quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Livro revela detalhes da disputa de personagens entre a Marvel Studios e a Marvel TV

 A história da Marvel Studios: A criação do universo cinematográfico da Marvel recentemente chegou às lojas e contém centenas de páginas de novas informações sobre a criação do mundo que os fãs da Marvel adoram. Apesar da vastidão de detalhes sobre vários momentos diferentes da criação do UCM e muitas curiosidades de bastidores, o que mais chamou atenção assim que o livro parou nas mãos dos leitores foi a revelação da conturbada relação entre a Marvel Studios e a Marvel TV sob supervisão da Marvel Entertainment.

Por muito tempo, muitos de nós se questionavam se as séries da ABC, Hulu ou mesmo da Netflix eram "canônicas" ou não. Pelo que a autora do livro  Tara Bennett revelou no seu texto, apenas uma série foi considerada parte integral do chamado "Universo Cinematográfico da Marvel" como um todo. No livro, há uma seção dentro do capítulo de 2015 que traz o lançamento do Agente Carter, o seriado da ABC estrelado por Hayley Atwell como Peggy Carter. No livro, é dito que como a série tinha uma "narrativa canônica" que eventualmente foi referenciada em filmes futuros. O enxerto diz:

"Lançada em 6 de janeiro, a série estreou em meados do meio do ano pela ABC. Notavelmente, a Agente Carter marcou a primeira vez que um personagem originado do UCM faria a transição da tela grande para a telinha, com narrativa canônica que acabaria se encaixando em filmes futuros". Segundo o relato, um seriado girando em torno de Peggy Carter vinha tentando decolar por anos, mas "tinha sido difícil avançar no lado do cinema, devido aos impasses com a Marvel Entertainment em Nova York".

Vamos por partes aqui. Pra começar, é um desaforo com o personagem do Agente Coulson esquecer que seria ele o PRIMEIRO personagem dos cinemas a migrar pras telinhas. E é difícil não acreditar que na primeira temporada de Agentes da SHIELD já se considerava a série canônica. A outra parte do parágrafo que merece atenção é quando se refere que a série serviu para atender os filmes posteriores. De cabeça, o que dá pra lembrar de imediato é o uso do ator do Jarvis da série em Vingadores Ultimato, James D'Arcy. Por fim, a série é uma das únicas da TV que ostentam os figurões Kevin Feige e Louis D'Esposito da Marvel Studios nos créditos como produtores.

Ainda assim, ciente que este livro passou por um escrutínio de aprovação executiva da Marvel Studios e é considerado um relato "totalmente autorizado" do trabalho do estúdio, isso parece confirmar que Agente Carter é de fato canônico para o UCM atual. Contudo, por outro lado, é muito complicado ainda garantir isso como verdade, principalmente quando na Disney+ não se usou nada da série pra revisitar a passagem de Peggy Carter no UCM no especial "Legends" dela e recentemente seu curta metragem chegou a entrar e sair momentos depois da plataforma da Disney+ como se tivesse sido "descartado".

E se por um lado a situação parece favorável pra Agente Carter, a situação parece bem complicada para Agentes da SHIELD, Demolidor, Justiceiro, Manto e Adaga e todas as demais séries que passaram por fora do crivo da Marvel Studios. Segundo o livro conta, todas essas séries e - principalmente seus personagens - sequer podiam ser mexidos pelo grupo dos 'cinemas' encabeçado por Kevin Feige. O livro conta que quando os direitos de personagens como Motoqueiro Fantasma, Demolidor e Blade foram revertidos para a Marvel, a divisão de filmes, a Marvel Studios, não foram capazes de usá-los, mesmo que quisessem. Em vez disso, a Marvel Entertainment, que dirigia os projetos de TV, tinha controle total sobre eles. Pelo que o livro sugere, toda a continuidade construída ao longo dos seriados teve potencialmente a aprovação zero do presidente da Marvel Studios, Kevin Feige. 

Antes, o pensamento comum sobre toda essa situação era que a Marvel Studios basicamente deixava a Marvel Entertainment ter o que queria. Que esses produtos de TV poderiam existir porque a Marvel Studios não tinha nenhum interesse em usar esses personagens na época. Isso é pelo menos o que todos pensavam que estava acontecendo. Parece que não era bem isso o que estava acontecendo - na verdade, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, não tinha nenhum controle.


