terça-feira, 23 de julho de 2013

Venom: Montando sua versão de Quarteto (nada) Fantástico

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Desde que topou entrar no programa do “super-soldado-simbionte”, Flash Thompson tem se mostrado um promissor agente secreto do exército, tendo inclusive atuado brilhantemente durante os assombrosos eventos da Ilha-Aranha. Todavia, todo herói tem sua fraqueza, e com a recente morte de seu pai, Thompson voltou a fraquejar e se entregar a bebida. A pressão do simbionte também é forte e fez ele perder o controle, e matar. Prestes a perder o direito de usar o simbionte de novo, Flash tomou uma atitude desesperada, desertou do programa e fugiu país a fora. Venom agora é um foragido. Mal sabe ele que o destino o levará a uma união incomum com mais outros três heróis.

A última parada de Flash foi em Vegas. Foi lá que descobriu que parte dos planos obscuros do seu adversário Halloween consistia em capturar um outro simbionte, o Toxina, o que levou a outra briga feia com o vilão, que quase termina muito mal. Trancado num quarto, voltando a encher a cara, ele mal consegue acreditar quando um imenso gigante vermelho rompe a parede de seu quarto alugado e dá voz de prisão. Aquele é Hulk Vermelho, mas também o General Thunderbolt Ross, que detesta oficiais insubordinados desertores e foi atrás do Venom a pedido do próprio Capitão América.

A luta dos dois se estende pelas ruas e demora um pouco pra os brigões perceberem que além da destruição que por si só eles vinham causando, a cidade de Las Vegas virou um Inferno. E estou sendo literal. Para entender isso, é preciso saber o que andou acontecendo nas páginas paralelas. Coração Negro, filho mal amado de Mephisto, deu início a um plano para escapar de seu exílio na Terra. Ele decidiu trazer um pouco do próprio Inferno pra cá. Imediatamente, isso o colocou de encontro com a Nova Motoqueira Fantasma e, de quebra, a X-23.

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Para que seu feitiço desse certo, ele precisava de alguns itens. Primeiro, o sangue de um jovem que já esteve no Inferno e escapou (e esse foi o caso da X-23 nas primeiras histórias do crossover da revista do Wolverine). Depois, um pedaço da ‘carne’ do simbionte alienígena Toxina. E de quebra, algumas almas condenadas. Tudo isso ainda não seria suficiente se não conseguisse enganar a Alejandra, a nova hospedeira do Espírito de Vingança, para dar ignição a uma “roleta gigante dos infernos”. Foi assim que se abriu o portal entre dimensões que trouxe as chamas infernais para nossa realidade e teriam consumido tudo se não fosse Johnny Blaze e um amuleto místico que conseguisse segurar um pouco o avanço da Magia.

E é com esse cenário infernal na cidade provavelmente mais cheia de pecado do mundo, que quatro improváveis heróis se veem contra o filho de Mephisto e alguns demônios que lhe são submissos. Cada um tem seus objetivos próprios para estar ali. X-23 veio tomar satisfações sobre o sujeito que comprou uma amostra de seu sangue e acabou descobrindo que foi não só clonada como seu compor fundido a crias de simbiontes. Alejandra acaba conseguindo ganhar uma ajuda de Johnny Blaze, que tomou seu lugar na Roleta Infernal e terá que aproveitar o momento para se vingar do Coração Negro por tê-la enganado. Já o Hulk Vermelho e Venom vão ter que fazer uma trégua temporária para lutar contra as hordas recém-saídas do Inferno.

Para se contrapor ao grupo, Coração Negro usa um espelho místico que convoca alguns demônios que são justamente as anti-teses dos nossos heróis quebrados. Linfa é um tipo de um anjo caído mortífero. X-666 é uma garotinhas feliz, sádica e com pompons afiados. O Evangelista é o cara da palavra mortífera. Por fim, Encéfalon, um cérebro corpulento ambulante. São as Antíteses de nossos heróis. Todos eles, no fim, são capazes de mexer com a cabeça de seus adversários e pertubá-los.

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Enquanto isso, Coração Negro ordena sua amante Gaar Gula partir rumo ao tal amuleto que impede o Inferno de avançar sobre a Terra e destruí-lo. Só não contava que Damian Hellstorm e Dr. Estranho já tivessem chegado lá para proteger a barreira. E a própria Motoqueira Fantasma, logo depois de dar conta de seu nemesis, o Linfa, foi atrás da demônio para impedi-la.

