segunda-feira, 1 de abril de 2019

Arquivo Carol Danvers #6: De volta aos Vingadores... como Warbird


Quando terminamos o último arquivo da Carol Danvers aqui, pontuamos no momento não só que a heróina Binária volta a Terra como também quando ela decide que não mais voltará com os Piratas Siderais e nem ficará com os Vingadores. Ela decidiu voltar a casa do pais e retomar os laços com sua família. Seu quase sacrífico foi em prol de salvar todo o planeta da destruição do sol e tudo que lhe vinha a cabeça na época era rever os pais e o irmão caçula. E esse 'retiro' de Carol Danvers aconteceu basicamente por mais de seis anos.

Apesar de não haver nenhum relato sobre isso, parecia que desde a saída abrupta de Chris Claremont da Marvel, mediante tudo que aconteceu, Carol Danvers tinha se tornado uma figura intocável na Marvel. Tirando essa preocupação de vinculá-la a Terra e dar uma "férias" longa a personagem, ninguém ousou mexer nela. Mas isso mudou no final dos anos 90. A figura promissora daquela década, que fazia seu nome com seus Thunderbolts após o sucesso de Marvels, o roteirista Kurt Busiek, foi chamado para fazer sua versão dos Vingadores.

A Marvel estava voltando com seus heróis depois do mal fadado "Heróis Renascem", uma iniciativa que não precisa de explicações de ter sido um fiasco. Os planos da Marvel na época era chamar só os grandes novos talentos para os títulos que estavam voltando ao universo regular. E Kurt Busiek relata que seu único pedido inicial era que quando os heróis voltassem ele queria escrever o Homem de Ferro. Acabou ganhando junto os Vingadores. E com George Perez como desenhista, que pediu um cara para ajudar a montar a histórias com ele. Busiek era novo,  mas promissor. E cheio, cheio de ideias. E parecia adorar todos os Vingadores. É reconhecido até hoje por ter melhor aproveitado os membros da equipe em convolutas histórias com rodízios de personagens.



Mas em meio a tantos, ele parecia ter uma história em particular pra contar sobre a Carol Danvers. E era uma história ousada demais e que hoje pode até ser questionada, mas é impossível que fique de fora destes nossos arquivos.

AGARRANDO A CHANCE DE SER VINGADORA DE NOVO

Até antes do problema que teve com os Vingadores, tudo o que se podia dizer sobre Carol Danvers é que ela era uma personagem pra lá de determinada e que tudo que conseguiu na vida foi por ser um pouco turrona. E isso sempre tem um aspecto bom e ruim. Busiek queria explorar bem essa característica da personagem e tinha um background grande com toda o problema que Carol teve no passado com a equipe. Como tinha uma grande moral com o editorial na época, ele ganhou carta branca pra mexer de novo num vespeiro. E tal qual os grandes roteiristas de suas respectivas épocas, ele tinha a confiança dos fãs.

Depois de uma história pra lá de convoluta em que basicamente envolveu todos os Vingadores de todas as formações possíveis, eis que o roteirista Kurt Busiek faz ao final uma pergunta pra lá de clássica pra os fãs de X-Men - O que fazer com tantos personagens na equipe? Não era um grupo, era um exército quase. Chegou ao ponto de que eles chegavam a se atrapalhar para um simples ato como prender o Tufão. Então, os membros fundadores se reuniram e a decisão foi que Capitão América, Homem de Ferro e Thor iriam ficar na nova formação até que todos os membros estivessem afiados em trabalhar juntos. Mas quem ficaria além deles? Haviam mais candidatos que vagas.


Pela primeira vez parecia que havia uma competição na equipe, inclusive com dois membros não-Vingadores como Justiça e Flama, querendo ficar de qualquer jeito. De algum modo, após tanto tempo fora de ação, Carol queria dar a volta por cima de novo e nada melhor do que tentar na equipe em que ela pertenceu e que deviam tanto a ela. Só havia um problema, Carol Danvers não parecia ser mais a mesma mulher poderosa que singrava o espaço com a energia oriunda de um "buraco branco".

A revelação deste novo status quo da personagem foi feita após alguns exames com o Fera dentro da mansão. Enquanto ela estava em dúvidas sobre que novo codinome que usaria, o mutante peludo revelou que Carol não poderia mais voltar a forma Binária, apesar de ter se recuperado e até ter ficado um pouco mais forte que na época em que era apenas a Ms Marvel. A perda desses poderes da Binária é atribuída (retroativamente) a saga cósmica de quatro edições chamada Starblast. Nela, a entidade O Estranho recupera a psíque fragmentada da Binária, porém de alguma maneira isso depois mexeu com essa extensão do seu poder.

