Estamos aqui de volta pra dar sequência a mais uma parte das nossas comemorações dos 80 anos de produções Marvel no Brasil. Seguindo com o quarto capítulo da série em oito partes dos 80 principais momentos dos nossos heróis, vamos falar do momento da chegada da editora Bloch e RGE, além de as primeiras edições Marvel pela abril. Confira:
28- O início da fase Bloch no Brasil em fevereiro de 1975.
Um novo começo da Marvel pela Bloch, que assumiu a editora de “papel passado”. Pela primeira vez, desde 1940, uma editora assinaria um contrato de exclusividade no Brasil. O marketing foi excelente, porém a qualidade das revistas nem tanto. Cores exageradas, gírias cariocas e um começo um tanto “mambembe”, marcaram a passagem da Marvel pela Bloch. Infelizmente a Bloch é considerada como umas das piores editoras com a Marvel no Brasil. Uma pena.
29- O encontro do Século em 1976 pela Ebal.
Mesmo após perder a Marvel para a Bloch, a Ebal ainda teria o gostinho de publicar a primeira história produzida pela Marvel e a DC Comics com os seus personagens. A edição Superman contra o Homem-Aranha, publicada no Brasil em um formato gigante, causou reboliço entre os leitores. Sem dúvida, uma das publicações mais bonitas já feitas no Brasil.
30-As cores exageradas da Bloch marcaram uma geração de leitores. Homem-Aranha nº 2 de março de 1975.
Exemplo de umas das cores feitas pela Bloch, onde a editora não seguia e não respeitava as cores originais. O que mais pode ser dito do Dr. Destino amarelo e de capa cor de rosa?
31-Novos títulos pela Bloch. Os Defensores de Maio de 1976.
Um ponto positivo da Bloch foi com os títulos inéditos. Entre eles a revista dos Defensores, um dos grupos de sucesso daquele período da Marvel dos anos 1970.
32- A era das histórias de terror de 1976.
Mesmo com a qualidade sofrível com os heróis, a Bloch faria ainda uma nova aposta: investiria nas histórias de terror. A Editora RGE iniciou em setembro de 1976 umas das maiores publicações do gênero já publicadas no Brasil. Era a revista Kripta, com o material da editora americana Warren Publishing. Considerada a melhor revista de terror e fantasia já publicada no Brasil, a publicação fez muito sucesso entre os leitores e para aproveitar a nova onda, a Editora Bloch acabou publicando em 1976, alguns materiais da Marvel e da fase Atlas com esse tema. Aqui a capa de Frankenstein nº 01.
33-Punhos de Aço e a censura. Maio de 1977.
A Bloch ficou mais conhecida á frente da Marvel pelas mudanças nas cores dos personagens. Mas no caso da revista Punhos de Aço, a mudança na cor do uniforme, e a razão para a tradução do nome em Punhos de Aço, ao invés de Punho de Ferro, foram por puro receio ao período em que vivíamos naquele momento. A Bloch, como todo o país, estava vivendo em pleno regime da ditadura militar, no período do governo do presidente Ernesto Geisel. E a empresa ficou com medo de publicar um personagem verde-amarelo com o nome de Punho de Ferro. Um personagem com esse nome, com as cores da bandeira, podia não pegar bem, naquele momento. Alguém poderia acreditar que o personagem poderia ser um “brasileiro contra o sistema”. E, com certa razão, alteraram as cores do uniforme e o chamaram de Punhos de Aço. A Bloch achou melhor alterar as cores e não traduzir literalmente o nome do personagem. Principalmente pelo fato do presidente anterior a Ernesto Geisel, Emílio Garrastazu Médici ter a fama de governar o país com “mãos de ferro”. Assim, a Bloch evitaria qualquer tipo de problema que poderia surgir.
34-Novas revistas e uma não tão nova editora. Homem-Aranha da RGE fevereiro de 1979.
Logo o contrato da Bloch foi cancelado, e a RGE a partir de 1979 dava continuidade ao Universo Marvel, ou parte dele. Um dos grandes problemas cometidos pela RGE, assim como a Ebal, em não unificar todos os personagens. Com isso, a editora logo teria um concorrente de peso, que vinha “comendo pelas beiradas”.
35-Uma das primeiras revistas mixes no Brasil, Super-Herói Marvel da RGE de junho de 1979.
Super Heróis Marvel entra na lista por ser ao lado do Almanaque Marvel, uma das primeiras a ter um mix no miolo. Fato que se tornaria comum nos próximos anos de publicação com a Marvel no Brasil.
36- Almanaque Marvel nº 4 da RGE e o retorno dos X-Men ao Brasil de outubro de 1979.
O retorno dos X-Men com a fase Chris Claremont e Dave Cockrum, abrindo as portas para o estrelato. Detalhe que Wolverine estreia no Brasil nessa história dos mutantes. Sua primeira aparição nos quadrinhos (em “Incredible Hulk nº 180”) seria publicada somente um ano depois em Hulk nº 22 da RGE.
37- Heróis da TV da Editora Abril. Mais um novo início da Marvel no Brasil de julho de 1979.
A Abril chega fazendo frente a RGE com os personagens de “segunda linha”. Thor, Homem de Ferro, Mestre do Kung Fu, Surfista Prateado, Punho de Ferro, Drácula e o Capitão América que também ganhava uma nova revista mensal. Com a expertise de Hélcio de Carvalho e Jotapê Martins a Abril cravaria a Marvel no Brasil em definitivo.
38-Os almanaques do Homem-Aranha e Hulk da RGE de março de 1980.
Um dos grandes méritos da RGE foram com os almanaques com grandes histórias e grande fase dos personagens Marvel. Além do Aranha, a RGE publicou o Almanaque do Hulk, Almanaque Marvel e o Almanaque Premiere Marvel.
39- O segundo encontro entre Marvel e DC, publicado pela Ebal em 1980.
O segundo encontro da Marvel e DC entre o Hulk e o Batman pela Ebal com os magníficos desenhos de Jose Luís Garcia-Lopes.
Fechamos nossa quarta parte aqui desse especial dos 80 Maiores Momentos da Marvel nesses 80 anos do Brasil e voltamos logo mais essa semana com finalmente a explosão de revistas pela editora Abril. Aguardem!
Alexandre Morgado
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Alexandre Morgado é cartorário do 15° Tabelionato de São Paulo. É também autor do livro "Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias do Brasil", livro que narra a história da Marvel em nosso país, publicado em 2017 pela Editora Laços. O autor possui um acervo gigante de HQs, principalmente com material da Marvel Comics.
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Nota de agradecimento ao site Guia dos Quadrinhos por ajudar na pesquisa e dispor de imagens de capas para ilustrar esse artigo.
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Pra quem perdeu, não deixe de ver a Parte 1, Parte 2 e Parte 3 dessas matérias!
