Kate Herron não era exatamente uma diretora conhecida quando se promoveu para a série do Loki. Tinha alguns episódios de Sex Education em seu curriculo, mas ao mesmo tempo demonstrou muita paixão pelo personagem e apresentou um bom material pra os executivos da Marvel como ideia pra série. Ao The Hollywood Reporter, ela conta como foi sua jornada até finalmente ser aceita por Kevin Feige:
"Eu estava tão superempolgada. Meus agentes ficaram tipo, “Olha, é apenas uma conversa casual, eles só querem ter uma ideia de você”, e basicamente eu estava tipo, “OK, vou apenas apresentá-los”. Porque eu pensei, eles poderiam não me encontrar novamente. Então eu consegui o máximo de informações que pude, e eles me enviaram um pouco sobre o seriado. E acabei de preparar um grande argumento para isso. Cancelei tudo por duas semanas. Fiz um documento de 60 páginas cheio de referências, ideias para histórias, música. Eu sabia que enfrentaria alguns diretores realmente grandes e sabia que não seria a mais experiente na sala, então [disse], 'OK. Serei simplesmente a mais apaixonada'” contou.
"Eu estava na Inglaterra, no sudeste de Londres, usando o Zoom. Eu tive alguns estágios em que fiz isso. Então, depois de algumas entrevistas com Kevin Wright e Stephen Broussard, dois dos executivos da Marvel que me prepararam para a grande partida, fui falar com Kevin Feige, Victoria [Alonso], Lou [Louis D'Esposito], e toda equipe lá. Isso foi muito surreal porque eles me levaram para Burbank e eu estive nos estúdios da Marvel. Eu não tinha o emprego, mas descobri que eles estavam interessados e então me lembro que Kevin Feige me ligou e, quando ele estava em Londres, tomamos café. Ele disse: 'Olha, queremos que você dirija'. Oh meu Deus".
"Eles me levaram para a D23 e isso foi uma loucura porque eu acho que descobri que tinha conseguido o trabalho 48 horas antes, e então eu estava no palco. Os cães de Dama e o Vagabundo estavam na minha frente e Michael [Waldron] no tapete vermelho. "O que está acontecendo?" (Risos.) Eu conheci Tom naquela semana também, então foi meio que um turbilhão".
"Fiz uma viagem de duas paradas. Eu voei primeiro para Nova York para encontrar Tom. Ele estava em Betrayal na época, na Broadway, então basicamente fizemos uma caminhada incrível por Nova York. Eu nunca o conheci antes. Acabamos de falar sobre Loki e o que era realmente importante para nós sobre o personagem e onde pensamos que seria divertido levá-lo também. Foi uma conversa intensa de cinco horas com ele basicamente. Eu o conheci e depois voei direto do encontro com ele para a D23. Então foi muita coisa".
Kate contou também ao The Hollywood Repórter quando começou a mexer de fato na série. "Eles me enviaram o esboço, então eu conhecia a história geral. Eu também estava lançando coisas. “Oh, poderíamos fazer isso com esse personagem.” O piloto foi muito bem escrito por Michael e eu realmente gostei do que eles estavam fazendo com o personagem e a história. Então, ele estava construindo sobre isso e lançando ideias de onde ele poderia ir mais tarde na série. Isso me lembrou um pouco da improvisação em que você está sempre construindo, sempre tentando levar a história ao melhor lugar. Então, estávamos sempre nos adaptando e mudando a história. Nossa interrupção, durante o COVID, foi uma chance para voltarmos a isso. Eu estava editando o que tínhamos feito, então pensei, "OK, isso é o que realmente funciona para a história em termos de tom." Então voltamos ao que não havíamos filmado e começamos a adaptar essas coisas para caber mais onde estávamos indo" disse.
"Michael [Waldron] estava conosco no início, e então ele foi para o Doutor Estranho. Tínhamos um escritor realmente maravilhoso chamado Eric Martin de nossa sala de roteiristas, e ele era nosso roteirista de produção no set. Foi entre eu, ele e meu produtor criativo Kevin Wright. Gostaríamos de fazer um brainstorm e nos adaptar. Sempre adorei conversar com o elenco. Tínhamos um elenco tão inteligente. Owen também é escritor. Se você tem esse recurso incrível, por que não falar com eles? Estávamos sempre nos adaptando. Obviamente respeitando a história que queríamos contar desde o início, mas sempre tentando torná-la melhor".