Carol não queria que ninguém mais dentre os Vingadores soubesse o que aconteceu. Ela estava lutando pela vaga e não queria que aquilo influenciasse em nada de sua escalação. Assim, praticamente com o voto quase unânime dos Fundadores, Carol Danvers se tornou membro ativa da equipe sob o codinome de Warbird. Não houve tradução no Brasil. Nem deveria. O nome é uma clara referência ao modelo de caças americanos que Carol Danvers disse que pilotava na época que servia a aeronáutica.



A DERROTA PARA O ÁLCOOL

Como falei no tópico anterior, a personagem teve uma votação quase unânime dos Membros Fundadores. Isso porque o Homem de Ferro tinha sua reservas. Um pouco antes de chamá-la pra conversar sobre a vaga, Tony percebeu que Carol Danvers estava perto do bar da mansão e que assim que percebeu que não estava mais sozinha fingiu que estava ali por outro motivo que não para ela beber. Com seu histórico de ex-alcoólatra, Tony ficou com a pulga atrás da orelha. 'Não por Danvers querer beber, normal antes de uma 'entrevista', mas sim por mentir' pensou ele depois. Mas o vingador encouraçado no final decidiu dar seu voto a favor de ela entrar por tudo que deviam a ela, mas prometeu a si mesmo ficar de olho.


Carol estava bastante feliz com sua volta a equipe, desta vez vencendo uma baita competição pela vaga. Contudo, aos poucos, algumas coisas começavam a incomodar os demais membros. Capitão América percebeu que Warbird nem sempre seguia estritamente suas ordens, afastando de toda e qualquer possibilidade de usar seus poderes de Binária nos treinos. E quando foi preciso agir com o máximo das capacidades em campo contra os Supremos, Carol evidentemente não pode usar seus dons máximo e pôs a equipe em risco. Sem querer revelar a verdade do que acontecia consigo, Carol tentava compensar usando outras táticas e caminhos alternativos para mostrar seu valor. E isso foi criando um baita clima entre Carol e Steve Rogers, que percebia que Warbird tinha sérios problemas em funcionar em grupo.

Durante uma visita ao Projeto Pegasus, por exemplo, Carol mostrava sua capacidade de improviso quando convenceu um dos seguranças de que eles eram de fato os Vingadores (com Busiek pegando referências das revistas antigas aqui). Em outro momento, Warbird foi quem foi astuciosa o bastante de desvendar que o vilão da história chamado Corruptor usava um indutor de imagem para se disfarçar e com isso resolveu toda a trama que colocava a equipe dos Supremos contra os Vingadores. Tudo isso era usado por ela para provar ao Capitão que ela poderia resolver as coisas "sozinhas" e que não precisava sempre acatar as ordens do líder. Porém, Steve Rogers não via a questão por esse mesmo angulo, sabia que Danvers continuava mentindo e quando foi confrontá-la, Warbird reagiu irritada já supondo que os Vingadores queriam tirá-la fora e fugiu da conversa.



Paralelo a isso, você percebia constantemente a personagem aparecendo com um copo na mão quando estava nos momentos de lazer da mansão. Mesmo quando questionada por outros membros, a Warbird sempre defendia que graças a natureza aprimorada de seu corpo, o álcool quase não fazia efeito de fato nela. Sua desculpa era que bebia mais para aliviar a tensão. Esse caminho que a Carol Danvers começou a seguir nas histórias era o de uma espiral que só podia cair em um  ugar muito ruim para a heroína e que acabou explodindo no crossover entre revistas mensais chamado "Viva Kree ou Morra".


VIVA KREE OU MORRA

O arco "Viva Kree ou Morra" aconteceu entre as revistas do Homem de Ferro, Capitão América, Mercúrio e Vingadores. Contava como um grupo de Krees renegados sobreviventes que se colocavam leais a Inteligência Suprema elaboraram uma ofensiva contra a Terra e os Vingadores. Dentre os personagens de lá, temos os soldados Galen-Kor, Talla-Ron, Kona-Lor, Dylon-Cir e Bron-Char (este último sendo o nome usado pelo personagem de Rune Temte no filme da Capitã Marvel). Eles eram a Legião Luna e usavam a área azul da Lua como base de operações. .

