quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Tudo muda pelas mãos de Destino em um NOVO 2099

O ano de 2019 foi recheado de edições e pequenos eventos para comemorar os 80 anos da Marvel. E um deles em especial teve um significado particular. Depois de relembrar suas oito décadas passadas, a Marvel quis te recordar que em 80 anos no futuro chegaríamos ao marcante '2099'. De alguma forma, era preciso voltar aquele distópico futuro para fazer algum tipo de 'comemoração' daquela realidade alternativa que em tão pouco tempo se encheu de fieis fãs.


O evento foi curto, durou apenas dois meses, Novembro e Dezembro, e mesmo não dando tempo pra falar sobre ele no ano passado, achamos que ainda está em tempo de resumir sobre o que ele tratou aqui no site. Nessa questão de linhas do tempo, antes tarde do que nunca, não é mesmo?

Basicamente, a história circula em torno da revista mensal do Espetacular Homem-Aranha, continuando o trabalho minucioso que Nick Spencer vem fazendo com o Teioso. Só que a estrutura da história foi um bom diferente, chega até mesmo a ser inovadora. Começa a partir da edição de número #32, quando nos deparamos com o Homem-Aranha do Futuro de 2099 mais uma vez vindo parar no nosso passado querendo ajuda de Peter Parker, o Aranha de 2019, para salvar sua linha temporal. Aparentemente tudo culpa do Doutor Destino 2099. Só que Miguel O'Hara não se depara de cara com Peter, acaba sendo preso e estudado por cientistas da Roxxon. Leva um tempo para O'Hara se libertar e seguir no seu propósito de encontrar Parker.

No presente, Peter que voltou a estudar na Universidade Empire State é surpreendido por um projeto do seu amigo Jamie chamado 'Clarividente', um artefato construído capaz de prever possíveis futuros mexendo um pouco com o conhecimento do Multiverso que temos hoje. Isso é algo importante, mas vamos guardar pra outro ponto da nossa história. O que importa agora é saber que minutos depois, os noticiários locais são atolados com a manchete de que  durante sua ida a ONU em Nova York, o Doutor Destino sofreu um atentado a mando da Condessa Karkov da Symkaria.



O nosso Homem-Aranha de 2019 que estava por lá, acabou invadindo a área só para mostrar a todos que aquele era mais um Destinobô de Victor Von Doom e que estava tudo bem. Contudo, isso não importava pra o representante da Latvéria, só o fato do atentado ter ocorrido foi o suficiente pra causar a ira do Destino e atacar a cidade. É nesse ponto que entra o Homem-Aranha 2099, pega Peter de supetão e tenta explicar que sua linha do tempo (que é o atual futuro do nosso 2019) está sendo comprometido. E está sendo comprometido justamente por aquele atentado acontecendo naquele exato momento ali. O Homem-Aranha 2099 não fica por muito tempo ali para poder ajudar Peter a entender tudo. O futuro de 2099 dependia mais do que tudo da intuição do Aranha de 2019.

E é aqui que o evento ganha um ar totalmente diferente do que já vimos em termos de minisséries da Marvel. A história do Aranha de 2019 continuará acontecendo na revista mensal, onde de alguma forma ele tentará reverter o mal que o Destinobô e seu exército causará em Nova York. Já o futuro de 2099, ou melhor, o NOVO 2099 será tratado em uma série de tie-ins solos especiais.

A edição 2099 Alpha #1 (escrita por Nick Spencer e com arte de Viktor Bogdanovic) revela um futuro de 2099 até que bem similar ao que conhecíamos, só que com uma notável diferença. Eles não tem seus heróis. E na verdade ninguém ali sequer sabe muito dos heróis do passado. O que antes chamavam de Era Heróica, agora era conhecida como 'Era Perdida'. E tudo isso graças ao Doutor Destino, que de alguma forma arranjou os eventos para que o conhecimento sobre os heróis do passado fosse simplesmente esquecido. E não só isso. Destino desestimulava qualquer sinal de ressurgimento do sentimento heroico naquela era. Para isso, chegou até mesmo a tornar refém o vigia Uatu afim de usar seus 'olhos' para ver qualquer resquício de heroísmo ressurgindo. Então, a edição traz aqui um Miguel O'Hara que continuava sendo um funcionário da Alchemax, um Jake Gallows cumprindo seu papel como policial do Olho Público sem vida dupla, um Kenshiro Cochrane sendo apenas um hacker ladrão da Cidade Transversal. Mas isso estava prestes a mudar...