Sobre Owen Wilson, Herron explicou que "Ele está interpretando um especialista em Loki, então, no início da produção, Tom e eu estávamos conversando. Ele inventou uma coisa chamada 'Escola Loki'. Ele deu uma grande palestra para o elenco e a equipe. Eu amo o personagem. Esta é uma década dos fãs amando esse personagem e por onde ele esteve. Estava falando com todos sobre isso, mas por meio de Tom e de suas próprias experiências. Acrobacias que Tom gostou ou fantasias. Ele acabou fazendo a mesma 'escola Loki' para Owen. Owen simplesmente amou. Owen tem o cérebro de um escritor. Lembro que tive que falar com ele pelo telefone. Minha frequência cardíaca [aumentou]".
"Eu amo o trabalho dele. "Oh meu Deus, vou falar com Owen Wilson." Ele é tão descontraído e agradável que imediatamente te deixa à vontade. Foi o discurso mais detalhado que já fiz, para um ator, de todos os tempos. Acho que praticamente falei durante todo o primeiro episódio com ele. Você pode dizer que ele é um escritor, apenas pela maneira como ele ataca a história. Suas perguntas sobre o mundo e a estrutura e o arco do personagem. Foi muito divertido trabalhar com ele".
Segundo a diretora, a conversa foi longa devido ao interesse e desconhecimento do ator sobre o personagem "Foram as perguntas que ele fez e a maneira como atacou a história, nesse sentido. E também provavelmente porque ele era mais novo no mundo da Marvel, ele disse, 'OK, como isso funciona?' Eu também apresentei para ele o arco de Loki nos últimos 10 anos, para onde esse personagem foi, mas também explicando nosso Loki e o que aconteceu no Ultimato e na viagem no tempo. Há muito o que resolver nessa conversa."
Já sobre o seu relacionamento em cena com Tom Hiddleston, Kate disse que "foi quase telepático. Nós meio que nos entedíamos. Nós olhavámos um para o outro. 'Poderíamos ir de novo' ou 'Conseguimos'. É diferente com cada ator. Existem alguns atores que gravam e eles só querem ir em frente. Mas eles não querem fazer um milhão de tomadas. Há outros atores com quem trabalho que são muito meticulosos e querem algumas tomadas para se aquecer e se envolver. Depende do ator. A forma como eu e Tom somos semelhantes é que ambos somos muito perfeccionistas. Nós dois somos muito estudiosos".
"Definitivamente nos conectamos nesse sentido. Ele é um ator muito generoso. Lembro-me de um dia, tivemos alguns de nossos atores entrando como atores diurnos. Era muito importante para ele estar lá para eles, para ler as falas fora da tela. Ele teria que estar 50 lugares ao mesmo tempo, porque ele é o ator principal. A coisa mais incrível sobre ele era sua generosidade. Não apenas para os outros atores, mas também para a equipe, por estarmos filmando em uma época como a COVID" contou.
Já sobre sua relação com Kevin Feige, disse que "sempre achei que às vezes que lançávamos algo, e seria em um bom lugar, ele sempre dizia, "OK, isso é ótimo, mas vá mais longe." Às vezes, eu lançava coisas e dizia: "Isso é muito estranho", e ele dizia: "Não, faça mais estranho". Ele quer contar a melhor história e achei muito útil ficar de olho em tudo e no fato de que ele desafia tudo. Tom também, no set. Ele traz esta energia incrível e este grande jogo que faz com que todos estejam à altura da ocasião",
Atualmente, Kate está na fase de edição final. "Temos três editores, Paul Zucker, Emma McCleave e Calum Ross. Meu relacionamento com os três é muito diferente. Emma e eu somos muito próximas porque ela também estava em Atlanta, longe de casa. Eu a conheci muito bem. Eu amo trabalhar com os editores porque é um novo par de olhos. Você se aprofunda tanto em algo quando está filmando que é quase como escrever de novo quando está na edição. As coisas mudam. Mesmo em alguns episódios, reordenamos a estrutura. Ou mudamos as cenas de um episódio para outro. Sempre adorei o processo de edição. A melhor coisa é alguém honesto que pode ser tipo, "Ei, isso não faz muito sentido para mim" ou "Isso não está funcionando" disse.
"Ainda estou terminando o seriado. Meu último dia é o dia em que o segundo episódio vai ao ar. Eu estarei trabalhando naquele dia. Infelizmente, provavelmente irei checar pouco na internet, mas provavelmente irei para a cama quando terminar, porque acho que farei um dia de 12 ou 13 horas ou algo assim. Eu não consigo me lembrar. Estou muito animada para que as pessoas vejam e apenas tragam para o mundo, de verdade" falou".
Kate Herron ainda falou sobre suas maiores inspirações na ficcção científica. E citou os exemplos de Brazil, Metropolis, Alien e o Guia do Mochileiro das Galáxias. Para ver a entrevista completa do THR, basta clicar aqui. E Loki está chegando nessa quarta-feira na Disney+, no dia 9 de Junho.
Coveiro