Pela natureza híbrida Kree, fica meio evidente que a Warbird estaria intimamente envolvida neste arco. E a história começa no título do Homem de Ferro, quando Tony Stark tenta oferecer a mão amiga a Carol Danvers após a última briga com o Capitão América. De volta a casa da mãe, Carol não está muito afim de papo, mas acaba cedendo quando Tony revela sua identidade secreta a ela. Poucos Vingadores tiveram essa sua confiança, mas Tony está preocupado com o atual estado da colega. Temos uma breve recapitulação da história passada da Danvers aí até Tony Stark deparar-se com duas garrafas de cerveja no quarto dela. Ao questioná-la sobre se ela tem tido problemas com a bebida, Danvers reage irritada, diz que seu metabolismo queima a bebida em seu corpo rapidamente e que se for para julgá-la, que ele saia da sua casa.



Passadas algumas horas, é nítido que o confrontamento de Stark só piorou pro lado da Warbird. Ela aparece no seu escritório nitidamente alterada pela bebida querendo satisfações. Apesar do susto, a chegada da heroína acaba sendo bem providencial ao acontecer no mesmo momento que Krees rebeldes invadiam a empresa de Stark. A coisa toma proporções maiores quando um Sentinela Kree chega e os dois heróis precisam unir forças para deter o robô. A Legião Luna acabam fugindo, mas Carol decide ir sozinha atrás deles para se provar aos Vingadores, mesmo contra os pedidos de Tony.

A aventura de Warbird continua em Capitão América, quando após localizar um "campo de concentração" de humanos comandando por Krees na Terra, Carol pede ajuda a Steve Rogers pelo cartão dos Vingadores. Para provar-se ao Capitão, Warbird mente que chamou o resto da equipe como apoio e acaba sendo sobrepujada pelos azuizinhos e é presa. O Capitão América até que chega a tempo para salvar Danvers e os refugiados presos numa câmera de gás submetida a névoa terrígena, mas outras vítimas já havia perecido. Uma vez expostos, a Legião Luna de novo entra em fuga e Danvers segue de novo sozinha atrás deles mesmo com o Capitão América implorando para ela parar de querer se provar. Ela é presa por um raio trator e levado ao espaço.


Na história que segue no título do Mercúrio, temos o Ligeirinho junto com sua irmã e o Gavião Arqueiro indo para a Lua resgatar a Warbird. Usaram o Dentinho como teletransporte e assim que chegaram lá se deparam com a Inteligência Suprema, que parecia bem solícita a ajudar a equipe. Em outra ala, os Vingadores encontraram a Warbird presa após ter sua fisiologia estudada pelos Krees e a soltaram. Mercúrio não queria que ela não entrasse em ação, por ser declaradamente um risco a outros segundo os últimos relatos que teve do Capitão e Homem de Ferro. Só que deixar  Danvers de fora só a irritou e ela se recusava a aceitar sua situação. Mesmo enfraquecida, deu um jeito de encontrar um tipo de "bebida kree" na base, ficou chapada e partiu de forma descontrolada contra a Legião Luna. No meio da sua ação, apesar de realmente derrubar alguns vilões, acabou ferindo o Dentinho com seus raios jogados aleatoriamente.



A conclusão de "Viva Kree ou Morra" acontece em Vingadores. Temos na edição as explicações sobre os planos Kree de tentar roubar uma superarma das industrias Stark e dos campos de concentração servindo como experimentos para converter a população da Terra em Krees. Após o resumo dos relatos, Carol é chamada para ouvir acusações num tipo de intervenção feita por toda a equipe. Eles pretendem avaliar sua condição de continuar em missão até seus problemas serem resolvidos. Mesmo Wanda, que considerava uma amiga, era voto contra ela ficar. Quando surge um alerta sobre a localização da Legião Luna, Danvers é proibida de seguir com eles, mesmo sem seu julgamento terminar.

Ainda assim, ela tenta de forma obstinada seguir para a Lua por conta própria. Só que sem os poderes de Binária, ela não consegue sequer passar voando da estratosfera e, em meio as lágrimas, ela se vê caindo derrotada de volta ao planeta. Mais tarde, ela ouve sobre como os Vingadores salvaram mais uma vez o dia na TV de um bar. Ela olha para um copo de bebida refletindo sobre o que fará dali por diante.