Todavia, o maior inimigo de Alejandra era ela mesma. Tentada por Coração Negro de que poderia devolver a almas das pessoas do vilarejo que ela acabou deixando catatônicas no sua primeira história (em Marvel Terror 4), ela acabou fazendo o desejo do vilão e destruindo ela mesma o Amuleto que protegia nossa realidade. Os demais heróis daquele Quarteto improvável acabaram sendo igualmente tentados e derrotados. X-23, distraída com a ideia de finalmente poder descobrir que tinha ou não uma alma, foi enganada e derrotada por Coração Negro. Hulk Vermelho e Venom, após serem derrotados pelos capangas do filho de Mephisto, sonharam com vidas perfeitas sendo heróis glorificados. Tudo uma farsa, uma mentira, uma ilusão criada para enfraquece-los e, por fim, matá-los.

Mortos por forças infernais, não havia outro lugar para aquele bando ir a não ser o próprio Inferno. E esse foi o maior erro de Coração Negro. Uma vez no reino de seu pai, o próprio Mephisto decidiu fazer um acordo com os quatro. Ele deu novamente um corpo terreno a todos em troca de no futuro estes lhe deverem um favor que não poderão deixar de cumprir. E sem pestanejar, assinam o contrato. É formado o Círculo dos Quatro.

E enquanto Hellstorm e Estranho seguram magicamente o avanço dos limites do Inferno e Blaze mantem a roleta infernal girando, o novo Quarteto de heróis parte com tudo pra cima da fortaleza do Coração Negro. A briga sangrenta leva alguns minutos, tempos suficiente para libertar o Espírito de Vingança aprisionado. E é aí que vemos uma coisa que nunca imaginávamos até então. Fundindo três dos poderes dos heróis num só, surge um Hulk-Simbionte-Fantasma atacando o filho do Demônio com tudo.

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E enquanto essa criatura tripla dá conta do vilão, X-23 vai até a roleta final e conta para Blaze o plano. Ele deve inverter a rotação do artefato para que o inferno regrida de volta e, no momento exato, Laura deve detonar uma bomba para romper de vez o elo que une os dois mundos. Mas não vai ser algo tão fácil já que Garr Gula aparece mais uma vez para melar os planos dos heróis.

Então, nos encaminhando para os momentos finais, vemos o bom e velho soldado Flash Thompson surgindo para ajudar X-23 e salvar o dia (isso sem o simbionte, mostrando que ele pode sim ser um herói sem o Venom), enquanto que o Hulk turbinado usa o feitiço contra o feiticeiro e cria uma entidade capaz de derrotar o Coração Negro apenas fazendo-o olhar com o espelho místico criador de Antíteses. Blaze inverte a rotação da roleta e tudo se finda. O inferno sumiu. Las Vegas voltou a ser o que era.

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Alejandra toma de volta o seu Espírito de Vingança, mas como vimos em Marvel Terror 5, não por muito tempo. O simbionte retorna para Thompson e esse é logo cercado pelos Vingadores. Todavia, dando um voto de confiança pelo serviço do rapaz e a pedido do General Ross, Flash ganha uma segunda chance. E é provavelmente assim que ele vai parar nos Vingadores Secretos. Todavia, apesar de aparentemente normal, as coisas não estão exatamente as mesmas. E quem percebe de cara isso é Damian Hellstorm, capaz de enxergar muito bem a marca infernal nas almas de X-23, Hulk e Venom. Mas o que planos Mephisto reserva para eles?

Originalmente publicada em edições especiais do tipo “.1”, Círculo dos Quatro é uma evidente homenagem a história do novo Quarteto Fantástico publicada em Grandes Heróis Marvel 45. Cada um dos personagens casa muito bem com sua versão já bastante popular na década de 80. Todavia, apesar de não ser uma história ruim, não chega nem de perto a ter o brilho que a versão original conquistou nas mãos de Walter Simonson e Arthur Adams. Não que eu não valorize o roteiro de Rick Remender, que acho que andou mandando muito bem até o momento nos roteiros do Venom. Desta vez, ele foi auxiliado por Jeff Parker e Rob Williams e essa história acabou não saindo muito empolgante como a propaganda vendia originalmente. Fora que alguns personagens, como o Rulk e a Motoqueira não caíram tão bem no gosto popular (e meu também) para me motivar a leitura deles como foi com a versão dos anos 80. Até a X-23 acabou sendo mal trabalhada e sua aparição ali foi meio do nada.  Já a arte de Tony Moore e os demais que o acompanharam nessa história, Lee Garbett, Sana Takeda e Julian Tedesco – foi bem acertada. Todos eles vindo diretamente das revistas mensais dos demais personagens envolvidos na história.

E na próxima edição da Teia do Homem-Aranha, teremos o novo redirecionamento da vida de Flash Thompson. Agora como Vingador Secreto (como vimos já na revista do grupo) e cada vez mais trilhando o destino do herói. Mas será que seu simbionte ficará por tanto tempo assim ordeiro?

Coveiro

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