Esse novo livro sobre a história do UCM traz informações que atribuem aos superiores da Marvel Entertainment decidindo que, já que o Kevin Feige liderava o estúdio e já estava profundamente comprometido com os Vingadores e Guardiões da Galáxia, aqueles personagens que voltaram para as mãos deles poderiam ajudar a construir um "império de TV já planejado". E esse império estava inteiramente sob o controle direto da Marvel Entertainment - totalmente separado dos Estúdios da Marvel. O lado dos filmes não tinha controle sobre esses personagens, "apesar de seu interesse em desenvolvê-los".

"Embora muitos observadores presumissem que todo esse conjunto de personagens iria diretamente para o processo de desenvolvimento do filme da Marvel Studios, foi decidido pelos superiores da Marvel Entertainment que, porque o lado do filme já estava profundamente comprometido com seus personagens de sucesso Vingadores e os Guardiões da Galáxia, que os retornados ajudariam a construir um império de TV planejado sob o controle direto da Marvel Entertainment (totalmente separado dos Marvel Studios). O lado dos filmes não tinha controle sobre esses personagens, apesar de seu interesse em desenvolvê-los. Todos eles foram para a Marvel Entertainment. Motoqueiro Fantasma apareceu em Agentes of SHIELD, e os outros foram colocados em diferentes séries de streaming."

Toda esse conflito gigantesco é algo que certamente foi germinado logo após a aquisição da Marvel pela Disney em que Kevin Feige forçou ao máximo conquistar sua liberdade para decidir o que era melhor para os filmes tirando um pouco o poder que o Presidente da Marvel Entertainment Ike Permulter tinha na época. Ao provar-se realmente muito mais apto, toda confiança foi dada a Feige com o tempo e Permulter acabou se tornando cada vez menos envolvido nas decisões criativas da empresa enquanto que Kevin ocupa hoje o importante papel de Chefe do Escritório criativo da empresa, além de Presidente da Marvel Studios.


Essas novas informações do livro rapidamente viraram notícias nos sites e um grande debate originou-se entre os fãs. Houve também uma grande incompreensão por parte de alguns que noticiaram coisas de forma errônea e que a autora do livro Tara Bennett teve que se pronunciar várias vezes nas redes sociais até que por fim deixou uma declaração final sobre o assunto.

"Fechando essa discussão para sempre: em um tweet, refutei uma história relatada do Brasil que dizia incorretamente que o livro dizia que Agentes da SHIELD e Agente Carter eram programas canônicos", disse Bennett. "Nossos livros não têm nenhum tipo de proclamação binária sobre programas, o que eu também declarei. Em 250 mil palavras de narrativa contextual, eles explicam quem concebeu criativamente Agente Carter e o executou e então como ela se juntou ao UCM. Os livros apresentam apenas projetos produzidos de forma criativa pela Marvel Studios. Os tweets foram escolhidos a dedo, sem contexto, então estou excluindo-os porque, como todos sabemos, este fórum não permite muita clareza. Aproveite todos os programas. Desfrute de todos os personagens. Aproveite todos os filmes. E divirta-se com as grandes histórias de nossos livros. Isso é tudo que importa."

Não está confirmado se a Marvel Studios tem planos de incorporar histórias apresentadas nos programas de TV da Marvel que foram lançados na Netflix, Hulu, ABC e outras redes. Especula-se que alguns membros do elenco retornem nos próximos filmes e programas de TV da Marvel Studios, embora a Marvel Studios não tenha comentado sobre nenhum dos rumores e relatos fazendo tais afirmações. Se e quando esses relatos forem verdadeiros, não está claro se os personagens e membros do elenco que retornam aos seus papéis na Marvel serão continuações de histórias estabelecidas sob o guarda-chuva da TV Marvel ou simplesmente versões variantes dos personagens que começam um novo cânone separado de suas histórias anteriores, desdobrando-se agora no Universo Cinematográfico Marvel.

Coveiro

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