quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Homem de Ferro 2020 chega e acentua ainda mais a rebelião das Máquinas no quadrinhos

A primeira edição de Homem de Ferro 2020 já saiu e ela realmente mostra que é uma boa premissa para trabalhar essa nova versão de um Homem de Ferro 2020, e mesmo assim tendo uns toques inspirados no que foi a versão original dos anos 80, que aparece na minissérie do Homem-Máquina.



Pra começar, é preciso realizar algumas recapitulações aqui. Dan Slott, que é mestre em ligar os pontos de coisas bem antigas, remonta coisas importantes desde a fase de Kieron Gillen no Ferroso. Você deve lembrar que foi lá que descobrimos que Tony Stark não é de fato filho de Howard, mas sim um substituto adotado para tomar o lugar da verdadeira criança, Arno. O verdadeiro herdeiro para sobreviver dependia de um maquinário gigantesco, o Pulmão de Ferro, que o condicionou a uma vida enclausurada (e escondida, já que ele era destinado a ser o núcleo da Maior Arma de proteção da Terra como parte de um projeto feito por um Registrador Rigeliano, lembra?)

Depois de conseguir libertar o 'irmão' dessa 'prisão', os dois levaram um tempo mas se entenderam e chegaram até a trabalhar juntos por um tempo. Não demoraria um tempo para Arno, tão inteligente quanto Tony, descobrir um jeito de hackear seu corpo e reescrever seu DNA para livrar-se de sua doença congênita. Foi a partir daí que Arno seguiu novos rumos, mas acabou se metendo com uma empresária sem escrúpulos e rival de Tony, Sunset Bain, e com a ajuda dela tomou para si a nova empresa de Tony, Stark Unlimited.

Parece ser uma traição grande do irmão, mas tem um lance aí. Tony Stark não é mais o Tony Stark. Não desde Guerra Civil II, quando Carol Danvers quase o matou, o corpo ficou em coma (e depois desapareceu) e um I.A. com todos os trejeitos do antigo Tony Stark passou a ocupar o lugar e orientar Riri Williams. Quando misteriosamente nosso Tony Stark voltou nas páginas de Homem de Ferro em 2018, o que não sabíamos era que aquele era ainda a I.A. só que com um corpo avançado capaz de reproduzir o humano. Sabendo disso, Arno revelou ao mundo quem de fato era aquele Tony Stark e com isso tomou sua empresa.

É com todos esses elementos que vemos que Homem de Ferro 2020 trabalhará. Logo nas primeiras páginas da nova revista, vemos Arno Stark tendo um apavorante sonho contra a grande ameaça a espécie humana que ele foi destinado a combater. Supostamente, ela está para chegar esse ano de 2020, mas como Arno irá detê-la se a armadura God-Killer foi destruída muitos quadrinhos atrás?


Quando acompanhamos Arno sair da sua cama, também somos surpreendidos com um Howard e Maria Stark ressuscitados. Na verdade, eles foram trazidos de volta a vida pela mesma tecnologia que deu a I.A. do Tony um corpo na edição Tony Stark: Iron Man #18. Isso coloca Arno como um grande hipócrita, pois ele acusa a I.A. do Tony de não ser um ser real ao ser trazida a vida com uma mesma tecnologia. E como não pode ser exposto, Arno condena seus 'pais' ressuscitados a viver escondidos eternamente dentro de sua casa.

Outro problema que Arno também tem que lidar é com a cada vez mais crescente rebelião dos robôs no mundo. Agora que assumiu não só a empresa, mas também o manto do Homem de Ferro, ele sai de casa com sua nova armadura (cheio de referências ao Homem de Ferro 2020 dos anos 80s) para deter um ataque de MVAs de Nick Fury e robôs de construção na cidade. Na ação, o novo Homem de Ferro 2020 salva a vida humana, mas pega bem pesado com os robôs. Afinal, pra que se preocupar, eles podem ser substituídos, certo?

E é essa a questão. Em um interlúdio, vemos o Homem-Máquina cada vez mais revoltado com a resposta dos humanos para suas requisições. E com Arno no jogo a coisa tende a piorar. Nessa edição, vemos Arno e Sunset Bain destruindo suas fábricas de robôs até assegurar que eles não virem futuras ameaças terroristas. Isso tudo acontece em meio ainda a confusão da versão I.A. do Tony andar por aí errática (e bêbada) por aí e Sunset Bain tomar todas as propriedades da Stark Unlimited para si a força (e para ela isso inclui Jocasta com seu novo corpo e o Dr. Saphiro)

Com o tom dos lados aumentando, a resposta de Aaron Stack veio com uma bomba na ala da maternidade de um hospital. Já que os humanos impediram novos robôs de nascer destruindo as fábricas, eles matariam também aquela chance de novos humanos biológicos surgirem. A cena fica curiosa quando o Robô Anti-Bomba da Polícia decide se rebelar e se juntar ao Homem-Máquina. Coube ao Homem de Ferro 2020 surgir e salvar os bebês da explosão da bomba, deixando assim Aaron Stack e o robozinho da polícia fugir.


Então, descobrimos mais dos Robôs rebeldes no final. O quartel-general fica no 13° andar do próprio Hospital, um lugar que era inexistente aos humanos (sabe que americanos costumam pular esse número nos prédios, né?). Lá é possível ver uma quantidade enorme de robôs conhecidos das histórias como o Quasimodo, Albert das histórias do Wolverine, H.E.R.B.I.E, Mecanus, Box da Tropa Alfa, o Robô do Pensador Louco, Bi-Fera, uma infinidade deles. E por fim, revela-se que acima do Homem-Máquina, temos a I.A. do Tony Stark, se vendo como um igual a eles, liderando toda a revolução.



A história até aqui é muito promissora, e trata essa questão da relação das máquinas com os humanos de um novo jeito. Ou seja, remonta a minissérie antiga onde surgiu a ideia do Homem de Ferro 2020 (por Tom DeFalco, Herb Trimpe e Barry Windsor-Smith), mas traz a luz do que de fato é a Marvel nesse ano de 2020. Os personagens da minissérie, Sunset Bain e Arno Stark, ainda podem ser entendido como vilões aqui, mas com mais áreas cinzentas e justificativas para suas convicções. De novo, não tem como o leitor não ficar do lado do Homem-Máquina aqui, ou melhor, das Máquinas em geral desta vez, mesmo a maioria ali tendo já sido vista como um tipo de vilão. Vamos ver como tudo se desenvolve nos próximos seis meses. O ponto de partida é excelente e cumpriu o que prometeu.

Coveiro

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