UMA AJUDA DO AMIGO TONY STARK

O leitor que tirar a história até aqui da Carol Danvers considerando apenas o que foi mostrado na revista dos Vingadores deve realmente achar que Kurt Busiek estava de novo acabando com a imagem da personagem sem um motivo justo. Contudo, a verdade é que o roteirista sempre teve um olho atento sobre ela, e uma vez que a distanciou da equipe de Mais Poderosos Heróis da Terra, colocou-a em destaque na revista mensal do Homem de Ferro por umas 10 edições a mais.

Praticamente uns meses depois de deixar a Mansão, Carol Danvers aparece nas histórias tentando recuperar algo de sua vida passada. Vemos então aqui a volta de Tracy Burke, que quer ser sua editora de novos romances escritos pela amiga. Enquanto discutiam o novo trabalho, numa reunião de almoço com Tracy, Danvers acaba topando com Tony Stark e, paranóica, acha que ele a está seguindo.



Tony Stark não estava num dos seus melhores momentos. Venceu parcamente o mandarim numa batalha que quase custou sua vida e agora ele tinha movimentação limitada a uma cadeira flutuante quando fora da armadura. Era alvo de inimigos que sequer sabia as motivações e pra piorar, um desconhecido com a primeira versão da armadura do Máquina de Combate estava atacando uma subsidiária sua. Carol aparece durante uma luta dos dois, tomando obviamente o lado de Tony e mais uma vez querendo provar-se como alguém capaz de lidar com vilões estando numa equipe ou não.

Nessa briga, Carol se dá conta de que o herói anda muito ferido e a partir daí resolve ficar mais próxima dele. Após ele se recuperar da última batalha, ela aparece mais aberta pra falar dele sobre seu problema com a bebida, se desculpa de como tem agido até então e diz estar lutando para lidar com a situação. Tony fica feliz com a mudança de postura da colega, mas já antecipa que nesses casos só vontade não adianta.

A personagem volta edições depois lutando contra outros dois de seus vilões originais da época da Ms Marvel do Chris Claremont, o Golden Blade e Sapper (desconheço as traduções nacionais). Tony aparece para ajudá-la, mas percebe que Danvers não está completamente sóbria na briga. Os dois vilões de quinta acabam se dando melhor, vencem Warbird e fogem. Carol acorda horas depois na mansão do Tony sem se recordar muito. Quando se dá conta do que de fato aconteceu, ela pede ajuda aos prantos pro amigo. Ela achou que seria fácil, mas não está conseguindo se controlar e o arrependimento só aparece depois. Tony sugere que ela o acompanhe numa de suas reuniões dos Alcoólicos Anômimos, mas Danvers não queria esse tipo de exposição e se nega. Tony a deixa a vontade, mas alerta que para vencer essa batalha é preciso ajuda de outros. E isso é algo que mesmo sóbria, Carol Danvers é bem relutante.


Alternando em algumas edições, Carol continua aparecendo como uma personagem de apoio tendo seu próprio arco de histórias na revista. Apesar das desavenças iniciais, Stark e Danvers acabam criando um elo ali. Vemos os dois jantando juntos para falar dos problemas nas horas vagas, e eventualmente agindo como uma dupla de heróis quando são necessários. Tony a todo momento tenta quebrar a casca dura defensiva da amiga. Tony ressalta que não só na questão da bebida, Carol tem dificuldades inclusive de pedir ajuda nos momentos de ação quando estes se fazem necessários.

Quando Tony está achando que a colega está avançando mesmo que aos poucos, descobre outra recaída dela durante uma visita no escritório dela.  Ao chegar de surpresa, depara-se com ela bebendo um liquor, que ela justifica o uso da bebida para 'destravar' sua escrita. Tony a recrimina e ela responde irritada ao amigo por mais uma vez ser cobrada. Para Carol, ela está bebendo "profissionalmente" apenas e de forma "controlada".

A prova de fogo para Warbird vem na continuação desta mesma história que traz não só um novo confronto com Golden Blade e Sapper, mas também de volta outra ameaça do seu passado, o gigantesco robô Ultimo. Quando ambos ouvem o chamado, Tony a esmurrou para impedí-la de se intrometer e acabar fazendo algo pior devido ao estado alcoolizado em que ela estava. Só que isso não adiantou, pois assim que se recuperou, Danvers entornou a garrafa do liquor e partiu para a batalha. Completamente fora de si, Danvers proporcionou mais risco as pessoas do que ajuda. Ao brigar com o Homem de Ferro por ter atacado ela pelas costas, Warbird arremessou-o contra um avião e por pouco não foi um desastre completo.



