quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Rob Liefeld dá adeus mais uma vez a sua colaboração com a Marvel

Quem acompanha o cara nas suas redes sociais já sabe mais ou menos da história. Faz algumas semanas que Robert Liefeld andou soltando indiretas pra Marvel. Mais que isso, chegou a ameaçar processo. Sem saber muito sobre o que andou o motivando a isso, recentemente, o desenhista revelou que a capa variante que fez pra o relançamento de Deadpool será sua última:



“Então, essa será minha última capa original da Marvel para o futuro próximo. Depois de fazer 100 capas nos últimos anos, estou fazendo uma pausa. Também não continuo com interiores, pois os deixei em modo de espera também. G.I. JOE: SNAKE EYES e criador estão na mesa! ” disse Liefeld anunciando seu próximo projeto.

A primeira vez que tomamos conhecimento de que Liefeld estava tendo problemas de novo veio no começo do mês. No twitter, ele expressou: "Tive uma longa conversa com meu advogado. Tá na hora de colocar o pé no fogo pra umas práticas obscuras com a Marvel. Bons tempos virão Robert Iger". Deixou os fãs confusos. O máximo que conseguimos saber é que não teria nada a ver propriamente com Deadpool desta vez. Esse Twitter foi apagado depois de alguns dias.

Não sabemos se o processo foi pra frente ou não, mas claramente o criador de Deadpool voltou ao twitter duas atrás pra deixar claro que sua insatisfação com a  Marvel certamente não envolvia o editor-chefe da Marvel C.B. Cebulski. Na verdade, Cebulski teria sido um amigão dele ao tentar emplacar de novo no comitê a proposta de uma série de Killraven que chegou perto de sair no começo da década, onde Liefeld faria parceria com Robert Kirkman, criador de The Walking Dead.


Talvez poucos lembrem dessas notícias, mas o projeto, no qual Liefeld estava trabalhando há cerca de uma década, aparentemente se adiantou o suficiente para ganhar sinal verde e ele afirmou que existem cerca de 100 páginas de arte em uma gaveta em algum lugar, apresentando não apenas o personagem-título, mas vários personagens dos Vingadores do Futuro. E o empecilho para a coisa toda não andar pode ser um outro editor da Marvel também famoso e que teve uma briga notória e aberta com ele nas redes sociais.

Foi em 2011 que Liefeld entrou em uma discussão no Twitter com Tom Brevoort, quando Liefeld sugeriu que havia um "padrão duplo" de tratamento que era dado para certos criadores e outros não. Segundo Liefeld, haviam equipes criativas que já ganhavam sinal verde pras séries mesmo que no começo da produção e quanto outros eram cobrados quando já tinham muitas páginas em adiantamento. Brevoort retrucou que Liefeld ainda não havia entregado toda a arte colorida finalizada de Killraven, e que a Marvel não poderia anunciar nada sem elas, mas tanto Liefeld quanto Kirkman apontaram que a maioria dos quadrinhos da Marvel não precisa ter cinco edições concluídas para serem anunciadas e esse era exatamente o duplo padrão que Liefeld estava falando desde o início. O projeto estava programado para ser um épico apocalíptico de super-herói.

"Existe uma espécie de reviravolta no final da edição em que vemos que ele vai enfrentar alguém bastante familiar para os fãs do Universo Marvel", disse Kirkman à CBR em uma antiga entrevista em 2007. "Existem vários personagens que ainda estariam por aí depois de anos no futuro" disse. Killraven era, de certa forma, o Kamandi da Marvel. Um herói sem vínculos reais de continuidade com o atual Universo Marvel, Killraven existia em um futuro em que os marcianos haviam invadido e dominado a Terra. Na opinião de Kirkman, o único sinal real de que era ambientado no Universo Marvel, em vez de uma versão mais padrão daquela Terra, seriam os heróis herdados e outros artefatos (como o escudo do Capitão América e o aeroportaviões da SHIELD) que apareceriam nas páginas do história.

Killraven era pra ser uma minissérie de cinco edições que Liefeld aparentemente lançou a ideia para Joe Quesada durante uma convenção. Teve sinal verde, com Kirkman como escritor, as cinco edições foram aparentemente desenhadas. Na maioria dos casos, esse projeto provavelmente seria colorido por alguém na Marvel, mas desde que Brevoort afirmou em 2011 que era "culpa" de Rob o projeto ter morrido na praia, a coisa azedou.

Em 2012, Liefeld contou sua versão da história, dizendo em parte que Quesada havia começado a conversa elogiando um ideia negada pra o personagen Kamandi que Liefeld havia enviado à DC. Quando Liefeld se ofereceu para ajustá-lo e trazê-lo para a Marvel, Quesada consentiu. "O argumento original era que Kamandi lutou contra um bunker que possuía um dispositivo transportador e, após ativá-lo com sucesso, ele e seus aliados foram transportados com sucesso a bordo do satélite da JLA que ainda estava em órbita acima da terra", explicou Liefeld na época. "Eles conseguiram armar-se com um arsenal de armas icônicas da JLA, além de perseguir um objeto mapeado no computador da JLA antes do grande desastre. Isso foi facilmente re-formatado com Killraven e a mansão dos Vingadores no lugar de suas armas. Homólogos de DC ".

De acordo com o que foi dito, Kirkman teve as duas primeiras edições totalmente preenchidas e coloridas, enquanto as outras três foram enviadas à Marvel em forma de lápis antes de ficar claro para Kirkman e Liefeld que a editora não tinha planos imediatos de anunciar a série. Aparentemente, no entanto, o sucesso de Liefeld em Major X quase - quase - o tirou do cofre de novo.



Não se sabe exatamente o que deu errado desta vez, já que o próprio editor-chefe novo da Marvel intercedeu por ele. Se foi uma negativa do comitê, não veio a tona. Fato é que um pouco antes dessa nova confusão, Liefeld e Tom Brevoort bateram boca de novo. Pode ter sido de novo um desgaste requentando uma velha intriga. De qualquer modo, Rob Liefeld vai dar adeus pra Marvel por um tempo agora.

Coveiro

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