segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Grande Histórias da Marvel no Brasil: Kang pelos gibis brasileiros

Depois de Thanos, os holofotes do UCM estão mirados em “Kang, o Conquistador”. Kang, um dos vilões dos Vingadores é talvez o personagem mais complexo em termos de cronologia da história da Marvel. E com a chegada da era do Multiverso nos cinemas, Kang chega na hora certa no UCM.


Kang, criado por Stan Lee e Jack Kirby teve sua estreia em “The Avengers” n° 8 de 1964. Na história, Kang (que se chama Nathaniel Richards, que pode ser um descendente de Reed Richards e talvez até de Victor Von Doom, o Dr. Destino), é um aventureiro do século XXX de outra realidade (universo 6311) do Universo Marvel tradicional (conhecido como universo 616). Nesse período do século XXX, seu planeta encontrou a paz e a prosperidade. O jovem que viria a ser tornar Kang ficou encantado com as histórias antigas, desde o tempo da criação, passando pelos principais períodos da humanidade. Como seu período era avançado tecnologicamente, o jovem Nathaniel acabou descobrindo uma máquina no tempo, passando a explorar a antiguidade e outras realidades. 

O jovem aventureiro acabou indo para o Egito, no período fértil dos faraós. Chegando ao Egito, munido de armas altamente tecnológicas, o jovem acabou escravizando toda a população daquele país. Adotando o nome de faraó “Rama-tut”, Richards inicia seu tempo de reinado. Após quatro anos no Egito, Rama-tut resolveu visitar o século XX e nessa viagem, sua nave acaba tendo um problema cronal saindo de seu fluxo. E é nesse momento em que Rama-tut se encontra com o Dr. Destino. Em uma das histórias antigas do Quarteto Fantástico, a primeira família Marvel viaja pelo tempo até o Egito e acaba conhecendo Rama-tut. É nesse encontro que o faraó acaba tendo o conhecimento sobre o Dr. Destino, um dos grandes inimigos do Quarteto. Inspirado pelo intelecto e conhecimento do Dr. Destino, Rama-tut retorna ao século XXX e constrói uma armadura antes de tentar colonizar o século XX.


  

Ao chegar nesse período, ele deixa de ser o faraó Rama-tut e passa a se chamar “Kang, o Conquistador. Seu plano era de subjugar o século XX e assim, se tornar o conquistador de todas as eras. Porém seus planos acabaram não se concretizando por intermédio dos Vingadores, que acabou impedindo suas ações naquele momento. Prosseguindo sua jornada no tempo, Kang muda suas ideias de conquista e acaba retornando ao Egito. Reassumindo o nome de Rama-tut, decide se tornar um governante benevolente. Depois de muitos e muitos anos, indo até o limiar do tempo, Rama-tut acaba assumindo o nome de “Immortus”, onde passa a meditar sobre a natureza do tempo multiversal e de suas versões paradoxais. 

Outra variante é a sua versão jovem, antes de assumir seu reinado no Egito. O jovem Nathaniel Richards acaba saindo de seu tempo e acaba conhecendo sua versão adulta como Kang. Horrorizado com sua versão mais velha, decide alterar sua realidade para que seu futuro negro não se concretizasse. E assim, acaba se tornando o “Rapaz de Ferro”, um dos membros dos Jovens Vingadores. Ou seja, Rama-tut, Kang, Immortus e Rapaz de Ferro são a mesma pessoa, divididos entre os séculos. 



No Brasil a história de estreia de Kang foi publicada pela primeira vez pela Bloch em “Os Vingadores” n° 04 em 1976. Porém, sua primeira aparição foi pela Ebal na edição de “A Maior” n° 4 de 1970 na história do Thor, onde foi apresentado o “Homem Crescente”, que pela Ebal ganhou um nome sugestivo de “Homem que Cresce” (Thor nº 140 de 1967). Essa história foi republicada em 1975 pela Bloch em Thor n° 7. Depois de sua estreia, dentro das suas histórias mais significativas no Brasil, podemos apontar a “Saga da Madona Celestial”. 


Aqui houve um problema para a Editora Abril, editora que publicava o Universo Marvel na época. Na edição de “O Incrível Hulk” n° 25 de 1985, foi publicado a história da edição original de “The Avengers n° 128”. Ao final da história, Kang ressurge. A sequência na edição n° 129 estava programada para sair em “Heróis da TV” n° 74. Porém, isso não aconteceu. A Abril acabou tendo problemas no envio das edições originais pela própria Marvel. A solução foi narrar os acontecimentos em uma nota na sessão de cartas. A história permanece inédita até hoje por aqui.  A sequência da Saga da Madona Celestial é apresentado Kang em busca da mulher que estava destinada a dar à luz a um ser mais poderoso, em que pretendia ser o pai. 

Essa saga publicada como texto em Heróis da TV n° 74 e nas edições n° 75,76,77 e com desfecho em “Grandes Heróis Marvel n° 10”, foi a primeira grande saga em conjunto entre Kang e suas variações. Até hoje essas histórias não foram republicadas no Brasil. Em 2007, a Panini publicou na coleção “Os Maiores Clássicos dos Vingadores n° 03”, um compilado das grandes histórias de Kang. Essa edição é daquelas para entender um pouco mais do personagem. 



Como Rama-tut, a estreia foi em “Quarteto Fantástico n° 7 pela Ebal em 1970. Essa história foi republicada recentemente pela Panini na “Coleção Clássica Marvel n° 28”, cortesia de Stan Lee e Jack Kirby. Immortus teve sua estreia foi pela Bloch, na edição de “Os Vingadores” n° 05, de 1976. Como Immortus, o personagem dava as caras eventualmente. As vezes auxiliando os Vingadores em outras, tramando planos em seu próprio benefício. Uma história importante do duelo entre Kang e Immortus foi na saga “Vingadores Eternamente”, publicado pela Abril no formato Premium e mais recentemente pela Salvat, dentro da “Coleção Oficial de Graphics Novels Marvel”, nas edições n° 14 e 15 em 2015.



Apresentando o legado dos Vingadores em um futuro que está em disputa entre as duas versões de Nathaniel. Já a sua versão mais benevolente como Rapaz de Ferro, apareceu na revista mensal “Os Novos Vingadores” n° 27 de 2006, ao lado dos Jovens Vingadores. No UCM, o personagem apareceu no último episódio da série “Loki”. Ali, ele diz que é “Aquele que permanece”. Mesmo não afirmando, essa versão pode ser Immortus, já que nas HQs, Immortus vive no limite do tempo, no limiar do futuro, da mesma forma como o personagem apresentado na série da Disney +. Com a chegada da “Saga do Multiverso”, em breve iremos conhecer um pouco mais do vilão mais complexo da Marvel. 


Para conhecer mais, pela Panini:

Os Maiores Clássicos do Vingadores n° 03.

Coleção Clássica Marvel n° 15, 27 e 28.

Vingadores: Desafio Celestial.

Vingadores: A Busca pelo Visão e Mais Sombria do que Escarlate.

Pela Salvat:

Coleção Oficial de Graphics Novels Marvel n° 14, 15 e 66.

Os Heróis Mais Poderosos da Marvel n° 79.


Nota de agradecimento ao site Guia dos Quadrinhos por ajudar na pesquisa e dispor de imagens de capas para ilustrar esse artigo.

Alexandre Morgado

Alexandre Morgado é cartorário do 15° Tabelionato de São Paulo. É também autor do livro Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias do Brasil, livro que narra a história da Marvel em nosso país, relançado em 2021. O autor possui um acervo gigante de HQs, principalmente com material da Marvel Comics.


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