Após terem juntos impedido o pior, Danvers acabou apagada com o esforço total de pousar a aeronave e acordou num hospital. Lá, o Homem de Ferro tinha deixado a orientação de tratá-la como uma dependente, mas obviamente Carol viu isso com maus olhos. Na primeira oportunidade, ela saiu do hospital e retorna para a luta com o Último. Desta vez, no entanto, ela se diz sóbria. Está com os poderes carregados e irá acatar as ordens e orientação do Homem de Ferro. E assim, Ultimo tomba de uma maneira mais fácil do que ela imaginava. Ao fim da mesma edição, Danvers surge na reunião do A.A. que Stark frequentemente participava.

RECONVOCADA PRA EQUIPE

Enquanto estava como parte do elenco de apoio da revista do Homem de Ferro, por poucas vezes vimos o desdobramento da vida de Carol Danvers nos gibis dos Vingadores. Lá pela edição #16, ela volta a dar as caras numa história em que a Gangue da Demolição é contratada por um misterioso vilão robótico que estava em busca da 'Ms. Marvel'. Mas como a personagem não usava mais esse codinome na época, os atrapalhados vilões acabaram perseguindo a Monica Rambeau. 

Com o fracasso dos lacaios, o vilão decide ir por conta própria atrás do seu alvo e é aí que descobrimos que Kurt Busiek resgatou mais um vilão antigo da personagem - Kerwin Korman, O Destruidor. O vilão tinha sido modificado pela IMA desde a explosão que o tinha dado como desaparecido (na mensal da Ms Marvel) e que buscava a Ms. Marvel ou alguém da natureza Kree que o pudesse substituir e se livrar daquela prisão que se tornou o Doomsday Man. Korman acabou derrotado, mas os Vingadores prometeram ajudá-lo agora.

Mesmo conseguindo trabalhar desta vez em conjunto com a equipe de Vingadores (ou parte dela) de novo, Danvers ainda não voltaria pro time ali. Em paralelo com a história que vivia na mensal do Homem de Ferro, estava na fase ainda em que a bebida a influenciava bastante. Isso muda completamente após o acidente com o vôo 619. Carol foi pra julgamento tendo Franklyn Nelson como advogado na edição #26 dos Vingadores e estava disposta a contribuir com o que for pra pagar o preço do desastre.



No meio da sessão, a juíza recebe um aviso que a faz imediatamente concordar que seria uma ótima pena para Warbid e aceita. Foi assim que a heroína acabou participando de uma equipe extremamente secreta que reuniu os heróis Garra Prateada, Homem-Formiga e Genis-Vell sob a liderança de um suposto Capitão América. A palavra "suposto" vem do fato de que simplesmente descobrimos no meio dessa história que aquele era na verdade o Treinador disfarçado tentando invadir uma instalação de uma sociedade civil misteriosa chamada Triúnica.

Apesar do embuste, essa história acabou servindo para que ainda sob os motivos de expiar os problemas causados desde que virou alcoólatra, Carol Danvers concordasse em participar de uma formação nova dos Vingadores. A equipe andava com a imagem estranhamente 'queimada' e isso fez com que alguns membros desistissem por não saberem lidar com a situação. O time novo foi liderado pela Vespa e também contavam com o Golias, Feiticeira Escarlate, Homem de Ferro, Triatlo e a Mulher-Hulk, que ficou temporariamente no lugar do Visão.



Nessa nova fase, após superar os acontecimentos dessa sua 'queda' devido a bebida, Warbird parecia uma nova pessoa. Ela desenvolveu ao longo do caminho a habilidade de drenar energia de qualquer fonte energética (do mesmo jeito que fazia antes com o 'buraco branco') e disparar rajadas de suas mãos. Era uma pessoa que não só passou a obedecer bem ordens da sua líder, como chegou a orientar inclusive membros que estavam inquietos como o Triatlo. Em dada história, quando o colega voltava a reclamar sobre um erro de julgamento do Homem de Ferro no passado, Carol ergueu a voz e disse que os Vingadores eram humanos, falhavam como já falharam com ela, mas por detrás sempre estava as verdadeiras intenções boas e honestas do time.



Nessas histórias, vemos Warbird e o time confrontarem grandes vilões como o bruxo Kulan Gath e sua horda de homens pássaros, O Ceifador e os mafiosos da Maggia, o poderoso Conde Nefária (fazendo um crossover com a revista dos Thunderbolts) e uma trama obscura envolvendo a misteriosa organização Triúnica. Foi em meio a essa fase que também ocorreu o evento 'Segurança Máxima' por diversas revistas da Marvel, onde mais uma vez os Krees eram envolvidos e queriam transforma a Terra numa colônia penal, ao mesmo tempo em que a proibiriam de se envolver em assuntos externos galáxia afora.