Punisher: 2099 #1 (por Lonnie Nadler, Zac Thompson e Matt Horak) é um dos primeiros tie ins dessa história e nessa história não é Jake Gallows quem se torna o Justiceiro. Sem sequer ter conhecimento da existência do Frank Castle do passado, não há ninguém pra Gallows se inspirar. Assim, apesar de continuar linha dura contra o crime, Jake acaba sendo um policial corrupto nessa linha temporal como qualquer outro do Olho Público. Mas o heroísmo sempre dá um jeito de ressurgir e desta vez é o jovem policial Hector Tago quem veste a Caveira ao perceber que estava sendo manipulado pelo sistema.



Ghost Rider: 2099 #1 (por Ed Brisson e Damian Couceiro) traz uma nova versão de origem para o Motoqueiro Fantasma de 2099. Junto com sua gangue de motoqueiros, Kenshiro Cochrane tenta roubar um carregamento da empresa D/Monix, a empresa onde trabalhava seu pai. O roubo deu errado, todo os amigos de Kenshiro morreram e sua mente ficou 'presa' numa realidade artificial chamada Ghostworks. Pra sobreviver fora dali, ele teve que aceitar a oferta de Johnny Blaze preso nesse lugar e vincular-se a um corpo artificial que era transportado pela D/monix. De um modo distorcido, há um paralelo. Blaze se tornou o Motoqueiro Fantasma de 2019 para salvar o pai. Kenshiro virou o Motoqueiro Fantasma 2099 pra se vingar do pai.





Conan: 2099 #1 (por Gerry Duggan e Roge Antonio) é puro Fanservice. Para quem já aceitou o personagem aparecer e estar vinculado aos Selvagens Vingadores de 2019, porque não ele também pintar pelo futuro de 2099. Ele começa como um Rei Louco, boa parte por conta da manifestação de Morgana Le Fay que só ele parece ver. Mas a lucidez vem na forma de uma nova jornada dada a ele por um moribundo membro da Tropa Nova. Daí, a história segue numa jornada épica por aquele futuro distópico até Nueva York onde ele finalmente encontrará um meio de quebrar a maldição de ter a feiticeira medieval eternamente em sua mente.


Fantastic Four: 2099 #1 (por Karla Pacheco e Steven Cummings) é talvez a história mais impressionante dos Tie Ins. Os personagens principais aqui são o robozinho 'Herbie', comprometido em uma missão de reunir o Quarteto Fantástico sendo esta a última 'ordem' de sua mãe Susan e a caçadora de recompensas Venture. No decorrer da história, o confuso Herbie revela os passos que Venture deve seguir para achar não os antigos membros do Quarteto Fantástico, mas novos com poderes similares - Andie Mugh, Sian Cortez e sua filha Bela Cortez e o Garoto Invisível. Mas nem tudo é exatamente o que parece e a revelação final do propósito de Herbie ali é ao mesmo tempo chocante e sensacional. De longe, a história que mais gostei.





Venom: 2099 #1 (por Jody Houser e Francesco Mobili). Esqueça a história antiga envolvendo o filho de Tyler Stone, Alea Bell é a nova portadora do Venom 2099. Ou melhor, de parte dele. Neste futuro, o simbionte alienígena foi encarcerado pela Alchemax e dividido em centenas de fragmentos para ser parte de um inovador experimento médico. Alea é a primeira a ser estudada e mesmo tendo apenas um pedacinho do simbionte original, consegue se comunicar com ele e juntos se comprometem na missão de tornar Venom de novo um só por inteiro.



Doom: 2099 #1 (por Chip Zdarsky e Marco Castiello). Se você lembra das histórias originais do Destino 2099 daquela época, vai ver muitas similaridades com essa nova versão aqui feita por Chip Zdarsky. Desacordado e cheio de dúvidas de quem de fato é, aquele que acredita ser o verdadeiro Destino vence todas as adversidades daquele futuro distópico, sempre perturbado pelo 'fantasma' de Reed Richards até finalmente topar com aquele que se diz o Destino 2099. Mas quem é o verdadeiro Victor Von Doom entre eles dois? E quem é o outro? Sem grandes spoilers, se tiver tempo leia essa história que é muito boa.


