domingo, 8 de março de 2020

Academia Estranho abre as portas e tem tudo pra ser a melhor revista de 2020

Passamos a vida lendo histórias sobre Escola para Jovens Superdotados nas páginas de X-Men. Conhecemos depois A Academia de Vingadores (e suas outras versões como Academia Braddock ou as Escolas Latverianas ou Wakadanas) que ensinavam os adolescentes a serem heróis. Mas se você fosse um potencial bruxo novato, até então não havia um lugar para você. Isso mudou em 2020, quando na última quarta-feira chegou as lojas dos EUA a Academia Estranho, um título promissor feito por Skottie Young, Humberto Ramos e Edgar Delgado.



Motivos há de sobra pra uma instituição como essa existir, mas a introdução da revista na perspectiva da jovem do Kansas Emily Bright foi uma ótima sacada pra você enxergar tudo aos olhos de uma jovem e confusa protagonista. Ainda sem saber usar por completo seus poderes e prestes a quase morrer atacada pelo uso errado deles, a garota finalmente teve a carta enviada ao Doutor Estranho respondida. A ex-Bibliotecária e agora também feiticeira Zelma Stanton chega para convocar a jovem para a Academia Estranho e convencer os pais de um jeitinho muito parecido com o que já vimos Charles Xavier fazer antes.

Então, somos levado a Bourbon Street em Nova Orleans, onde um aparente casarão coberto por mato revela-se na verdade uma grande Academia comprimida no lugar graças a Magia. Sim, tem até piada interna de editorial lembrando que não se precisa explicar. Tão logo chega, descobrimos que Bright não está sozinha. Uma nova turma inteirinha, não só da Terra, mas de vários reinos e planos é parte do primeira corpo discente da Academia Estranho. E somos apresentados de forma muito competente e natural a todos, sem parecer algo forçado.



Shaylee Moonpeddle é a animada meio-Fada do Outro Mundo (Sim, lá da Avalon da Morgana Lee Fay) que será a companheira de quarto de Bright. Iric e Alvi são dois irmãos impetuosos de Asgard. Guslag é o Gigante de Gelo de Jotunheim, que é agora governado por Loki. Doyle Dormammu é quem você imagina, um filho do vilão da Dimensão Negra, mas que parece ser bonzinho. Zoe Laveau parece ser uma garota normal dali mesmo de Nova Orleans, mas tem um segredo a ser revelado no futuro. O jovem Calvin Morse é um humano comum e órfão, mas com um casaco pra lá de enfeitiçado. German é um latino Animago, ou seja, alguém capaz de virar magicamente um animal; Toth é um jovem nativo dos pântanos do Mundo Estranho; e por fim, a sinistra Dessy, diminuitivo de Desespero, uma demônia do Limbo.



Com um clima bem jovial e funcionando com uma dinâmica agradável, vamos conhecendo cada um deles aos poucos, ao mesmo tempo em que somos apresentados as diferentes áreas da escola e suas surpresas nos interiores. Além de Zelma, que é tipo uma curadora dos livros e itens mágicos da escola, conhecemos todo o corpo docente - Irmão Vodu, Loki, Hellstrom, o Ancião (que de alguma forma está lá), Nico Minoru, Feiticeira Escarlate,  Magia, Shaman da Tropa Alfa são alguns deles. Tem até um grupo de Acéfalo que são de zeladores dos dormitórios a chefes de cozinha pessoal dos garotos.

Por fim, sobrou o Doutor Estranho, aquele que dá nome a escola. Ele já se teleporta pra o lugar todo ocupado, tendo que lidar com um Throzil assim que chega. É uma oportunidade também da criançada tomar logo sua primeira lição. Depois do problema com o mostrengo ser resolvido, chega a hora do Estranho fazer seu discurso de abertura da escola com palavras de "Encorajamento e Inspiração". 'Se divirtam e acima de tudo tentem não morrer' brinca o Doutor antes da primeira edição se encerrar.


Se você leu isso como eu, logo de cara deve ter percebido que estava com um material dos bons em mãos. Com jeito de ser um dos melhores lançamentos de 2020, a Academia Estranho mistura tudo de legal dos últimos tempos - A ótima fase de Jason Aaron lidando com a magia do Mago Supremo da Marvel e o espírito jovial millenium que deu certo em Campeões, com uns retoques inusitados de Wolverine e os X-Men também do Aaron. Geralmente Skottie Young nunca se destacou muito como roteirista, mas aqui parece ter encontrado seu triunfo. Os desenhos de Humberto Ramos estão na sua zona de conforto, um título de jovens que permite o traço estilizado, e segue na mesma linha que fez dos Campeões pra cá. Se continuar com essa pique, tende a ser uma revista que veio pra ficar.

Coveiro

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