Contudo, de todas essas histórias, nenhuma mexeria mais com a personagem que a Dinastia Kang.


DINASTIA KANG E UM NOVO MARCUS

Até hoje, a fase de Kurt Busiek nos Vingadores, que foi muito além das edições que foram desenhadas por George Perez, é lembrada como uma das mais marcantes pelos fãs. Busiek é bem conhecido pela amarração que faz na narrativa e que repentinamente pode ter ares megalomaníacos.  Ele consegue trabalhar com muitos personagens com facilidade e criar interações entre eles de forma bastante relevante paralela ao combate principal. É difícil dizer até qual é a história mais marcante feita por ele aí, mas a Dinastia Kang seria uma forte candidata. Considere aí a grandeza do evento pelo seu tamanho. Teve 16 partes, que vai da edição #41 a 55 dos Vingadores e inclui também uma anual. Posso estar errado, mas não há arco mais longevo na história dos Mais Poderosos Heróis da Terra na minha lembrança.

Não é nossa intenção resumir o arco por inteiro a Dinastia Kang aqui, até porque seria complicado demais para um só tópico. Mas há alguns plots interessantes para a Carol Danvers nessa história, tratam-se justamente do 'vespeiro' que Kurt Busiek não hesitou em cutucar quando nenhum outro ousaria. Busiek resgataria a história de Marcus como parte de sua nova trama. Não exatamente aquele Marcus, o filho do Immortus, mas uma outra versão dele, um outro filho, desta vez de Kang. Ele seria o mais novo personagem a usar a alcunha de Centurião Escarlate na Marvel e acompanharia seu pai na missão de voltar ao presente da Terra para salvá-la, mas para tal era preciso conquistá-la.


Marcus surge como um batedor da vinda de Kang, luta com todos os Vingadores conseguindo ter certa vantagem sobre eles graças a tecnologia do futuro. No meio da batalha, eis que Warbird reconhece sua voz e trava completamente. Ela sabe que por detrás daquela máscara é Marcus, aquele homem terrível que abusou dela no passado. Ao menos, soava como ele, e Carol estava assustada o bastante com isso. Kang chegou logo em seguida ao ataque do filho, ameaçando o grupo com sua gigantesca nave Damocles em forma de espada e exigindo ser ouvido.

Kang, fazendo uso de sua alcunha, diz que está ali para conquistar o nosso mundo no presente, sob a desculpa de que estaria o salvando. Ele explica revelando uma série de imagens dos acontecimentos que há por vir de que a Terra estaria condenada. Os ataques viriam dos Deviantes, dos Atlantes comandados por Attuma e de um novo vilão chamado Presença, uma força maligna que transformava pessoas em zumbis radioativos. Outros tantos eventos acabariam vindo logo em seguida, mesmo se sobrevivêssemos a eles. Com tudo isso acontecendo ao mesmo tempo, nem os Vingadores teriam forças para lidar.

E por fim, havia o próprio Kang, que também viria com seu exército para atacar. Ele nem se incomodava de explicar seu plano, já ciente que isso não mudaria em nada sua vitória. Estava tudo já decidido e a única coisa que mudaria era se os humanos cedessem e aceitassem de cara serem conquistado. Obviamente, os Vingadores não aceitaram.



Como previsto por Kang, após ele deixar a conversa e seguir pra Damocles, as ameaças pelo mundo começam a acontecer. Os Vingadores são mais que necessários para agir e eles devem expandir seus membros e se espalhar pelo mundo. Assim, Warbird ganha pela primeira vez um cargo de liderança entre os Vingadores para agir contra os Deviantes na China. Seu time conta com a Mulher-Hulk,  Viúva Negra, Garra Prateada e Visão. Quando cercado pelos inimigos, Carol decide resolver a situação de um jeito mais radical e direto. Ela desafia o líder dos Deviantes para um Combate. Ele aceita mas manda um campeão no lugar, uma criatura amorfa e gigante que no início chega a sobrepujar Danvers, mas logo depois ela tem sua vitória. E com isso ela não só vence como passa a "liderar" aquela facção de Deviantes. As demais equipes de Vingadores no resto do mundo conseguem resultados similares, com mais ou menos dificuldade. Só que isso está longe de por fim aos planos de Kang. Enquanto os Vingadores estavam ocupados, Kang já planejava seu ataque a Europa.