Spider-Man: 2099 #1 (por Nick Spencer e Jose Carlos Silva) retoma mais uma vez a história de Miguel O'Hara quando nunca teve a chance de se tornar o Homem-Aranha. Muito pelo contrário, Miguel é totalmente subserviente a seu chefe Tyler Stone, prossegue com experimentos genéticos escusos com aranhas e monstros-aranhas e viciado na droga 'rapture' (traduziram pro Brasil com Êxtase, mas enfim). Mas mesmo com a Era Heróica esquecida, Miguel começa a perceber que há algo errado e temos os primeiros sinais de que ele não pode fugir de seu destino por muito tempo. Principalmente quando no final dessa edição ele encontra a versão mais velha dele mesmo, o Miguel O'Hara da outra realidade que sobreviveu.

A edição 2099 Omega #1 (por Nick Spencer e Gerardo Sandoval) diferente do que foi a Alpha, é totalmente focada no Homem-Aranha e deixa de lado todos os outros personagens que, de um jeito ou de outro, viraram novos 'heróis' de 2099. Basicamente, temos o Miguel O'Hara da realidade paralela dizendo como viajou para o passado e 'sobreviveu' mais oitenta anos até ali só para convencer aquela sua nova versão de que deveria de algum jeito se forçar a virar o herói que sempre foi destinado a ser. O Miguel da nova realidade parecia relutante a princípio, mas motivado pela morte de seu irmão Gabriel, que se passou por ele e revelou a falta de escrúpulos total da Alchemax, decidiu seguir o inexorável caminho do herói. Já Destino, que segue paralelamente a essa história, revelando tudo que arquitetou para minguar o ressurgimento dos heróis, perde a paciência com o Vigia e o mata. Destino até conseguiu retardar, mas não poderia impedir para sempre a ascensão da nova geração daqueles que iriam contra ele.




Mas o que isso significa? O futuro 2099 como conhecíamos deixou de existir e foi reescrito? Não exatamente...

Para quem continuou acompanhando as histórias da revista mensal do Homem-Aranha, sabe que Peter encontrou um jeito criativo para tentar acertar sem margem pra erros o incidente com o Destino na sede das Nações Unidas. De posse do artefato criado pelo amigo, o 'Clarividente', Peter Parker começou a testar todas as possibilidades de sair da situação da melhor maneira possível sem causar um incidente internacional que repercutiria pro futuro e mais além. Com isso, depois de várias tentativas, concluiu que falando a verdade para Destino e que explicando que ele estava sendo usado por seus inimigos para justamente causar aquele incidente, era a melhor saída. Ao menos, tinha 81% de dar certo.

E deu certo. Destino não atacou violentamente ninguém e recuou, apesar de seus Destinobôs destruírem alguns prédios e monumentos no caminho de volta pra Latvéria. Descobrimos depois que esse ataque de alguns Destinobôs foi uma última ação da Condessa Karkov que sempre soube que aquele não era o verdadeiro Destino e ainda assim hackeou alguns dos autômatos. Os planos delas não eram tão catastróficos, apenas colocar os EUA a favor da Symkaria quando ela começasse sua guerra contra a Latveria. O principal, ao menos, não aconteceu e isso garantiu que a linha temporal antiga do 2099 estava salva, certo?



Bem, isso ainda fica por saber, mas a boa notícia de que o antigo Miguel O'Hara original aparece de volta no presente e se encontra com sua antiga namorada Tempest Monroe (do volume anterior) parece sinalizar que tudo deu certo. Ao menos, se o futuro não foi consertado, ele estará aí para viver por mais 80 anos e influenciar o destino daquele Miguel de novo quando chegar a hora. Essas edições das mensais do Aranha são todas com arte de Pat Gleason e Oscar Bazaldua.

Confuso, complicado, mas ainda assim tem seus pontos altos. E a maioria do que conta a favor desse revival do 2099 está em alguns tie-ins bem pontuais, com histórias próprias fechadas mas que funcionam muito bem mesmo assim. O fraco pra mim ficou por conta da parte feita pelo Spencer. Que triste surpresa! Principalmente, o presente que deixou tudo meio enrolado e no ar. No fim, a impressão que fica é que temos então duas linhas temporais 2099 válidas, no mínimo. Ao menos, temos que considerar que a antiga vive nas memórias de Miguel O'Hara que sobreviveu e está aqui. E a nova criada terá sobrevida? Bem, é uma interrogação grande se a Marvel pretende continuar com ela ou acabará com uma outra tentativa de reapresentar esse universo de novo no futuro. A recepção dos fãs não foi lá das melhores...

Coveiro

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