no seu papel de pai. Além disso, dois excelentes coadjuvantes das duas séries marcam presença sólida nas páginas e são divertidíssimos - o Agente Adsit e Kate Bishop, a Gaviã Arqueira.
Aparentemente, os assassinos do Hacker parecem estar passando por uns comandos condicionados de lavagem cerebral. Se vestem como heróis urbanos - Demolidor e Justiceiro, e repetem insistentemente a frase "eu sou patriota". Por sorte, eles não acharam o tal pen drive no cadáver do hacker e por isso certamente não seria a última vez que Barton e Wilson os veriam. Pra piorar ainda mais a confusão, o leitor descobre ao final da edição "zero" desta minissérie que a Gata Negra é quem estava por trás daquele esquema todo. Outra personagem do passado de Wilson também acaba sendo aderida a trama: Mary Tifóide é libertada da prisão e se torna uma das novas capangas de Felícia Hardy,
Enquanto Deadpool e o Gavião Arqueiro tentam seguir pistas a moda antiga pelas ruas (sem muito sucesso) e encarando mais pessoas fantasiadas de heróis e completamente hipnotizadas, uma outra personagem começa a resolver o crime de um jeito mais profissional. E não, não é o cachorro Sortudo (como o Wade fez piada em certo momento). Kate Bishop dá voz as suas habilidades investigativas e descobre qual é o antigo apartamento do hacker morto para buscar mais informações. Lá ela encontra Adsit, que virá seu companheiro de investigação a partir de então e coloca a SHIELD oficialmente no meio da questão.
A trama segue bem divertida daí por diante, com os dois Gaviões tentando se adaptar vida e estratégias bem peculiares do Mercenário Tagarela. Um primeiro plano que levou a uma pista falsa de que o pendrive com as informações estaria nas mãos de um revendedor fez a Mary Tifóide aparecer, mas não teve nenhum sucesso na captura da mesma. Já Kate conseguiu desvendar que o hacker morto tinha um gato e uma pista a levou de volta ao prédio onde o rapaz morava e encontraram na vizinha o bichano com coleira- pendrive com os reais dados roubados da SHIELD.
O caso poderia ter sido dado como encerrado ali mesmo , mas a verdade é que Clint Barton acabou sendo vítima do mesmo processo de lavagem cerebral criado pelo Dr Lusk, que trabalhava pra Gata Negra. Clint atacou Kate e Wilson e rumou direto (de bicicletinha) para o esconderijo da Gata Negra. Assim que se recuperaram, Deadpool e a Gaviã foram atrás do arqueiro (de Uber) para impedir que os dados fossem usados pelos vilões. Para impedir o pior, a Gaviã Arqueira teve que ceder e partir pra lidar com a situação no melhor método insano do Deadpool (com direito a lança-foguetes no prédio que servia de esconderijo secreto e tudo mais).
Já Deadpool foi tentar algo mais inusitado e arrombou o armazém onde Clint disse que guardava sua moto voadora da época dos Vingadores (que ele não contou que estava com defeito) para fazer uma entrada triunfal. Com direito a fantasia antiga do Gavião e tudo mais, Wilson consegue impedir os planos de Felícia e sua trupe. Neste ponto, Clint Barton já está livre da influência do controle mental e se junta aos esforços dos heróis. Mary Tifóide e demais comparsas foram detidos pelo Gavião e Gaviã e Deadpool conseguiu recuperar o pen drive a tempo de os demais fugirem.
No final, quase que os vilões se deram mal também. Felícia usou seu poder de azar contra o Doutor Lusk, mesmo sem saber que ela seria condicionada a sua lavagem cerebral assim que fizesse um mal a ele. E foi assim que Hardy (na verdade uma outra capanga dela, Aurora) acabou sendo obrigada a se entregar a SHIELD e o caso foi resolvido. Assim, numa trama em cinco partes, temos um dos melhores crossovers de heróis (e anti-heróis) dos últimos tempos. Mas não foi exatamente a última vez que vimos essa parceria inusitada.
A minissérie foi tão bem recebida pelo público que acabou rendendo mais uma historinha curta no especial de natal Gweenpool. Wilson e Barton se uniram mais uma vez para uma tocaia de um assaltante na época das festas de fim de ano no Rockefeller Center, mas foi na verdade a Kate quem resolveu o problema no final das contas. Mas como o assaltante era um pobre coitado que não tinha dinheiro para atender os filhos, Deadpool e os dois Gaviões Arqueiros fizeram uma boa ação de Natal para levar o pai a passar um pouco da festa natalina com a família antes de seguir para o xilindró. E no fim de tudo, como o Deadpool não era bem vindo na festa da casa da Mulher-Hulk, acabou que o trio decidiu passar o natal juntos numa lanchonete.
Nessas divertidas e criativas histórias, o inspirado roteirista Gerry Duggan estava bem acompanhado . A minissérie contou com a arte de Matteo Lolli. Já a edição especial de Natal foi com o brasileiro Danilo Beyruth. E espero que em breve essa parceria divertida volte a acontecer mais uma vez.
Coveiro