Mas voltemos ao Marcus para um breve interlúdio. Na edição #45, temos a história sobre como Kang decidiu ter filhos. Sim, filhos, no plural. Marcus é apenas mais um que faz parte de um longo experimento que executa em diferentes linhas temporais. Esse Marcus, no entanto, diferente da versão ligada a Immortus, é um filho que não foi abandonado, mas sim cuidado e treinado pelo pai para herdar seu mundo conquistado. Esse Marcus foi treinado na idade média quando era criança e sempre viveu com a figura paterna ao seu lado. Marcus era a criança perfeita para seu pai, mas desde o encontro com heroína Warbird, a imagem daquela mulher não deixava de sua cabeça. E ele a observava sempre que podia nos seus monitores da nave de Kang.

Ainda em Dinastia Kang, como se não fosse uma história já bastante convoluta, surge a ameaça do Mestre dos Mundos, um vilão da tropa alfa que também queria fazer jus ao seu nome e herdar a Terra, da qual se dizia dono. Desde que aparece aqui na história, o Mestre do Mundo estava sequestrando grandes líderes ao redor do planeta e os guardando em sua base no Canadá. Na lógica dele, ao mesmo tempo em que protegia "parte" da Terra contra Kang, estaria também a tomando para si. Carol Danvers é enviada pela Vespa com uma equipe para atacar o lugar e salvar aquelas pessoas das garras do vilão. 


A missão não sai completamente bem. Quando o quinjet é atacado pelo exército do Mestre dos Mundos, Carol é atingida e cai na neve. Prestes a ser atacada pelas criaturas geneticamente modificadas chamadas de Lobos Plodex sob o comando do Mestre do Mundo, eis que Carol recebe uma ajuda inusitada do Centurião Escarlate. Marcus veio ali em seu auxílio. Estava disposto até a doar a energia de sua lança para carregar os poderes de Warbird, mas Carol estava associando-o muito a versão de Marcus que ela conhecia e não queria nada dele. Ainda assim, num momento de trégua, ela houve a história daquele filho de Kang e percebe que são pessoas muito diferentes, apesar de lhe parecerem completamente iguais.

Carol acaba decidindo receber a ajudar em partes do Centurião Escarlate, e juntos invadem a fortaleza do Mestre do Mundo. Descobrem seu laboratório de modificação genética que cria os Lobos Plodex e vê que de alguma maneira a anfíbia Marrina estava lá presa e devia ter algo relacionado a construção genética dos monstros. Depois de avançar e destruir algumas criaturas, Carol Danvers consegue entrar em contato de novo com seu time  para prosseguir a missão. Marcus a deixa e diz não entender tudo o que se passou com ela, ainda assim lamentando qualquer mal que tenha causado.


Mais adiante, Warbird e seu time topam frente a frente com o Mestre dos Mundos. Apesar da missão de resgate na surdina falhar, Danvers não iria sair dali derrotada. Enquanto os demais lidavam com os lobos Plodex, ela foi num confronto direto com o Mestre dos Mundos e o matou no calor da batalha. A cena acabou chocando a todos, inclusive os membros da sua equipe e ela já sabia de antemão que sofreria algum julgamento sobre isso mais tarde.



A história de Dinastia Kang corre ainda por mais números, com Kang conseguindo derrotar as defesas da Terra e obrigando os americanos a reconhecerem sua vitória por escrito. O plot envolvendo a misteriosa organização Triúnica e seu líder finalmente é revelado aí. E a virada de verdade na história acontece a partir da edição 52, quando os Vingadores remanescentes se reúnem mais uma vez pra uma ofensiva contra o Conquistador do Futuro. Junto aos Vingadores, os Deviantes,  Atlantes e o exército radiativo do Presença que anteriormente eram adversários dos Vingadores viraram o exército contra Kang. E a maior batalhal aconteceu entre o Capitão América e o Vilão através do uso de um simulacro holográfico operado entre naves.

Batalhas viscerais aconteciam em todos os campos e no meio disto Warbird teve um último confronto com o Centurião Escarlate. Ele era a última linha de defesa contra o núcleo energético da nave de Kang e ambos hesitavam em tomar a iniciativa do primeiro ataque. Calhou do Valete de Copas intervir, derrubar Marcus e só assim Danvers entrou no núcleo e absorveu o máximo de energia dele. A nave Damocles foi destruída e a última coisa que Kang poderia fazer é mirá-la em queda terminal na Terra. 


Marcus tentou estar junto do seu pai ao seu lado, mas acabou sendo empurrado pelo Conquistador para um capsula de fuga. O conquistador chegou ainda a sobreviver ao impacto da queda e estava ainda disposto a um combate corpo a corpo contra Steve Rogers, mesmo que fosse seu último. O Capitão, no entanto, manteve seu código de ética e o apenas o derrubou. Kang seria finalmente preso neste século e a vitória dos Vingadores foi comemorada por todo o globo por muitos povos.

Na última edição deste imenso arco, vemos que Marcus volta do futuro mais uma vez para salvar seu pai, mesmo a contra-gosto dele. Kang realmente gostava desse seu filho, mas agora estava ciente de sua fraqueza, além de sua traição. Ele levou-o a câmara onde tantos outros corpos de Marcus como ele cresciam em estase. Disse que ele foi o melhor deles até agora e depois o matou. Na cena final, Kang se debruçou sobre o seu corpo e chorou, antes de autorizar o protocolo para "acordar" mais um filho.


Na edição que serve de prelúdio para o fim deste mega arco, temos uma versão bastante similar a da primeira intervenção da Carol Danvers aqui. Desta vez, ela estava sendo julgada pelos excessos na batalha que levou a morte do Mestre do Mundo, mas o veredicto final foi bem diferente. O Capitão América e todos os demais entendiam a situação extrema por que passavam e a necessidade das medidas desesperadas em certos momentos.



Particularmente, mesmo relendo mais uma vez essa história para escrever esses artigos, fico procurando algum motivo por trás de Busiek trazer a tona novamente um vilão tão polêmico quanto Marcus e desta vez mudar sua personalidade para algo menos desumano. Busquei sobre entrevistas com depoimentos sobre tal decisão em particular, mas eu não encontrei. Resta-nos divagar.

De certo modo, tomando como ponto um determinado dialogo, fiquei até com a impressão de que a ideia era que Marcus - como personagem, mesmo um novo personagem - tivesse a chance de pedir desculpas a Carol Danvers ali e mostrar que quando se é dado uma nova chance/vida (ou roteirista melhor) poderia ser um personagem menos cretino. Mas isso é apenas uma elucubração minha. Em todo caso, Busiek não foi desonesto em nenhum momento com sua Warbird aqui. Na perspectiva da Carol, ela acabou de reencontrar vivo o seu maior trauma, e mesmo que travasse em dado momento como qualquer um travaria, superou e venceu no final. Agora era só passado. E com isso meio que fechou-se de forma redonda o seu arco antes de Busiek se despedir do título dos Vingadores.

DEIXANDO O TIME

Sai Kurt Busiek e entra um novo roteirista, Geoff Johns. O nome parece familiar? Pois é, os Vingadores foi algo bem no comecinho desse peso-pesado da DC. Mas Johns não chegou a tecer nada marcante nesse curto tempo. Para Carol em particular, não há nenhuma história espetacular digna de nota. Ainda assim, vale ressaltar que Warbird passa por mais uma mudança a partir da edição 65 dos Vingadores. E isso começa já com um novo uniforme que mais lembra realmente um traje de operativa comum. E ela usou por poucas histórias.


No final deste mesmo arco de história que se chamava "Red Zone", já dá pra perceber que Danvers não tem mais o mesmo desejo que tinha na fase Busiek de ser aquela heroína marcante da equipe. É tanto que na primeira oportunidade quando lhe é oferecido na edição #70 dos Vingadores um cargo como Líder de campo do Departamento de Defesa do exército americano, ela não hesita.


Carol Danvers acabou tendo esporádicas aparições em outros títulos, mas quase sempre como um membro de apoio, seja num cargo executivo, como foi no caso dos Novos Thunderbolts em que ela serviu como o contato da equipe com o governo americano; Ou seja nas revistas 'Alias' e 'Pulso', onde ocupava o papel de melhor amiga de Jessica Jones em suas histórias. Em ambos os casos, vemos que a personagem simplesmente voltou do nada a usar o uniforme azul com raio, ignorando completamente as mudanças feita no Vingadores de Geoff Johns.

Então, acontece A Queda dos Vingadores... e tudo muda... de novo

Nosso Arquivo da Carol Danvers acaba mais uma vez aqui, há uma fase ainda mais produtiva por vir e os horizontes voltam a se abrir pra Srta Danvers. Fica de olho!

Coveiro

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